Atlético-MG

Especialista diz que Galo jamais terá poder financeiro do Fla, mas cita exemplo do xará de Madrid: ‘Atlético-MG pode ser este clube’

Para CEO da Sports Value, com Arena MRV e gestão eficiente, Alvinegro pode competir; Analista destaca importância de identidade de jogo

Foto: Divulgação/Atlético-MG e MRV

O dirigente Alexandre Mattos, em recente entrevista à “ESPN Brasil”, declarou acreditar que o Atlético-MG tem potencial para se tornar um “superclube” no Brasil e alcançar o patamar de Flamengo e Palmeiras. Para projetar o futuro do Alvinegro de Minas Gerais em relação aos rivais de atual maior poderio financeiro, o Esporte News Mundo conversou com Amir Somoggi, CEO da Sports Value – empresa de consultoria e marketing esportivo, que anualmente publica um respeitado estudo do sobre as finanças das equipes do país.

Para o especialista, apesar da construção do estádio próprio (cuja inauguração está prevista para 2022), é irreal pensar que o Atlético-MG, em um futuro próximo, atingirá as receitas de “primos ricos” como Flamengo e Palmeiras.

“Fora dos clubes com grandes orçamentos, caso de Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras, estão os clubes regionais, menores em termos de torcida, como é o caso de Grêmio, Inter, Atlético-MG, Cruzeiro e Santos. Esses precisam ser mais eficientes. O Atlético-MG jamais vai ter o poderio econômico do Flamengo ou do Corinthians, até porque tudo é menor. Cota de tevê, patrocínio…Se você olhar os patrocínios do Atlético-MG, são insignificantes”, avalia Somoggi.

Eficiência é palavra-chave

Apesar de apontar para diferença entre os rendimentos destes dois grupos, porém, o especialista admite que o advento da Arena MRV, aliada a uma boa administração dos ativos que virão com o estádio, pode encurtar a distância do clube mineiro para o primeiro pelotão. E como exemplo, cita o xará “colchonero”:

“Ele (Atlético-MG), fazendo um estádio, podendo desenvolver receitas contundentes de marketing, e ele sendo mais eficiente na gestão dos recursos, pode sim competir. Afinal, o Atlético de Madrid compete com o Barcelona e às vezes é campeão. Então o Atlético-MG pode ser esse clube”, analisa Somoggi, que apesar de acreditar no potencial do alvinegro, destaca um rival gaúcho à frente nesta corrida:

“Eu vejo o Grêmio acima do Atlético-MG hoje, numa situação sólida financeiramente, muito mais perto de competir com o Flamengo do que o Atlético-MG. Em temos de número, o Grêmio apresentou indicadores extremamente positivos. Então o Atlético-MG tem potencial sim, assim como o Vasco também tem, como Santos tem, como o próprio Cruzeiro tem, Grêmio, Inter, Bahia… Mas para isso, vai ter que buscar eficiência”.

Ao exaltar a boa gestão para colher frutos a nível competitivo, Amir Somoggi segue a lógica do livro “A Bola Não Entra Por Acaso” (2010), escrito por Ferran Soriano, ex-dirigente do Barcelona e atual CEO do Manchester City. Mas o empresário é realista, e ressalta que eficiência não trata apenas de balanços financeiros positivos, mas também das boas escolhas próximas do campo de jogo.

“Jogadores mais baratos que façam mais gols, goleiros mais baratos que fechem o gol, essa é a grande questão. O Simeone conseguiu criar uma cultura de vitória do Atlético de Madrid que há pelo menos 20 anos não se via no clube. Então são conceitos de jogo que devem ser analisados, não somente a gestão“, salienta.

Com Simeone, Atlético de Madrid venceu uma La Liga, duas vezes a Liga Europa, e se estabeleceu como terceira força na Espanha (Foto: Divulgação/Atlético de Madrid)

E para falar sobre campo e bola, o EMN também ouviu Mairon Rodrigues, analista de desempenho e um dos idealizadores do “Footure”, portal multiplataformas especializado em estudos sobre o futebol. Para o gaúcho, a exemplo do Atlético de Madrid, conhecido pela já característica plataforma de jogo, esta baseada em uma defesa forte e transições, é preciso “antes de tudo, adotar um estilo”:

“Como é que você quer jogar? Propondo, defendendo, fazendo transição? É trazer jogadores prontos para isso. Buscar atletas com boa relação com bola, físico bom, de muita concentração. É preciso comprar barato, em centros menores. O interior de São Paulo, por exemplo, é uma mina de jogadores baratos, não é preciso buscar na América Latina, principalmente neste momento de alta do dólar. Não pode errar no mercado”, avalia Mairon.

O especialista ainda cita a importância de estar pronto para repor eventuais baixas no elenco, e destaca a necessidade de uma divisão de tarefas bem estabelecida dentro do clube. Para Mairon, o papel de indicar contratações e agir o mercado não pode ser de total responsabilidade do treinador.

“Você tira a diferença para os mais poderosos fazendo prospecção e tendo a reposição pronta. O Atlético de Madrid, por exemplo, tinha o Griezmann, que para mim era o melhor jogador do mundo quando foi vendido, e já tinha o João Félix na mira. E o principal não é contratar ou prospectar, é saber o que o treinador quer. O treinador, no Brasil, ele cuida muito de mercado. E o mercado não pode ser só dele. Ele tem que cuidar de como o time vai jogar, e o pessoal da inteligência de análise e mercado vai cuidar de contratar, sabendo o que o treinador quer. As coisas são separadas, mas tem que andar juntas.

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