Campeonato Carioca

Com sede tombada, São Cristóvão respira diante de dívidas: ‘A gente ganha um crédito’

A Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro aprovou nesta terça-feira (21) o tombamento da sede do São Cristóvão de Futebol e Regatas, localizada na Rua Figueira de Melo, “por seu valor de patrimônio histórico, social, cultural e esportivo”. Assim, o clube que revelou Ronaldo Fenômeno se junta a Fluminense, Vasco e Bangu, que já haviam recebido a mesma honraria.

De fato, a situação financeira do São Cri Cri é um dos principais problemas a serem enfrentados. A diretoria calcula uma dívida de R$ 400 mil só em causas trabalhistas. Porém, ainda lida com outro fator negativo: o insucesso rotineiro dentro de campo. A última aparição do clube na segunda divisão do Estadual foi há três anos. De lá para cá, péssimos resultados e a sucessão de rebaixamentos. Hoje, os Cadetes se encontram na quarta divisão do Campeonato Carioca. Procurado pelo Esporte News Mundo, o gerente de marketing do clube, Thiago Vancellote, revelou o esforço que a diretoria faz para amenizar a crise financeira, além da procura de recursos para elevar a credibilidade do São Cristóvão no mercado.

“É um esforço muito grande que a diretoria faz com as prioridades. Ao invés de fazer um investimento, uma reforma, o pessoal corre atrás mais de colocar o clube em dia com suas dívidas, de ajustar o que estava desajustado, dívidas do passado mesmo. Então, essa é a prioridade. A nível de melhoria para a gente, isso foi um incentivo da diretoria anterior, que a gente aplaude (tombamento da sede). Não tenho pretensão de trabalhar com viés político, trabalho em função do clube, do que é melhor para o clube”, disse Thiago, que prosseguiu:

“A gente entra num mapa turístico, num patamar mais elevado de patrimônio histórico. E para algumas iniciativas é muito bom também, você consegue uma credibilidade maior no mercado, até perante a um patrocinador, uma lei de projeto incentivado. A gente ganha um crédito que já esteve muito abalado e hoje em dia ele está melhorando, já está bem melhor. Até por alguns parceiros do clube, de algumas empresas locais que não tinham nem conversa com a gente. Hoje em dia, a gente já tem até parceria, com a Reserva, por exemplo”, completou.

Por conta de todos esses percalços que surgiram no decorrer da história, foi muito discutido nos últimos anos a possibilidade de encerramento das atividades do São Cristóvão. Entretanto, por conta deste novo decreto, essa questão não pode mais ser levada em consideração.

A única competição a ser disputada pelo São Cristóvão em 2020 não será realizada. Por conta da pandemia do novo coronavírus, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FFRJ), cancelou a disputa da Série C, além da Copa Rio. Neste cenário pouco reluzente e duvidoso, Thiago Vancelotte admitiu o momento delicado. Mas reafirmou a credibilidade dos profissionais que estão à frente do time da Figueira de Melo.

Foto: Carlos Júnior

“A gente tem a questão da base. A gente tem pessoas cuidando da categoria de base, que não estão diretamente ligadas ao clube. O cara tem interesse em cuidar de uma categoria, faz um trabalho bom, você pode até ver que a categoria de base disputa campeonatos pau a pau com os times grandes. Então, a gente tenta aproveitar muitos desses jogadores também no time profissional, até por conta da regra da Série C, que só pode ter cinco jogadores acima de 21, 23 anos, não sei”, apontou o gerente de marketing. Ele continuou:

“A gente tentou ano passado fazer o melhor possível. Ficamos quase sem disputar (o campeonato), e isso do coronavírus realmente atrapalha. O nosso campeonato é a hora que tudo gira, é a hora que a gente consegue ter conteúdo mais massivo, aparecer mais também. Mas aproveitando, se é que dá para falar, aproveitando isso, a gente tem esse ano para tentar colocar em prática alguns projetos que a gente tem, de revitalização da sede e o andamento dos nosso projetos de lei de incentivo também. Porém, a gente acredita que tudo voltando ao normal, isso vai andar, porque estamos com um pessoal super competente nos projetos. Nós temos algumas iniciativas próprias, que agente também tenta correr atrás. Conseguimos alguns patrocinadores ano passado. Porém faltou investimento financeiro, foi mais uma ajuda de uma empresa ou outra que a gente conseguiu. Mas investir, investir, a gente não está nesse patamar. Não alcançamos isso ainda”, finalizou.

Próximo de completar 104 anos, o Estádio Ronaldo Nazário é protegido por lei municipal desde 2002. Redigida pelo atual Secretário de Turismo do Rio de Janeiro, Otávio Leite, ela impede que edifícios sejam construídos em terrenos de diversos campos de futebol de dimensões oficiais.

Clique para comentar

Comente esta reportagem

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

As últimas

Para o Topo