Internacional

Ceni x Abel: Um confronto de diferentes trajetórias e gerações, mas com histórias no adversário

Ricardo Duarte/Internacional e Alexandre Vidal/Flamengo
Por Gabriel Mejolaro e Heitor Olímpio

Flamengo e Internacional se enfrentarão, no domingo (21), naquela que está sendo tratada como a final do Brasileirão 2020. Com um ponto de vantagem sobre o rubro-negro, o colorado pode ser campeão nacional depois de 41 anos. Já os cariocas buscam o bicampeonato seguido, tendo em vista que venceram em 2019. E, para auxiliar nesse percurso decisivo, ambos contam com Rogério Ceni, de 48 anos, e Abel Braga, 68 anos, no comando técnico.

                 

Trajetórias de Abel e Ceni no futebol

Treinadores distintos, Rogério Ceni e Abel Braga possuem carreira sólida no mundo do futebol. Todavia, o primeiro ainda é lembrado mais pelo que fez como goleiro, enquanto o segundo pelo tempo, e sucesso, que possui comandando equipes. Para exemplificar, quando o técnico colorado começou a trabalhar na função, em 1985, no Goytacaz do Rio de Janeiro, Ceni tinha apenas 12 anos e sequer sonhava em entrar nessa área futebolística.

Vinte anos mais velho que Rogério Ceni, e com muito mais experiência como treinador, Abel Braga tem um nome sólido no mercado futebolístico. O comandante colorado, antes de exercer a função atual, era zagueiro. Até para a seleção o colorado foi convocado, em uma oportunidade. Depois, já em 1985, decidiu trocar os gramados pela área técnica. Desde então, são mais de 35 anos de carreira, diversos títulos, sendo os principais deles pelo Inter (Libertadores e Mundial de Clubes), além de sete passagens pelo clube gaúcho – do qual também é detentor do recorde de jogos à beira das quatro linhas.

Rogério Ceni, ao contrário de Abel Braga, já é mais conhecido pelo que fez com a bola nas mãos (e nos pés). O jogador, e hoje técnico, surgiu profissionalmente no futebol no ano de 1990, aos 17 anos, pelo Sinop, do Mato Grosso. No mesmo ano, foi transferido para o São Paulo, onde colocou o nome na história do futebol nacional. Pelo Tricolor Paulista ficou como goleiro titular de 1997 à 2005 – 25 anos no Morumbi e se tornando o jogador que mais vestiu a camisa de um mesmo clube na história do futebol mundial, superando Pelé com o Santos.

Foi no São Paulo, também, que Ceni deu os seus primeiros passos na carreira como treinador em 2016, sem muito sucesso. Dos quase cinco anos à frente do banco de reservas, além do Tricolor, o técnico comandou quatro clubes: Fortaleza (2x), Cruzeiro e Flamengo. Foi sob o comando do clube cearense que Ceni conquistou seus principais títulos até aqui: Brasileirão Série B, campeonato estadual e Copa do Nordeste.

Ceni assumiu o comando técnico do Flamengo em 2020, depois que o técnico Domènec Torrent foi demitido do cargo. À beira do campo, vestindo as cores do Rubro-Negro carioca desde 10 de novembro do ano passado, viveu altos e baixo até encontrar um time ideal, que o colocou na briga pela competição nacional.

Confronto de gerações

As idades distintas, entre Abel Braga e Rogério Ceni, já demonstram o quão diferente eles tendem a ser. Técnico do Internacional, o primeiro está na área há 35 anos e vem tendo que se adaptar as diversas mudanças de cenários, e até de regras, no esporte. Já o comandante rubro-negro decidiu assumir essa função somente em 2017, ou seja, não completou nem 5 anos de carreira ainda.

A diferença de estilo de jogo, também pode ser vista dentro do gramado. Nos últimos trabalhos, principalmente no Vasco da Gama e no começo desta passagem pelo Inter, Abel Braga vem apresentando um futebol reativo, apostando em jogadas pontuais, que alguns torcedores e jornalistas consideravam “antiquado”. Todavia, por experiência, o treinador conseguiu dar a volta por cima e o time do Inter passou a atuar com equilíbrio. O goleiro Marcelo Lomba, por exemplo, já elogiou a solidez defensiva e a qualidade do ataque gaúcho em mais de uma oportunidade.

Do outro lado da prancheta, Rogério Ceni tentar ser um “técnico moderno”, com uma marcação alta. Ele quer que o time saiba iniciar com qualidade as jogadas, desde a defesa, que tenha o controle da posse de bola e uma aproximação dos meias para construir as jogadas com mais qualidade. Demorou para o comandante encontrar os seus 11 titulares. Mas, quando achou um espaço para o veterano Diego Ribas, as coisas deram liga. O camisa 10 é a voz do treinador no campo e, como primeiro ou segundo volante, deu ao Fla essa construção que tanto Ceni pedia.

-Estou muito à vontade, sou muito competitivo. Essa competitividade eleva o nível de apresentação. É importante encontrar uma forma de continuar desenvolvendo um bom futebol e ser importante, independente da posição, jogando 90 minutos ou entrando no segundo tempo. Meu esforço é sempre para contribuir de alguma maneira com a equipe. Sinto-me muito bem, à vontade, bem preparado, e os jogos importantes e decisivos nos motivam ainda mais. Eu me cuido muito para continuar sendo importante num elenco extraordinário. Fico muito feliz, motivado e estou desfrutando deste momento tão bom que é jogar pelo Flamengo num tipo de jogo como esse – comentou Diego sobre essa nova posição, com Rogério Ceni, e já imaginando o duelo contra o Internacional.

Identificação com o adversário

Tanto Abel Braga quanto Rogério Ceni possuem ligações com os clubes que enfrentam no domingo. O comandante colorado, para se ter uma ideia, passou recentemente pelo clube carioca. Em 2019, no começo daquela que seria uma das maiores temporadas da história do Flamengo, era ele o treinador. Sob o comando de Abel, o rubro-negro, já com Gabigol, Bruno Henrique e companhia, foi campeão estadual e deixou a equipe bem encaminhada em outros torneios. Porém, a avaliação, da cúpula diretiva flamenguista, era de que o profissional não fazia o time render bem, o que resultou em demissão. Esse fato, aliás, fez Abel Braga admitir decepção com a diretoria. Ao todo, foram duas passagens dele pelo Flamengo e dois estaduais erguidos.

No aproveitamento contra o Inter, nesta temporada, Rogério Ceni tem 44%. Foram três confrontos até aqui, sendo, o de domingo, o mais importante. Porém, quando era goleiro do São Paulo teve mais vitórias do que derrotas pelo Campeonato Brasileiro – com direito a dois gols e uma assistência. Todavia, nos jogos decisivos, que foram uma final (2006) e uma semifinal (2010) de Libertadores, deu colorado.

Para domingo, o técnico Rogério Ceni ainda ganhou uma torcida ilustre e caseira. Seu pai, Eurydes Ceni, de 82 anos, que é fã do Inter – e já declarou publicamente o desejo de ver o filho treinando o colorado – não escondeu que a torcida será para o Flamengo.

– Os colorados me perdoem, mas, como pai do Rogério, vou torcer para que ele conquiste o título. Está em jogo a carreira dele como treinador. Ele precisa das vitórias para ter sucesso nesta profissão – comentou seu Eurydes, pai de Rogério Ceni, que incentivou o filho a ser colorado quando criança, mas que deseja a vitória do primogênito no decisão.

A decisão entre Flamengo e Internacional

O encontro entre Rogério Ceni e Abel Braga, pelo título nacional, já tem data e hora marcada. No próximo domingo (21), às 16h no Maracanã, ambos se enfrentarão. Em caso de vitória dos gaúcho, a taça do Brasileirão será colorada após 41 anos. Já se o triunfo for carioca, os rubro-negros assumem a ponta da tabela e dependerão apenas de si na última rodada. Em caso de empate, tudo será decidido na quinta-feira (25), sendo que o Inter joga no Beira-Rio, contra o Corinthians, e o Flamengo visita o São Paulo, no Morumbi.

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