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Fora da Copa de 70! Ditadura militar ‘tirou’ Dirceu Lopes, do Cruzeiro, do Mundial

Foto: Arquivo pessoal

Há exatos 57 anos, deu-se início ao regime militar no Brasil. Sob o comando do general Castelo Branco, o período foi marcado pela repressão e censura. Desde aquele 31 de março, nem mesmo o futebol passou ileso. E um ídolo do Cruzeiro sentiu na pele, mesmo que indiretamente, a influência da ditadura militar em sua carreira. Dirceu Lopes é o nome dele. 

Isso porque, já sob o comando de Emílio Garrastazu Médici, o regime militar interferiu no processo e convocação dos jogadores que iriam para disputar a Copa do Mundo de 1970, no México, – ocasião em que a Seleção Brasileira conquistou o tricampeonato mundial. Dirceu Lopes, uma das peças mais importantes da Canarinho na época da classificação para o torneio de seleções, era cotado para compor o então elenco tricampeão. 

Porém, ao que tudo indica, o governo militar não queria o mesmo que João Saldanha, técnico da Seleção Brasileira na época.  

— Depois que parei, que tive algum esclarecimento político, é que tomei consciência. Eu fui usado (prejudicado) no momento em que fui cortado. Ali era dedo da ditadura militar —, conta Dirceu Lopes ao Superesportes dois anos atrás. 

Foto: Divulgação

Porém, Médici não estava satisfeito com as atitudes do então “politizado” Saldanha. Nesse período, o então governante se encantou com outro ídolo mineiro, Dario, ou como muitos o conhecem, Dadá Maravilha, então jogador do rival celeste Atlético-MG. 

— O João, politizado, comunista, começou a bater de frente com o presidente. Ele começou a incomodar o poder. E quando perguntaram ao João Saldanha sobre o Dario, ele disse: ‘Eu não escalo ministros para o presidente, eu não admito que nem o presidente escale jogador na Seleção Brasileira’ —, relata o “Príncipe”. 

João Saldanha foi, então, “deposto” do cargo de comandante do elenco canarinho. Zagallo, mais alinhado com as determinações de Médici e, também, da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), a antiga CBF, assumiu a Seleção Brasileira. Então, Dirceu Lopes ficou de fora da Copa de 70, enquanto que Dario entrou. 

— Quando o João (Saldanha) caiu, de jogador mais importante da Seleção, conforme ele mesmo falava, eu passei a ser o menos importante —, lembra Dirceu Lopes. 

Foto: CBF/Divulgação

Dirceu Lopes foi um dos jogadores mais importantes da história do Cruzeiro. O Príncipe, como é chamado, é o segundo atleta que mais vezes marcou com a camisa celeste. Foram 223 gols em 610 jogos. Com o Cruzeiro, foi campeão do Campeonato Brasileiro de 1966, da Libertadores de 1976, dos Campeonatos Mineiro de 1965, 1966, 1967, 1968, 1969, 1972, 1973, 1974 e 1975 e da Taça Minas Gerais em 1973. 

Pela Seleção, entre 1967 e 1975, Dirceu Lopes fez 19 jogos com a amarelinha. Foram 12 vitórias, seis empates e apenas uma derrota.

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