Depois de uma temporada desastrosa, a primeira sem vitórias desde 2016, a Ferrari quer dias melhores. Além de trazer Carlos Sainz e tentar resolver os problemas no motor, a equipe de Maranello aposta na liderança de Charles Leclerc – algo que Michael Schumacher fez nos anos 2000.
A comparação é de Mattia Binotto, chefe da equipe, ao podcast oficial da F1, Beyond the Grid. Na entrevista, o italiano traçou paralelos entre o monegasco e o heptacampeão alemão em termos de personalidade.
— Acho que Charles é um piloto talentoso; rápido, capaz de fazer ultrapassagens, fantástico protegendo a posição. Vencer é um objetivo claro e isso o incentiva em todas as suas ações, porque ele sempre tenta vencer. Ele não está lá para participar, mas para ganhar. O segundo lugar não é bom o suficiente para ele, assim como não era para Michael — explica Binotto.
Com a saída de Sebastian Vettel para a Aston Martin, Charles Leclerc foi alçado ao posto de primeiro piloto, o que vai exigir mais do jovem de 23 anos. “Charles é mais novo do que Michael era quando chegou [na equipe]. Ele precisa se desenvolver como líder, porque o sucesso do futuro da Ferrari depende como ele vai se comportar nesse papel”.
O italiano salientou que Leclerc não é tão experiente quanto Schumacher à época, mas enxerga nos dois a mesma capacidade de liderança. “Enquanto Michael já era um líder, Charles está se desenvolvendo como um. E está indo muito bem”, afirmou.
FERRARI EM RECONSTRUÇÃO
Os péssimos resultados nas corridas e nas classificações, pior desempenho desde 1980, parecem não assustar Binotto. Ex-chefe de motores da equipe, o italiano compara o período a partir de 1995 (quando ingressou em Maranello) com a atual situação da Ferrari. A chave foi a renovação:
“Sempre comparo. Penso que a Ferrari em 1995 até 98, 2000, investiu tanto quanto tem investido agora. Não só em tecnologia, mas em pessoas, contratando engenheiros e outras pessoas jovens”, lembrou.
Para voltar a ser uma das três melhores equipes da categoria, Binotto aposta no comprometimento de toda a equipe para sair da má fase e construir um ciclo vitorioso, como ocorreu a partir de 2000, com os cinco títulos seguidos de Schumacher.
“O nível da performance foi inadequado para o que se espera de uma marca como a Ferrari. Estamos muito desapontados. Temos ciência de nossa total responsabilidade — nos desculpamos com a empresa e obviamente com os torcedores — mas estou muito certo que 2020 vai de, alguma forma, nos deixar mais fortes para o futuro,” concluiu.