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Atlético-MG x Flamengo: cinco momentos históricos de um dos maiores clássicos interestaduais do Brasil

Atlético Flamengo
Nunes comemorando o terceiro gol na final do Campeonato Brasileiro de 1980 e Diego Tardelli na festa após o 4 a 1 na semifinal da Copa do Brasil Fotos: Reprodução/Flamengo e Bruno Cantini

Atlético-MG e Flamengo se enfrentam neste domingo (20), em mais uma decisão na história deste que é, para muitos, o maior clássico interestadual do país. Agora, em um confronto inédito, na Arena Pantanal, em Cuiabá, às 16h, os dois times se encontram frente a frente pela disputa do título da Supercopa do Brasil.

Com isso, o Esporte News Mundo voltou no tempo para listar cinco momentos do confronto, em diversas competições e situações diferentes, para mostrar a riqueza da rivalidade entre Atlético e Flamengo.

Na lista, estão contidos desde final de Campeonato Brasileiro, jogo pela Libertadores, jogo importante no Brasileirão, decisão de Copa do Brasil e jogos recentes, que também decidiram títulos. Entre os personagens listados ao longo das partidas citadas, há nomes marcados na história do futebol como Zico, Reinaldo e Adriano, o Imperador. Confira alguns dos momentos marcados na história do confronto entre Atlético e Flamengo:

+ Supercopa: Atlético-MG e Flamengo se enfrentam com campanhas iguais na temporada

1. “A MAIOR FINAL DE TODAS”

Atlético e Flamengo protagonizaram uma das maiores decisões de Campeonatos Brasileiros de todos os tempos. Entre diversos encontros históricos proporcionados por essas duas equipes centenárias, talvez o principal confronto tenha acontecido quando os maiores jogadores de cada história vestiam a camisa de cada clube.

A final do Campeonato Brasileiro de 1980 é considerada a maior de todas, sendo intitulada desta maneira pelo site do Flamengo quando reconstruiu confrontos históricos contra o Atlético. Era o duelo de Zico contra Reinaldo, dois dos principais jogadores de todos os tempos no futebol nacional e que marcaram gerações. Os dois são considerados os maiores na história de seus clubes – Zico pelo Flamengo e Reinaldo pelo Atlético.

Os dois melhores times do país se encontraram para decidir o campeonato. No primeiro jogo, 1 a 0 para o Galo e no segundo o Flamengo venceu por 3 a 2 e confirmou o seu primeiro título brasileiro na história. O autor do terceiro e gol do título foi de Nunes, o centroavante, camisa 9 do rubro-negro carioca.

2. O JOGO QUE NUNCA ACABOU

Dentre todos os confrontos já realizados entre Atlético-MG e Flamengo, provavelmente, se perguntar para os torcedores dos dois clubes, este será escolhido como o jogo mais polêmico de todos. Após se enfrentarem em 1980 e o rubro-negro sair com o título brasileiro, os dois times voltaram a se encontrar, agora pela Libertadores da América.

Os times terminaram com campanhas idênticas no grupo 3 da competição e, pela regra da época, caso acontecesse isso, deveria haver um jogo extra para a definição de quem seria o líder e, por consequente, passasse de fase. Na etapa seguinte, haveria um triangular com os primeiros colocados dos outros grupos para se enfrentarem e definir o título.

Em mando neutro, no Serra Dourada, a partida foi iniciada e já tinha um tom de polêmica pela escolha do árbitro Jose Roberto Wright, por ser carioca. O jogo, que marcava a decisão entre os dois melhores times da competição, foi decidido antes mesmo do apito final.

Com 33 minutos do primeiro tempo, Reinaldo deu uma tesoura por trás em Zico e acabou expulso direto. A decisão do árbitro inflamou os jogadores do Galo, que havia perdido o seu principal jogador logo no início da partida.

Poucos minutos depois, após sofrer uma falta, Éder levanta e se estranha com o juiz da partida. Posteriormente, ele corre em direção a bola e tromba com o árbitro, que o expulsa após a ação.

As duas ações do árbitro do jogo revoltou a diretoria alvinegro que invadiu o gramado. Em meio a tamanha confusão, entrada da polícia dentro de campo, troca de empurrões e brigas, Wright expulsou Chicão, após o jogador ter dito que o árbitro havia “recebido do Flamengo”. Enquanto todos os jogadores do Atlético deixavam o gramado, Palinha também recebeu o vermelho.

Com isso, o Atlético estava apenas com sete jogadores disponíveis. O jogo ficou paralisado, mas temendo uma punição, o Galo voltou a campo para retornar a partida. No entanto, a situação não demorou muito tempo para voltar a confusão.

João Leite caiu no gramado, alegando ter sido agredido. Em meio ao atendimento, aconteceu outra confusão e Wright expulsou o último jogador do Atlético: Osmar Guarnelli. Com isso, o clube mineiro ficou impossibilitado de continuar em campo e a partida foi definida no WO a favor do Flamengo. O rubro-negro carioca avançou de fase e conquistou a Libertadores e o Mundial daquele ano.

3. CAMPEONATO BRASILEIRO DE 2009

A histórica rivalidade dos clubes também possui um importante capítulo em 2009. Já na reta final do Campeonato Brasileiro, na 34ª rodada, Atlético e Flamengo se enfrentaram no Mineirão visando a liderança, que até então pertencia ao Palmeiras. O rubro-negro estava na quarta posição com 54 pontos, enquanto o Galo se encontrava em terceiro com 56, apenas dois atrás do time paulista. Além da briga pelo título, o duelo reuniu os dois artilheiros da competição naquele momento: Diego Tardelli, com 18 gols, e Adriano, com 17.

Lance do gol olímpico de Petkovic no Mineirão Foto: Jorge Gontijo/Estado de Minas DA Press

Dentro de campo, com o Mineirão lotado, o clube da Gávea levou a melhor. Com direito a gol olímpico de Petkovic, o Flamengo venceu o Atlético por 3 a 1 e ultrapassou a equipe mineira na tabela de classificação. No duelo de goleadores, o Imperador levou a melhor diante de Tardelli. O camisa 10 rubro-negro, aos 36 minutos do segundo tempo, marcou de cabeça e garantiu a vitória do clube carioca e o empate na artilharia, que terminou com os atacantes igualados com 19 gols.

O Brasileirão foi decidido apenas na última rodada, quando o Flamengo bateu o Grêmio de virada por 2 a 1, no Maracanã, e conquistou o hexacampeonato. O Galo, por sua vez, acabou perdendo força nos confrontos finais e terminou na sétima colocação com os mesmos 56 pontos.

4. “CLASSIFICADAÇO”

Depois de muito tempo, Flamengo e Atlético voltaram a se encontrar em uma decisão novamente. Desta vez, foi marcante para o lado alvinegro mineiro, que conseguiu deixar o rubro-negro carioca para trás rumo ao seu primeiro título de Copa do Brasil.

O duelo começou no Maracanã, quando o Flamengo, atual campeão da competição nacional, venceu o primeiro jogo por 2 a 0, encaminhando a classificação. No jogo da volta, no Mineirão, o Atlético, que era o atual campeão da Libertadores, sofreu o primeiro gol aos 34 minutos, após bela jogada individual de Everton. Com o resultado parcial, o Atlético teria que fazer quatro gols – algo que aconteceu na fase anterior contra o Corinthians –, para se classificar.

No entanto, embalado pela sua torcida que lotou o Mineirão, o Atlético conseguiu os quatro gols, três no segundo tempo, e garantiu a classificação para a final da competição. Na decisão, o Galo enfrentaria o maior rival, Cruzeiro, e conquistaria a Copa do Brasil.

O fato mais curioso da partida aconteceu fora dele, em uma das transmissões de rádio da partida. O narrador Luiz Penido, à época da Rádio Globo, após o gol de Everton, que colocaria o 3 a 0 no agregado, decretou a classificação do Flamengo e debochou do grito de “Eu acredito” da torcida do Atlético após o tento rubro-negro.

– É finalista! É Flamengaço, é classificadaço. A galera do Galo começa a cantar ‘eu acredito’, e eu afirmo daqui: eu duvido! O Mengão vai para a final, galera! Agora, só se o Atlético fizer quatro! É ruim, hein? Não vai fazer, mesmo!

Após a classificação, a narração de Penido ficou famosa e viralizou nas redes sociais. Desde então, o trecho é citado em diversas vezes durante discussões entre flamenguistas e atleticanos e a transmissão virou um fato histórico do confronto.

5. TEMPORADA DE 2021

Já em 2021, o roteiro foi diferente: a disputa entre os clubes perpetuou por quase todo o campeonato. O Atlético, comandado por Cuca, manteve boa vantagem na liderança e não deu chances para o Flamengo tentar encostar. Após a disputa das 38 rodadas, o Galo chegou aos 84 pontos e conquistou o Campeonato Brasileiro pela segunda vez na história, enquanto o Flamengo permaneceu na vice-liderança com apenas 71.

O Flamengo até chegou a ganhar o confronto direto do segundo turno, no Maracanã, por 1 a 0, mas mesmo assim não foi capaz de tirar a glória do time mineiro. O Atlético não dava indícios de que tropeçaria. Por outro lado, a equipe de Renato Gaúcho sofria com as consecutivas lesões e desfalques, além do futebol apresentado não ser compatível com a força do elenco carioca.

Além do título, a equipe mineira derrubou um técnico rubro-negro pela segunda vez seguida após dois duelos no Mineirão. Em 2020, edição que o Fla também se sagrou campeão, o Atlético venceu o time de Domenec Torrent no turno e no returno. No jogo disputado na Pampulha, o Galo goleou por 4 a 0 e contribuiu para a demissão do treinador espanhol. Na última temporada, o script foi parecido. Jogando em casa, o clube mineiro derrotou o carioca por 2 a 1 e derrubou Rogério Ceni, que havia ganhado o título na edição anterior.

Rogério Ceni em seu último jogo comandando o Flamengo contra o Atlético Foto: Alexandre Vidal / Flamengo

A superioridade do Atlético em relação ao Flamengo ficou ainda mais nítida quando o Galo venceu a Copa do Brasil, sem dificuldades, em cima do Athletico, que eliminou o rubro-negro carioca na semifinal. No fim das contas, o Alvinegro conquistou dois títulos de expressão, enquanto o clube da Gávea foi vice do Brasileirão e da Copa Libertadores.

DECISÃO DE DOMINGO

A própria decisão da Supercopa do Brasil, no próximo domingo, também apimentou ainda mais a rivalidade entre Atlético e Flamengo. A escolha da sede da decisão e até o hotel reservado pelos clubes em Cuiabá foram motivos de polêmica.

Com a impossibilidade de realizar a partida em Brasília com público, a CBF teve que escolher outra cidade. A Confederação queria Fortaleza, enquanto Atlético fez coro por São Paulo e até mesmo Belo Horizonte, por se sentir prejudicado em relação a torcida rubro-negra na capital cearense.

Enquanto a cidade não era definida, dirigentes dos dois times trocaram farpas. Em coletiva, o vice-presidente de futebol do Flamengo, Marcos Braz, disse que o Flamengo teria maioria no estádio em qualquer cidade do Brasil. Com a definição sobre Cuiabá, as polêmicas continuaram.

O presidente do Atlético, Sérgio Coelho, afirmou que o Flamengo teve informações privilegiadas da CBF e reservou o melhor hotel e o melhor CT de Cuiabá. Depois, Coelho e o VP geral do Flamengo, Rodrigo Dunshee, trocaram “gentilezas” por entrevistas e redes sociais.

O dia da viagem para a capital do Mato Grosso também gerou discussão, com o Atlético querendo ir pra Cuiabá apenas no sábado, enquanto o regulamento da Supercopa dizia que os clubes deveriam estar na cidade três dias antes do jogo. O Flamengo questionou a falta de isonomia e a CBF autorizou as duas delegações a chegarem apenas na véspera.

Distante das polêmicas dos bastidores e da diretoria, a decisão coloca frente a frente duas das principais equipes do futebol sul-americano. Em campo, o Galo que conquistou três títulos em 2021 e que conseguiu manter toda a base da temporada mais vencedora de sua história, contra o Flamengo que venceu 10 títulos nos últimos três anos.

Para 2022, a Supercopa pode representar apenas o primeiro capítulo de uma disputa no topo das principais competições no Brasil e no continente. Além das duas equipes, o Palmeiras também surge como um dos principais times para bater de frente em todas as competições e colocar uma hegemonia dos três clubes frente ao futebol brasileiro nos últimos anos.

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