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Conheça a história do treinador brasileiro que resolveu se aventurar em mundos alternativos do futebol

Fernando Sales chegou ao Ulsan no fim de 2019 (Créditos: Reprodução/Instagram @fernandosalesprocoach)
Fernando Sales chegou ao Ulsan no fim de 2019 (Créditos: Reprodução/Instagram @fernandosalesprocoach)

Um andarilho do futebol. Assim podemos definir o brasileiro Fernando Sales, de 40 anos de idade. Desde 2008, quando foi se aventurar na Espanha, até 2020, trabalhando no Ulsan Hyundai, da Coréia do Sul, o treinador passou por diversos países. Alguns não muito conhecidos, como Mianmar e Laos.

Aos 24 anos, Fernando Sales largou a carreira de jogador e cursou Educação Física, onde poderia seguir trabalhando com o futebol. Em 2008, decidiu se aventurar na Espanha e conseguiu um emprego nas divisões de base do CD Canillas, clube afiliado do Real Madrid. Lá ele trabalhou como assistente de Jorge Vilda, atual treinador da seleção feminina espanhola, e com descendentes de lendas do futebol, como Enzo Zidane, filho de Zinedine Zidane, e Ronald, filho do brasileiro Ronaldo.

Um ano depois, precisou ir à Polônia para receber a autorização para tirar as licenças de treinador da UEFA e trabalhar como técnico. E foi no país que Fernando Sales teve o primeiro grande choque pessoal para um brasileiro que se aventura pelo mundo.

“Assim que eu cheguei na Polônia, os termômetros estavam marcando -16ºC. É uma temperatura que nós brasileiros não estamos acostumados. Além disso, há uma questão de preconceito racial no país. Mas lá eu trabalhei no KS Orzeł, estagiei no Légia Varsóvia, um dos principais times poloneses, e pude realizar meus cursos. Foi um lugar que eu aprendi muito”, disse Fernando Sales, em entrevista ao Esporte News Mundo.

Após indicação de um amigo que trabalhou junto na Polônia, Fernando Sales foi convidado para ser auxiliar técnico do Lanexang United, do Laos, em 2015, onde se iniciou a aventura pela Ásia. Além das diferenças culturais, que vão desde a culinária até as vestimentas, como homens utilizarem um tipo de saia, o brasileiro passou por uma situação extremamente inusitada na equipe.

Fernando Sales no clube de Laos (Créditos: Reprodução/Instagram @fernandosalesprocoach)

“O dono do nosso time era um bilionário, que também era proprietário do EDL, equipe que disputava a mesma divisão. Já nas rodadas decisivas da competição, com o EDL disputando o título contra o Laos Toyota, os dois times do bilionário se enfrentaram. Ele chegou no nosso vestiário falando para jogarmos da maneira que achássemos melhor. Eu decidi inflamar o grupo na preleção e o jogo terminou empatado. No fim do campeonato, o EDL acabou perdendo o título para o Laos Toyota por um ponto e nós quase fomos demitidos”, relembra.

Um ano depois, o brasileiro conseguiu o primeiro trabalho como treinador principal. Em Mianmar, Fernando Sales assumiu o comando do Manaw Myay, com o objetivo de tirar o clube da segunda divisão. E ele conseguiu mais do que isso. Além do acesso, o time conseguiu o título da competição, mas por questões financeiras, acabou deixando o país rumo à Tailândia, em 2017.

Na quarta divisão da Tailândia, Fernando Sales fazia um bom trabalho no Yasothon FC e recebeu uma proposta para treinar o Persijap Jepara, equipe da segunda divisão da Indonésia, no mês de abril. Em agosto, deixou o clube por não cumprimento do acordo financeiro, e rumou para Macau no início de 2018.

Fernando Sales no Persijap (Créditos: Reprodução/Instagram @fernandosalesprocoach)

Após sete meses, o brasileiro retornou à Tailândia, onde recebeu a missão de salvar o Kasersat FC do rebaixamento. O objetivo foi concluído e Fernando Salles foi para a China participar de um projeto da Nike junto ao governo, que pretende fortalecer o esporte no país e disputar o título de uma Copa do Mundo nos próximos anos.

Depois da segunda passagem pela Tailândia, Fernando Sales conseguiu a principal oportunidade até o momento da carreira. Em outubro de 2019, o brasileiro recebeu uma proposta para trabalhar com as categorias de base e implementação de metodologia de treinamentos no Hyundai Ulsan, um dos maiores clubes da Coreia do Sul e da Ásia.

“Chegar ao Ulsan Hyundai sem ter um agente ou um empresário é uma grande conquista. Assim que eu cheguei, vi uma infraestrutura de primeiro mundo. Pra quem já teve que utilizar cano pvc como cone, é outro mundo. Podemos comparar com o Flamengo, por exemplo”, comentou.

Fernando Sales na Coréia do Sul (Créditos: Reprodução/Instagram @fernandosalesprocoach)

E assim como no Brasil, o futebol na Coréia do Sul também sofreu impactos por conta da pandemia do coronavírus. O campeonato nacional, inicialmente marcado para iniciar em fevereiro, teve a primeira rodada acontecendo apenas no dia 8 de maio, com portões fechados. Para Fernando Sales, o que aconteceu no país asiático não será repetido por aqui.

“A cultura e educação do povo coreano ajudou muito a evitar a propagação do vírus. Nós recebemos a notícia da suspensão do campeonato em fevereiro. Hoje o país já está com o comércio aberto normalmente e a restrição tem sido apenas em relação à torcida nos estádios. As notícias que chegam do Brasil não são boas e eu acho que não é hora de pensar na volta do futebol por aí. Me parece que os clubes estão pensando mais em relação ao dinheiro”, concluiu.

Em três rodadas do Campeonato Coreano, o Ulsan Hyundai de Fernando Sales venceu duas partidas e empatou uma. Com sete pontos, a equipe ocupa a segunda colocação, atrás do Jeonbuk Motors. O time volta a campo no sábado (30), contra o Gwangju, fora de casa.

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