Automobilismo

CEO da Alfa Romeo explica escolha por Guanyu Zhou: ‘Livre para futuro’

Chefe da equipe considerou mais opções além do chinês, mas Zhou foi o mais viável para 2022.

Foto: Divulgação / Alfa Romeo Racing

A Alfa Romeo anunciou, finalmente, o último piloto que irá integrar o grid na próxima temporada, na última terça-feira, 16. Trata-se de Guanyu Zhou, atual piloto da UNI-Virtuosi na Fórmula 2, e que se tornará o primeiro piloto chinês na história a integrar o pelotão da Fórmula 1.

(Divulgação / Formula 2)
Pódio de Zhou no Azerbaijão nesta temporada (Divulgação / Formula 2)

Assim como toda escolha, a opção por integrar Zhou na vaga de Antonio Giovinazzi foi acompanhada por questionamentos, inclusive do próprio piloto italiano. Após o anúncio da chegada do chinês, o número 99 do grid publicou nas suas redes sociais:

— A Fórmula 1 é talento, máquina, risco, velocidade. Mas também pode ser implacável, quando o dinheiro dita as regras. Eu acredito em pequenas e grandes vitórias, conquistadas pelo mérito daquele que conseguiu. Essa é minha primeira foto em um F1, e a última ainda não foi tirada.

A fala do italiano parece ir de encontro com o fato de Zhou abrir ainda mais o mercado da categoria para seu país natal, além de rumores apontarem um aporte financeiro de cerca de $30 milhões de seus patrocinadores. O chefe executivo da Alfa Romeo, Frédéric Vasseur, em entrevista para a revista alemã Auto Motor-und-Sport, não negou que é interessante a chegada desse novo cenário na F1:

— Eu acredito que o Zhou abrirá portas para um mercado extremamente interessante para todos na Fórmula 1. Especialmente para nossos patrocinadores e parceiros, claro. O interesse na Fórmula 1 pela China aumentará. Essa é uma oportunidade para todos.

(Divulgação / Alfa Romeo Racing)
Frédéric Vasseur explicou sobre as decisões da equipe para revista alemã (Divulgação / Alfa Romeo Racing)

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O diretor executivo da Fórmula 1, Stefano Domenicali, também segue o pensamento de Vasseur, concordando que o essa é uma chance de adentrar num público que, potencialmente, não acompanhava com tanto empenho a categoria:

— A notícia da chegada de Guanyu Zhou à Fórmula 1 na próxima temporada é fantástica para o esporte e para todos os milhões de fãs chineses apaixonados, que agora terão um herói para torcer durante todo o ano.

Opções além de Zhou

(Divulgação / Alfa Romeo Racing)
Giovinazzi ficou frustrado ao não receber chance na Ferrari após saída de Sebastian Vettel (Divulgação / Alfa Romeo Racing)

Com a confirmação do chinês, podemos apenas especular quais eram as outras opções além da escolhida. No entanto, algumas eram mais viáveis e mais possíveis para o futuro da Alfa Romeo.

Primeiramente, a manutenção de Antonio Giovinazzi. Com 27 anos, não é um piloto tão velho e já com alguma experiência na categoria. Piloto da Ferrari, poderia inclusive receber o apoio da scuderia para sua manutenção no grid, mas teria de ser um investimento pesado dos italianos, antes de uma temporada repleta de incertezas.

O próximo ano da Fórmula 1 traz novas regras e novos carros, então a manutenção do italiano, sem saber se poderia atuar mais do que vem fazendo na atual equipe, seria arriscado. Giovinazzi tem apenas um ponto no Campeonato de Pilotos, enquanto Raikkonen, em seu último ano ativo na F1, tem 10.

Uma outra opção bem possível, considerando que a equipe mirou em uma dupla mista, com um piloto experiente e outro jovem, seria Théo Pourchaire. O francês já é um dos melhores pilotos na temporada da Fórmula 2, é o quinto colocado no Campeonato de Pilotos com 120 pontos e tem uma vitória no ano, em Mônaco. Isso em seu primeiro ano na categoria, e com apenas 18 anos.

(Divulgação / TPourchaire)
Pódio de Théo Pourchaire no GP de Sochi em 2021 (Divulgação / TPourchaire)

Outro ponto positivo a favor de Pourchaire é que ele já é um jovem piloto da Alfa Romeo/Sauber desde os 15 anos de idade e portanto trataria apenas de uma ‘promoção’ da Fórmula 2 para a elite. Contudo, a juventude e o pouco tempo de campeonato nas ‘bases’ da Fórmula (em 2020 estava na F3), foram razões para Vasseur descartar o francês:

— Ele teve uma temporada fantástica na Fórmula 2, mas ele só tem 18 anos de idade. E ele subiu da Fórmula 4, pra F3, pra F2 muito rapidamente. Ficamos surpresos com os resultados dele na Fórmula 3, e então ele já encontrou o ritmo na F2, venceu em Mônaco e estava sempre na frente do pelotão no classificatório. Mas eu não quero colocar muita pressão nele. Seria muito arriscado colocar ele diretamente na Fórmula 1. Você só tem uma bala no tambor, se a primeira temporada dá errado, pode acabar com sua carreira. […] Ele fica no nosso radar e conosco no time.

Se não Giovinazzi e nem Pourchaire, a terceira escolha viável para a Alfa Romeo seria o líder e provável campeão da Fórmula 2: Oscar Piastri. Estreante na categoria, o australiano de 20 anos foi campeão da Formula Renault e da F3 (inclusive batendo Pourchaire) e agora lidera o Campeonato da F2, acima de outros pilotos mais experientes como Robert Schwartzmann e o próprio Guanyu Zhou, com três vitórias e outros quatro pódios.

(Divulgação / Oscar Piastri)
Oscar Piastri em vitória no GP de Sochi (Divulgação / Oscar Piastri)

Um fator que poderia influenciar na decisão é que, se confirmar o título, Piastri não poderá correr na Fórmula 2 em 2022. Mesmo sendo estreante, o regulamento da categoria prevê essa impossibilidade. Assim, poderia ser um estímulo para promover o jovem piloto e continuar sua evolução nas pistas.

No entanto, a barreira para a contratação de Piastri é seu contrato com a Academia Alpine, que renovou recentemente. Desde 2020, o australiano já integrava a Academia de Pilotos da Renault, antes da renovação da marca. Para o CEO da Alfa Romeo, esse foi o ponto principal que acabou com a negociação:

— Você tem que analisar as circunstâncias de todos os pilotos. Piastri, por exemplo, tem um contrato com a Alpine. Nós provavelmente poderíamos ter ele conosco por apenas um ano. Eu queria ter uma ‘mão livre’ nas minhas opções para o futuro.

(Divulgação / Oscar Piastri)
Australiano assinou contrato e será piloto reserva da Alpine, com expectativa de titularidade em 2023 (Divulgação / Oscar Piastri)

Assim, das possibilidades de segundos pilotos para o ano que vem, considerando o perfil do primeiro piloto sendo mais experiente como Valtteri Bottas, Zhou se concretizou como a mais viável e com mais pontos positivos, considerando não só o financeiro, como disse Giovinazzi, mas também o futuro da equipe em uma categoria que deve passar por várias mudanças nas próximas temporadas.

Os primeiros testes de Zhou com o novo maquinário da Fórmula 1, se o calendário previsto para a próxima temporada se manter, deverá ser no dia 23 de fevereiro, em Barcelona. O primeiro fim de semana oficial será no Bahrein, com começo marcado para o dia 18 de março.

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