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Análise: Apesar de goleadas, Flamengo ainda tem dilema a ser resolvido

Renato Gaúcho - Flamengo x Santos
Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

Nos últimos dois jogos que disputou, o Flamengo marcou incríveis oito gols e não sofreu nenhum. Agora, Renato terá duas semanas para descansar a equipe e ajustar alguns pontos que ainda geram desconfiança, apesar de serem poucos. As duas goleadas empolgaram, mas também expuseram, principalmente contra o Grêmio, algumas questões a serem melhoradas.

Na partida diante do Tricolor Gaúcho, o Rubro-Negro, por incrível que pareça, só começou a jogar bem a partir da expulsão de Isla. Quando as duas equipes ainda tinham 11 jogadores em campo, o Grêmio era superior e teve as melhores chances de abrir o placar. Mas o que levou o Flamengo a jogar melhor com um jogador a menos?

O Rubro-Negro tem, desde 2019, essa mentalidade de atacar desde o primeiro minuto. Linha defensiva alta, com muita pressão no campo adversário, na tentativa de criar caos no sistema defensivo adversário e provocar erros que levem à perda da posse de bola. Porém, em 2019, um dos setores da equipe era 75% diferente do que entrou em campo contra Grêmio e Santos.

Rodrigo Caio formava dupla de zaga com o espanhol Pablo Marí e Rafinha ocupava a lateral direita. Contra o Grêmio, Bruno Viana e Gustavo Henrique eram os zagueiros, enquanto que o chileno Isla fazia a função na direita. A semelhança é na lateral esquerda, ocupada por Fillipe Luis.

Esse sistema ofensivo, de linhas altas e que pressiona o adversário no seu campo funciona muito bem quando as peças que compõem o elenco se adaptam para cumprir cada função. Desde a temporada passada, já ficou claro que Gustavo Henrique e Léo Pereira, que foram contratados após a saída de Pablo Marí, não se adaptaram bem a este estilo de jogo no qual a linha defensiva é muito alta, chegando até o meio de campo quando a equipe não tem a bola. O mesmo pode ser dito de Isla, que frequentemente sofre com bola, se sentindo obrigado a fazer faltas. Bruno Viana, que chegou nesta temporada, também sente dificuldades nesse sistema de jogo.

Após fazer duas faltas praticamente iguais, nas quais era superado pelo atacante do Grêmio na velocidade, Isla recebeu o vermelho e deixou o Flamengo com um a menos. Por conta das circustâncias, Renato foi obrigado a abaixar as linhas defensivas, o que favoreceu o estilo de jogo de Gustavo Henrique e Bruno Viana, que são zagueiros lentos e que se saem bem quando não há espaço para os atacantes adversários se movimentarem.

O Grêmio, sem muita criatividade, levantava a bola na área do Flamengo e facilitava o trabalho da dupla de zaga rubro-negra, que saiu aplaudida de campo. Jogando no contra-ataque e tendo espaço justamente para atacar, a equipe de Renato Gaúcho se favoreceu da qualidade técnica que o meio campo e ataque têm, ainda mais com a liberdade que os contra-ataques proporcionaram. O resultado foi um massacre no segundo tempo.

Contra o Santos, o Flamengo não ficou com um jogador a menos. Porém, no primeiro tempo teve dificuldade para superar a barreira defensiva montada por Fernando Diniz. Quando finalmente abriu o placar, viu o Peixe obrigado a sair mais para o jogo e então encontrou os mesmos espaços oferecidos pelo Grêmio, resultando em mais uma goleada.

O Flamengo de 2021 faz mais gols do que o de 2019. Porém, não há dúvidas acerca de qual equipe tem maior solidez defensiva. Os zagueiros contratados para suprir as perdas daquele ano até agora não se adaptaram ao estilo de jogo ofensivo e de marcação alta que o DNA rubro-negro implementou. Desde a chegada de Renato, no entanto, é possível ver uma melhora considerável. Ainda está longe do ideal, o que faz esse período de duas semanas sem jogos ser ainda mais crucial.

Portanto, ao analisarmos as partidas recentes do Flamengo, vejo Renato com algumas opções: recuar um pouco a linha defensiva da equipe, deixando-a com mais profundidade que favoreça o estilo de jogo dos zagueiros que têm em mãos, ou mesclar a dupla de zaga que coloca em campo, com jogadores que se completem com características diferentes, deixando o Rubro-Negro mais sólido defensivamente. 

Outra abordagem é adaptar a tática da equipe de acordo com o adversário: quando enfrentar equipes fortes ofensivamente, como Galo e Palmeiras, talvez seja mais oportuno não fazer uma marcação tão alta, pois é inegável que os atacantes levarão vantagem sobre os zagueiros rubro-negros se tiverem espaços para se movimentarem.

São essas as dores de cabeça que Renato tem para resolver. O Flamengo volta a campo no domingo, dia 12/09, para enfrentar o Palmeiras, fora de casa, pela 19ª rodada do Campeonato Brasileiro.

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