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#CucaNão: Torcida do Atlético-MG desaprova possível contratação de treinador e promove movimento nas redes sociais

Ivan Stori/Santos

Jorge Sampaoli deixou o Atlético-MG para assumir o Olympique de Marselle e, com a saída do argentino, acabou abrindo espaço para que o Galo fosse ao mercado em busca de um novo treinador. E, entre os cotados para o cargo, está um velho conhecido da torcida: Cuca.

                 

No entanto, mesmo com um passado de conquistas no time alvinegro, o nome do técnico não tem sido visto com “bons olhos” por boa parte dos atleticanos. O principal motivo baseia-se no extra-campo. Cuca foi condenado por violência sexual contra pessoa vulnerável (menor de 16 anos), em 1989, por sentença decretada pelo Tribunal de Berna, na Suíça.

Nas redes sociais, um movimento foi iniciado por meio da hashtag #CucaNão, onde parte da torcida fomenta o descontentamento com a possibilidade do treinador retornar ao Atlético. O coletivo do Atlético denominado Grupa, que tem papel importante na luta de causas sociais dentro do esporte – encabeça o posicionamento contra a contratação do técnico.

Procuradas pela reportagem, as integrantes reforçaram o fato do treinador não ter entendido de fato o tamanho do crime cometido e a não banalização de condutas violentas no ambiente do futebol.

Leia na íntegra o posicionamento:

A primeira questão a ser considerada é o papel social do esporte. No Brasil, o futebol movimenta as massas. Quantos garotos não sonham em ser jogador de futebol? Os atletas, os técnicos e todos os envolvidos nesse esporte são figuras públicas, cujas atitudes têm ampla repercussão na sociedade e cujos posicionamentos sobre o assunto podem influenciar diretamente atletas, torcida e a sociedade como um todo. O que está em questão no retorno do Cuca ao Atlético não é a sua competência profissional. Quando o treinador disputou e conquistou a Libertadores da América em 2013 com o Atlético quase ou nada se sabia a respeito do assunto. Porém, à medida que o debate público avança, alguns casos tornam-se emblemáticos por reacenderem a discussão, mas definitivamente não se tratam de eventos isolados. Sabemos que a ocorrência de casos de violência sexual ou de gênero envolvendo jogadores ainda são recorrentes no futebol. Cuca, à época, desculpou-se com familiares, mas avaliou que ele e os colegas foram punidos de maneira muito rigorosa, mesmo sabendo que a gravidade do crime cometido. O técnico teria sido convidado a falar em diversas ocasiões e optado por não se pronunciar, o que permite a inferência de que, transcorridos todos esses anos, mesmo à luz do crescente debate sobre o tema, Cuca não reviu sua posição sobre o fato. O que se busca não é o linchamento ou o foco em uma figura específica, mas sim, a partir da repercussão desses casos, a ruptura com uma estrutura que banaliza e – por que não – fomenta a continuidade de condutas violentas no ambiente do futebol e na sociedade. E, para romper essas estruturas, é preciso priorizar a mudança de atitude em detrimento de interesses particulares. A postura do treinador em não assumir, não se desculpar, apagar a mancha que não se apaga apenas reitera o seu descaso, o da diretoria atleticana e de todos que o apoiam em relação à manutenção de uma situação de violência constante de desrespeito à mulher e a continuidade de um comportamento de eximir a responsabilidade dos atletas em casos desse tipo de violência. É importante sempre lembrar: NÃO É SÓ FUTEBOL.

Sobre a sentença

O caso aconteceu em julho de 1987 e ficou conhecido como “Escândalo de Berna”. Em julho daquele ano, o Grêmio, time no qual Cuca atuava como atacante, foi à cidade para iniciar uma tour pela Europa. Cuca, Eduardo Hamester, Fernando Castoldi e Henrique Etges foram acusados de violência sexual contra uma menina que, a época, tinha apenas 13 anos.

O estupro teria ocorrida no hotel onde a deleção gremista estava hospedada. Os quatro ficaram presos por quase um mês e depois deste período, retornaram ao Brasil. Dois anos mais tarde, em 89, o Tribunal de Berna emitiu a sentença do caso, condenando Cuca, Eduardo e Henrique a 15 meses de prisão por violência sexual contra pessoa vulnerável.

O documento ainda definiu pena de três meses para Fernando, por ter sido cúmplice do crime. Porém, a pena nunca foi cumprida pois o Brasil não extradita seus cidadãos.

*Colaboração Gabriel Ferreira

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