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Ex-treinador de Lincoln fala em falta de paciência do Flamengo com o jovem e vê com bons olhos a ida ao Japão: ‘O mundo gira’

Fotos: Reprodução / Flamengo - Edição: Esporte News Mundo

Anunciado oficialmente pelo Vissel Kobe, do Japão, nesta última quarta-feira, Lincoln passou por altos e baixos até ser considerado carta fora do baralho no Flamengo. O jogador considerado promessa nas categorias de base foi promovido em 2017, aos 16 anos aos profissionais do clube, pelo técnico colombiano Reinaldo Rueda no dia 19 de novembro daquele ano.

O Esporte News Mundo conversou com o amazonense Augilmar Silva Oliveira, mais conhecido como Gilmar Popoca. Gilmar, de 56 anos, foi ex-jogador do Flamengo na década de 1980 e conquistou dois títulos brasileiros. Chegou ao Flamengo como técnico em 2015 para comandar o sub-17 e em seguida subiu ao sub-20., ex-treinador das categorias de base do clube na gestão Bandeira de Mello foi comandante do Lincoln do sub-13 ao sub-20.

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No bate-papo, ente outra coisas, ele falou que o Flamengo desvalorizou o jogador no mercado e que a ida do jovem para o futebol asiático o fará bem para ganhar experiência. 

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Esporte News Mundo: Você foi técnico do Lincoln em que categorias de base no Flamengo?

Gilmar Pipoca: O Lincoln foi o meu atleta na categoria sub-13 quando ele ainda tinha 12 anos. Depois passou comigo pela Sub-17 até chegar ao sub-20.

ENM: Lincoln estreou nos profissionais aos 16 anos, no dia 19 de novembro de 2017. Você também via nele um jogador pronto para jogar nos profissionais?

GP: Eu sempre pedia quando estava no Flamengo que não se queimasse etapas com o Lincoln. Eu lembro de quando eu treinava o Sub-20, que já queriam que esse garoto subisse para a categoria. Além de subir queriam que ele já jogasse e até fosse titular do Sub-20. Eu, contudo, insistia que tinha que ter um pouco de paciência, porque tudo tem que ser com tempo, paciência, para haver a evolução do atleta, a maturação dele como jogador…Enfim, coisas que o Lincoln precisava evoluir.

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ENM:Mas quem era as pessoas que insistiam? 

GP: Eu não tenho o porquê de ficar detalhando quem foram as pessoas que insistiram para subir o garoto de categoria. Acabam existindo pessoas que te pressionam e querem se dar bem em cima daquele garoto que está em destaque. Mas no futebol e nas categorias de base você tem que ir pouco à pouco, porque nessa fase tudo é gradativo. Na época como ele estava voltando da seleção sub-17, com 16 anos ele tinha que entender que as coisas são de forma progressiva. Então, ele tinha que esperar para depois ganhar uma oportunidade comigo como teve.

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Faltou um pouco de carinho.

ENM: Mas ele estava pronto para os profissionais quando subiu?

GP: Quando ele chegou nos profissionais foi com uma “bagagem” muito alta, então eu acho que faltou um pouco de carinho. Entretanto como, hoje, tudo é feito na base da correria e sem paciência, querendo que o garoto chegue rapidamente no profissional, as vezes acaba dando no que está dando. O garoto foi um pouco mal aproveitado, não tiveram tanta paciência e aí as coisas acabaram não saindo com ele (Lincoln) gostaria. O que eu posso dizer é que ele é um garoto muito talentoso, muito talentoso, mas acabaram acontecendo essas coisas que o atrapalharam.

ENM – Que tipo de bagagem você está se referindo ? 

-Quando eu falo que subiu com bagagem é porque ele já vinha com destaque muito grande da base. Ele já vinha com destaque dentro do Flamengo desde a Sub -13, depois na sub- 17 até chegar na Sub- 20, onde também se destacava. Então, ele subiu com essa bagagem para o profissional, mas as pessoas têm que entender que ele joga em uma posição que é muito cobrado. Ele joga como camisa 9 e a função é fazer gols, decidir jogos, ser o goleador da equipe e tem muita história essa camisa dentro do Flamengo. Por isso que eu falo que ele subiu com essa bagagem, a expectativa foi muito grande e a gente sabe que a cobrança no Flamengo é de forma gigantesca. Lógico que em 2019 com o Jorge Jesus ele não teve tanta cobrança, porque o time estava encaixado e deu tudo certo, então ficava difícil das pessoas ficarem com o foco nele. Mas no ano seguinte as cobranças foram aumentando e as coisas acabaram não saindo bem. Ele não teve o desempenho que todos esperavam.

ENM: Uma outra outra coisa pode ter atrapalhado o Lincoln no Flamengo ? 

 GP: Uma coisa que pode ter atrapalhado o Lincoln é que ele ficou muito forte fisicamente. Eu não sei se estou sendo um pouco equivocado na minha colocação, mas eu acho que ele ganhou uma massa muscular grande e eu sinto que isso dificuldade ele em executar alguns movimentos e algumas jogadas dentro de campo coisas que ele fazia com muita leveza quando era mais franzino. 

A verdade é que o Flamengo desvalorizou uma moeda que ele tinha altíssima de grande troca.

ENM: Ir para o Japão pode ser uma boa para ele?

GP: Eu vejo assim, o garoto está praticamente queimado dentro do clube, vai ser pouquíssimo aproveitado por algum treinador que chegue no Flamengo. Então, o garoto precisa rodar um pouco para pegar experiência. A verdade é que o Flamengo desvalorizou uma “moeda altíssima” (referência ao valor de mercado do Lincoln que sofreu um declínio nas ofertas) que ele tinha e de grande de troca. O que estamos vendo agora é o resultado disso. O garoto precisa jogar e como no Flamengo ele já não tem mais espaço, como já foi dito por algumas atitudes do clube de castiga-lo, em colocá-lo de volta as categorias de base para treinar. Então é importante que ele rode para conseguir ganhar um pouco de experiência, para que assim ele possa dar prosseguimento a carreira dele.

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É importante ele continuar acreditando nele e confiando. O mundo gira.

ENM: Você ainda tem contato com ele? O que você falaria para ele nesta eminência saída para o Japão?

GP: Eu não tenho muito contato com ele, assim como não tenho com outros da mesma geração do Lincoln. Mas eu falaria para ele dar o máximo de si, procurar sempre se dedicar nos treinamentos, para que ele possa jogar novamente em um grande clube. Mas eu achei importante ele ir para o Japão, o futebol japonês houve uma evolução muito grande. Já é um futebol reconhecido internacionalmente. Então, é ele seguir a vida dele e buscar o melhor, mas agora tem que querer, tem que ter um pouco mais de paixão pelo que ele está fazendo, porque eu sei que as vezes a pancada são muito grandes. Você está em um grande clube e de repente você sai, para um lugar menos conhecido, com um destaque menor no cenário mundial, porém é importante ele continuar acreditando e confiando nele. O mundo gira.

Agora, com 20 anos ele deixa o clube de formação para assinar com o clube asiático por 3 temporadas no valor de três milhões de dólares (cerca de R$ 15,61 milhões) por 75% dos direitos do atleta. Com as parcelas fixadas sendo quitadas em 2021. E o Rubro-Negro permanecendo ainda com 25% dos diretos econômicos do atleta para uma futura negociação.

Na sombra de nomes como Vinicius Jr., Paquetá e Reinier que agora estão atuando no futebol europeu: Real Madrid, Lyon e Borussia Dortmund. Lincoln também despertou interesse de grandes clubes do Velho Continente no começo da sua carreira, mas na época por interesse do próprio Flamengo as negociações nunca avançaram. 

O atacante deixa o clube entre atritos do empresário com dirigente do clube e polêmicas extracampo. O que culminou no final do ano passado, ele ser “rebaixado” para treinar com o Sub-20 pela diretoria do clube, que não agradou ao jogador e o seu staff.

Pelo Rubro-Negro carioca, Lincoln fez 49 jogos, 6 gols, 3 assistências, recebeu 4 cartões amarelos em 1276 minutos integrou o elenco que foi campeão do: Campeonato Brasileiro 2019, Libertadores 2019, Recopa 2020, Super Copa do Brasil 2020 e Campeonato Carioca 2019 e 2020.

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