Análise: Volta de Jô, um problema financeiro e uma solução no futebol?

Foto: Agência Corinthians

Anunciado na manhã desta quarta-feira (17), Jô está de volta ao Corinthians para sua terceira passagem no clube. Nenhum atacante conseguiu se firmar depois de sua saída, em 2018. Jô volta, agora com 33 anos, especula-se para ganhar cerca de R$ 700 mil mensais e com contrato até 31 de dezembro de 2023. Vale a pena?

Em um momento de grave crise financeira do Corinthians, com o agravamento da situação do país e com a indefinição da volta do futebol frente a pandemia, a contratação de Jô gera dúvidas entre a torcida corinthiana.

Em resposta ao anúncio de Jô nas redes sociais, muitos torcedores reagiram questionando as recentes dezenas de dívidas do Corinthians, que foram divulgadas pela imprensa.

Em entrevista à Rádio Transamérica, Duílio Monteiro Alves, Diretor de Futebol do Corinthians, afirmou que Jô deve ganhar o teto de salário estipulado pelo clube, cerca de R$ 500 mil mensais.

“Estamos falando de um único contrato. E estamos falando de valores que não vão ultrapassar o teto salarial do clube, isso vale para qualquer atleta. Para que os números fiquem bons e não ultrapassem a folha salarial de antes da saída do Love”

Com contrato até 31 de dezembro de 2023, o salário de Jô deve ultrapassar o teto do clube devido a luvas diluídas, o que somaria quase R$ 700 mil mensais aos cofres do clube.

Se fora de campo o atacante pode se tornar um problema, em campo o atacante pode ser útil para o treinador Tiago Nunes.

Depois da saída de Jô, em 2018, nenhum jogador conquistou a titularidade de centroavante. E não faltaram opções. De lá pra cá, foram seis alternativas: Roger, Jonathas, Matheus Matias, Gustavo, Love e Boselli. Nenhum jogador conquistou a posição em definitivo.

Eliminado na pré-libertadores pelo Guaraní (PAR), o Corinthians sofre com a falta de gols em 2020. Com apenas 16 gols em 13 jogos, o Timão também corria grandes riscos de ficar de fora da segunda fase do Campeonato Paulista.

Apesar de uma boa temporada de Mauro Boselli, com o argentino fazendo seis gols até então, a irregularidade do centroavante era grande.

A deficiência em traduzir jogadas em gols, não é necessariamente um problema de ataque no Corinthians. O time sofre com poucas opções no meio campo, principalmente com a criação de um volume de jogadas perigosas. Porém, uma característica de Jô pode ser essencial nesse quesito.

Em 2017, Jô foi uma peça crucial, principalmente pelo domínio de bolas e a disputa com zagueiros no meio de campo. O atacante tinha um papel decisivo no início das criações das jogadas.

Ao segurar a bola no meio e esperar a passagem dos meio campistas, Jô permitia o time ter tranquilidade e visão de jogo para criação de jogadas. Essa característica difere Jô de Boselli, que é um atacante muito mais técnico e com presença na pequena área.

Se usado desta forma, Jô pode criar uma alternativa a Tiago Nunes que pode, além disso, utilizar Jô ao lado de Boselli, como vinha fazendo com Vagner Love, no início do ano.

Com a autorização dos treinos para apenas 1º de julho, Jô deve sofrer com a falta de ritmo de jogo. A última partida do atacante foi há seis meses, em dezembro de 2019.

O atacante disputou duas temporadas pelo Nagoya Grampus (JAP). A passagem de Jô no clube foi regular, sendo artilheiro do Campeonato Japonês em 2018.

  • 2018: 37 partidas ( 31 como titular) e 24 gols marcados.
  • 2019: 37 partidas (32 como titular) e 8 gols marcados.

Em 2020, o atacante perdeu a pré-temporada por causa de uma lesão no joelho e não conseguiu entrar em campo a tempo, antes da paralisação das atividades esportivas frente a pandemia.

Se valerá a pena pagar esse alto valor para Jô, só os próximos meses poderão dizer.

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