Viver fora do país é uma opção que muitas pessoal tomam atualmente em busca de melhores condições de vida, trabalho ou até mesmo para adquirir novas culturas e conhecimentos. No mundo do futebol é muito comum que jogadores brasileiros se aventurem em outros países e construam raízes fora do Brasil. Apesar de a grande maioria ter o sonho de atuar pelos gigantes europeus, muitos acabam tendo que optar por países com cultura bem diferente da nossa, seja na paixão pelo futebol ou mesmo no estilo de vida. Este é o caso do jovem Rafael Diniz, de 23 anos, que atua pelo Ranong United, da Tailândia.
Para ir atrás do sonho de ser jogador profissional de futebol, o atleta precisou optar bem cedo pela mudança e deixou o Brasil em 2017. Rafael sequer chegou a atuar profissionalmente no futebol brasileiro, aonde fez base no Flamengo, no Nova Iguaçu e no Madureira. Agora na segunda divisão do futebol tailandês, e como profissional, o jogador concedeu entrevista ao Esporte News Mundo para falar sobre seus desafios em um país tão diferente do Brasil.
Confira a entrevista:
ENM: Apesar de você não ter atuado profissionalmente no Brasil, o quanto sua base no futebol brasileiro contribuiu para a sua formação como atleta?
Rafael: Eu comecei no futsal e logo no Nova Iguaçu. Também passei pelo Flamengo e o Madureira, então tive três escolas muito fortes no futebol carioca. São clubes que ao longo dos anos revelam ótimos jogadores. Isso me ajudou demais, tanto na parte técnica, quanto na tática. Consegui extrair o máximo para dar prosseguimento em minha carreira.
ENM: Você está no futebol tailandês desde 2017. Dessa maneira, o que destaca como fator mais importante que o futebol local trouxe para a sua carreira?
Rafael: O fator mais importante foi o meu crescimento como homem. Sair muito novo do Brasil para viver uma cultura totalmente diferente me fez amadurecer e ser independente muito rápido. Não foi fácil, mas hoje digo que é prazeroso. Estou totalmente adaptado ao país e ao futebol asiático.
ENM: Cada vez mais vemos ligas de países que não tem tanta tradição no futebol tendo um grande crescimento técnico. Em que nível você enxerga hoje o futebol praticado na Tailândia?
Rafael: O futebol tailandês vem crescendo muito nos últimos anos e isso vem dando muita visibilidade ao futebol local, principalmente dentro do continente. O maior exemplo disso é que jogadores do futebol tailandês estão sendo contratados para atuar em grandes clubes fora do país. Isso já mostra a evolução da liga nos últimos anos.
ENM: Levando em conta tudo aquilo que você viu no futebol brasileiro com relação à estrutura, como você qualifica a questão estrutural que o futebol dispõe na Tailândia?
Rafael: A estrutura dos clubes aqui é como em qualquer outro lugar. Os grandes clubes possuem centro de treinamento, alojamento moderno e estádio próprio. Os clubes de menor investimento, mesmo com suas dificuldades, como no Brasil, procuram sempre evoluir para um progresso dentro do país de uma forma geral. As coisas estão acontecendo de uma forma muito além do esperado.
ENM: No Brasil e em outros diversos países do mundo, os torcedores são verdadeiramente fanáticos pelo futebol e transformam os jogadores em grandes estrelas. Como é a relação dos torcedores com os jogadores e a paixão pelo esporte na Tailândia?
Rafael: Quando cheguei, pensava que na Tailândia o esporte principal era o Muay Thai, mas hoje sem dúvida vejo o futebol com essa força. Jogamos muitas vezes com estádio lotado, com o carinho dos torcedores nos jogos, nas ruas… sempre que possível pedem uma foto conosco e nos desejam boa sorte. Eles tem uma educação e um respeito muito grande pelos atletas. O futebol vem cativando muito a população local.
ENM: Muitos jogadores brasileiros acabam se naturalizando cidadãos em outros países até para diminuir o número de estrangeiros no elenco, mas as vezes também passam a defender a seleção nacional desses países. Sua intenção é talvez viver o mesmo processo ou sonha com a seleção brasileira?
Rafael: Para ser sincero, sabemos que jogador sem destaque no cenário mundial, sem passagem por grandes clubes europeus, brasileiros e até mesmo asiáticos, dificilmente terá chance numa convocação. O sonho de todo jogador é defender a seleção de seu país e comigo não é diferente. Nunca pensei em me naturalizar tailandês e meu foco hoje é apenas crescer profissionalmente.
ENM: Você batalhou bastante para realizar o seu sonho de ser jogador de futebol. Que tipo de conselho você daria para o jovem que está começando agora e também tem esse desejo?
Rafael: Todas as profissões tem suas dificuldades, mas sabemos que dentro do futebol tudo fica mais complicado devido à grande concorrência. Meu conselho é nunca desistir. Muitas vezes eu pensei em largar tudo, passei por momentos de grandes dificuldades, mas usei isso com incentivo e força para dar a volta por cima. O resultado vem, mas não é fácil. Tenha fé de que muita coisa legal vai vir pela frente. Nada é impossível.
