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Com mosaico em São Januário, Vasco relembra 97 anos da ‘Resposta Histórica’

Vasco fez um mosaico nas sociais de São Januário (Foto: Reprodução/Twitter Vasco)

Relembrando os 97 anos da Resposta Histórica, o Vasco montou um mosaico em São Januário para celebrar uma das páginas mais bonitas de sua história, comemorada nesta quarta-feira, 7 de abril. O clube decorou as cadeiras das sociais com a inscrição “CRVG 1924”, em referência ao nome do Gigante da Colina e ao ano que foi dada a famosa “Resposta Histórica”, quando o Vasco se recusou a excluir os doze jogadores negros e operários do seu elenco. Além do mosaico, o clube também publicou nas redes sociais uma foto da faixa “Lutei por negros e operários”.

                 

A “Resposta Histórica” foi uma carta assinada pelo então presidente José Augusto Prestes direcionada a Associação Metropolitana de Esportes Athléticos (AMEA), que tentava impor ao Vasco a exclusão dos jogadores analfabetos ou por causa de suas profissões como condição para a disputa das competições organizadas pela entidade, o que foi rechaçado pelo clube, que acabou disputando o campeonato da Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMDT), junto com clubes de menor expressão. “Coincidentemente”, os 12 jogadores que deveriam ser excluídos eram negros ou de origem humilde.

– Estamos certos de que Vossa Excelência será o primeiro a reconhecer que seria um ato pouco digno de nossa parte sacrificar, ao desejo de filiar-se à Amea, alguns dos que lutaram para que tivéssemos, entre outras vitórias, a do Campeonato de Futebol da Cidade do Rio de Janeiro de 1923 (…) Nestes termos, sentimos ter de comunicar a Vossa Excelência que desistimos de fazer parte da AMEA – diz um trecho do manifesto assinado por José Augusto Prestes.

– São esses doze jogadores, jovens, quasi todos brasileiros, no começo de sua carreira, e o acto publico que os pode macular, nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu, nem sob o pavilhão que elles com tanta galhardia cobriram de glorias – diz outra parte da carta.

Campeão carioca em 1923 com o time que ficou conhecido como “Camisas Negras”, o Vasco despontava como uma das forças do futebol no Rio de Janeiro e já era um fenômeno popular. Assim, vendo a importância do clube, a AMEA resolveu admitir o Vasco em 1925.

Confira a íntegra da Resposta Histórica

Rio de Janeiro, 7 de Abril de 1924.

Officio No 261

Exmo. Snr. Dr. Arnaldo Guinle, M. D. Presidente da Associação Metropolitana de Esportes Athleticos.

As resoluções divulgadas hoje pela Imprensa, tomadas em reunião de hontem pelos altos poderes da Associação a que V. Exa. tão dignamente preside, collocam o Club de Regatas Vasco da Gama numa tal situação de inferioridade, que absolutamente não pode ser justificada, nem pelas defficiencias do nosso campo, nem pela simplicidade da nossa séde, nem pela condição modesta de grande numero dos nossos associados.

Os previlegios concedidos aos cinco clubs fundadores da A.M.E.A., e a forma porque será exercido o direito de discussão a voto, e feitas as futuras classificações, obrigam-nos a lavrar o nosso protesto contra as citadas resoluções.

Quanto á condição de eliminarmos doze dos nossos jogadores das nossas equipes, resolveu por unanimidade a Directoria do C.R. Vasco da Gama não a dever acceitar, por não se conformar com o processo porque foi feita a investigação das posições sociaes desses nossos consocios, investigação levada a um tribunal onde não tiveram nem representação nem defesa.

Estamos certos que V. Exa. será o primeiro a reconhecer que seria um acto pouco digno da nossa parte, sacrificar ao desejo de fazer parte da A.M.E.A., alguns dos que luctaram para que tivessemos entre outras victorias, a do Campeonato de Foot-Ball da Cidade do Rio de Janeiro de 1923.

São esses doze jogadores, jovens, quasi todos brasileiros, no começo de sua carreira, e o acto publico que os pode macular, nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu, nem sob o pavilhão que elles com tanta galhardia cobriram de glorias.

Nestes termos, sentimos ter que comunicar a V. Exa. que desistimos de fazer parte da A.M.E.A.

Queira V. Exa. acceitar os protestos da maior consideração estima de quem tem a honra de subscrever

De V. Exa. Atto Vnr.,

Obrigado.

(a) José Augusto Prestes

Presidente”

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