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Como Carlos Augusto se tornou titular em uma posição tão disputada no Corinthians?

Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Em entrevista coletiva realizada na última quarta-feira (29), Tiago Nunes foi perguntado sobre Carlos Augusto. Enquanto defendia a permanência do lateral no Corinthians, o treinador ressaltou sua importância dentro do elenco. Para ele, Carlos é titular no Timão “pela função que desempenha”. 

Em uma posição acirrada, a de lateral-esquerdo, Carlos Augusto tem saído na frente de seus concorrentes diretos. Sidcley, que retornou ao clube depois de uma boa passagem em 2018, e Lucas Piton, outro jovem jogador que vinha recebendo as maiores oportunidades. 

Carlos Augusto foi titular nos últimos cinco jogos do Corinthians, jogando os 90 minutos em todas as ocasiões. Piton atuou em oito partidas, seis como titular, enquanto Sidcley começou apenas dois dos seus cinco jogos nessa temporada. Enquanto Sidcley não teve ritmo o bastante para entrar na comparação (média de 44 minutos por partida), a briga de Carlos Augusto, no momento, parece ser com Piton.

Por que Carlos Augusto?

A escolha de Tiago Nunes pelo jogador tem alguns motivos. Como o próprio treinador comentou, sua função em campo se diferencia das dos demais concorrentes. No esquema que tenta favorecer a troca de passes e a manutenção da bola, Carlos Augusto é uma opção que se destaca por ter essa qualidade.

Enquanto ajuda a manter a bola, também dá qualidade no passe na fase ofensiva. Segundo dados do SofaScore, o atual titular do Timão dá, em média, mais passes no seu próprio campo que Piton (22.6 contra 14.3) e é mais eficiente em seus passes no campo adversário (77% contra 67%). O atual dono da posição também tem melhores números de aproveitamento em bolas longas (62% contra 49%) e cruzamentos (43% contra 28%), se comparado com Piton. 

Outro fator importante na escolha de Carlos Augusto é o encaixe com o restante do time. Ao colocar jogadores como Janderson ou Everaldo na ponta-esquerda, Tiago Nunes tira o corredor do seu lateral. Isso porque os dois citados são jogadores de linha de fundo e drible no um contra um, rente à faixa lateral do campo. Dessa maneira, Piton e Sidcley, que buscam mais a ultrapassagem, podem acabar sendo barrados pelo posicionamento do seu companheiro.

No esquema corintiano que, por vezes, tende a ser assimétrico – com Fagner dando amplitude pela direita e Ramiro ocupando o espaço no meio com Luan – Carlos Augusto não sobe tanto. Além do corredor estar ocupado pelo ponta, o lateral também tem sua função de recomposição e, ao se posicionar próximo ao volante, consegue ser uma opção de passe para reconstruir o ataque. 

Boa escolha para ataque e defesa

Esse posicionamento de Carlos Augusto na fase ofensiva também é um gatilho para a transição defensiva. Dessa forma, próximo ao meio, pode fechar uma possível investida adversária e até recuperar a segunda bola antes que se inicie um ataque. Além disso, se Tiago Nunes pedisse que seu lateral fosse até a linha de fundo, ele teria o campo inteiro para correr caso o ataque desse errado, o que desgasta demais o jogador ao longo da partida. 

Com a mudança de jogador, muda-se, também, a estratégia. Com Sidcley e Piton, que tinham função de mais presença no ataque, o treinador poderia exercer uma pressão mais alta, como em partidas contra o Santos e a Inter de Limeira. Até por isso, as estatísticas defensivas mostram a diferença de comportamento. Piton leva vantagem em interceptações (1 contra 0.8) e divididas (2.8 contra 1.8) por jogo, dado o seu posicionamento.

Do outro lado, Carlos Augusto é superior em diversos outros quesitos defensivamente. Em comparação com Piton, além de fazer menos faltas por jogo (1.8 contra 2.6), o dono da posição tem um maior aproveitamento nas disputas de bola e em duelos aéreos e no chão. E, o que talvez seja o mais importante, Carlos Augusto, em cinco partidas, não sofreu gol em duas. Piton, em oito, só não foi vazado em uma oportunidade, mesmo número de Sidcley, em cinco jogos.

Carlos Augusto é, portanto, a união entre eficiência e segurança. Com seus 1.84 m, é mais alto que os concorrentes, bom para as ocasiões de bola parada, e melhora na construção das jogadas. Além de perder a bola menos (11.4 desperdícios por jogo contra 15.6 de Piton), o lateral titular de Tiago Nunes ganhou a posição nos treinos, como o treinador costuma enfatizar, e parece ter dado resultado para o Corinthians.

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