O ciclo paralímpico de Tóquio chegou ao fim na manhã deste domingo, no horário do Brasil, com mais uma bela cerimônia de encerramento das Paralimpíadas. Teve show de fogos, desfile de delegações, menção à covid-19, uma bela mensagem de inclusão e passagem de bastão para Paris. O evento de conclusão do torneio do Japão celebra um evento histórico e uma organização impecável em meio a uma pandemia.
Os Jogos Paraolímpicos de Tóquio 2020 aconteceram entre 24 de agosto e 5 de setembro, com um ano de atraso devido a pandemia, e contou com 539 eventos de medalha com 22 esportes sendo disputados. Com o fim da edição da Paralimpíada no japão, começa um novo ciclo olímpico, que culminará com a abertura dos Jogos de Paris 2024.
Sem a presença de público, mas com a presença de várias delegações e autoridades diretamente ligadas ao torneio, a festa de encerramento dos Jogos Paralímpicos de Tóquio teve como tema “Harmonious Cacophony” que tem como conceito reconhecer a diversidade entre as pessoas e transformar suas diferenças em uma unidade compartilhada.
O início da cerimônia deste domingo contou com um palco alusivo ao cruzamento popular “Shibuya”, diferentes nomes da música popular japonesa, incluindo artistas com deficiência.
Um vídeo relembrou os 13 dias de Jogos, destacando a inclusão e promoção do movimento paralímpico global em momento de grave crise sanitária no mundo. O príncipe e herdeiro do trono japonês, Akishino, representou a família imperial ao lado Presidente do Comitê Paralímpico Internacional, o brasileiro Andrew Parsons.
No encerramento, a bandeira do Japão foi levada por atletas que fizeram história no torneio junto de uma enfermeira, fazendo menção ao sistema de saúde japonês neste momento pandêmico.
Momento Histórico no desfile das delegações
O tradicional desfile das delegações, reservou um momento histórico e emocionante, isso porque os atletas do Afeganistão, Hossain Rasouli e Zakia Khudadadi carregaram a bandeira de seu país. Os afegãos conseguiram chegar a capital do sol nascente no dia 28 de agosto após fugirem de sua nação, atualmente controlada pelo grupo extremista Talibã.
Antes do início do torneio havia sido descartada a presença dos atletas do Afeganistão devido à crise instaurada no país no centro da Ásia e o fechamento dos aeroportos. Por isso, na cerimônia de abertura bandeira do Afeganistão foi carregada por um voluntário, em um gesto de solidariedade aos esportistas.
No desfile, o porta bandeira do Brasil foi Daniel Dias, maior medalhista da história dos Jogos Paralímpicos, que anunciou sua aposentadoria do esporte este ano, e se despediu do torneio do Japão com três medalhas.
+ Daniel Dias é eleito membro do Conselho de Atletas do Comitê Paralímpico Internacional
“I’m possible”
A cerimônia de encerramento dos Jogos Paralímpicos de Tóquio, também reservou um momento para premiar cinco projetos de destaque com soluções de aprimoramento do movimento esportivo em parceria com a Fundação “I’m possible” (eu possível).
Criado pelo braço de desenvolvimento do Comitê Paraolímpico Internacional (IPC), a Fundação Agitos, com o apoio do Centro de Apoio Paraolímpico da Fundação Nippon e do Comitê Paralímpico Japonês, o I’m Possible foi lançado em fevereiro, deste ano, com o objetivo de envolver jovens de todas as idades de 6 a 12 anos no Movimento Paralímpico.
Atualmente, o currículo das escolas em Tóquio promovem educação olímpica e paralímpica e oferecem 35 horas/aulas por ano.
Sayōnara Tóquio 2020! – Adeus, Tóquio!
No final da festa, o Estádio Olímpico foi tomado por um show de cores, luzes e muita música em referência à cidade onde as diferenças brilham. Como parte da cultura japonesa os astros da natureza, foram homenageados como forma de engrandecer as riquezas naturais do país.
Na despedida, os mascotes dos Jogos Olímpicos e Paralimpicos (Miraitowa e Someity ) participaram da apresentação de dança.
No ato de descida da bandeira Paralímpica a governadora de Tóquio Yuriko Koike, o presidente do Comitê Paralímpico Internacional Andrew Parsons e a prefeita de Paris Anne Hidalgo, fizeram o ato protocolar de transição da bandeira até às mãos de Anne Hidalgo, prefeita de Paris, seguido pelo hasteamento da bandeira da França ao som do hino nacional.
– Juntos, contra todas as probabilidades, conseguimos. Os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 não foram apenas históricos, foram fantásticos. Em 12 dias mágicos, os atletas deram ao mundo confiança, alegria e esperança. Quebraram recordes. Aqueceram os corações. Abriram mentes. É importante ressaltar que os atletas mudaram vidas. No Japão, existe uma bela filosofia antiga chamada Kintsugi. Significa abraçar as imperfeições que todos nós temos, não para escondê-las, mas para celebrá-las – disse Andrew Parsons, presidente do Comitê Paralímpico Internacional, no discurso de encerramento dos Jogos.- declarou Andrew Parsons.
– Estamos em uma encruzilhada crucial para o nosso planeta. Nenhuma máscara pode cobrir suas falhas. À medida que reconstruímos melhor, 15% da população mundial não pode ficar para trás. Devemos ver além dos atletas que tiveram um desempenho tão bom aqui e ver os 1,2 bilhão de pessoas com deficiência. Eles podem e querem ser cidadãos ativos em um mundo inclusivo. Este era o desejo de Sir Ludwig Gutmann, nosso fundador – finalizou o presidente do Comitê Paralímpico Internacional.
A chama paralímpica foi apagada e os jogos de Tóquio foram declarados encerrados com uma linda apresentação de uma orquestra ao som de It’s a Wonderful World, de Louis Armstrong, marcando o início do novo ciclo olímpico de Paris 2024.
Bonjour Paris! – Olá, Paris !
Os Jogos Olímpicos de Paris de 2024 serão realizados entre 26 de julho à 11 de agosto. Já as Paralímpiadas acontecem de 28 de agosto à 8 de setembro.
Será a terceira vez que a cidade luz será irá sediar os Jogos Olímpicos de Verão, a primeira vez foi em 1900 e a segunda em 1924.
