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Ex-Coritiba, Rafael Lima revela clima no vestiário e atritos com Jorginho: “Não foi um cara leal. Foi desumano”

Rafael Lima Coritiba
Foto: Coritiba

Rafael Lima vestiu a camisa Alviverde entre 2018 e 2020, presenciou o acesso do Coritiba em 2019 e não chegou a entrar em campo pela Série A em 2020. No total, foram 34 partidas pela equipe, e já era parte dos medalhões do plantel quando foi demitido e liberado do elenco. Em Novembro, o zagueiro foi contratado pelo Paraná Clube e fez parte das últimas 13 rodadas da Série B do Tricolor da Vila. Em entrevista ao Esporte News Mundo, Rafael relembrou sua passagem pelo Coxa e revelou os bastidores de sua demissão.


Rafael, como você vê o Coritiba hoje? Qual o sentimento pelo clube e as memórias que ficam?

O Coritiba é um clube espetacular. Espetacular mesmo. Um clube por quem tenho muito carinho e sempre vou levar comigo. É espetacular também no sentido de estrutura, assim como o Paraná [Clube] oferece. E o Coritiba tem pessoas que permaneceram no clube que são altamente capacitadas e são grandes profissionais também, isso ajuda muito. Eu tenho contato e tenho essa felicidade de por onde passo, os clubes que eu passei, eu tenho a felicidade de além de fazer amizades, de mantê-las. Então, realmente eu penso em um dia retornar ao Coritiba. Como atleta realmente vai ser muito difícil, mas depois que acabar a minha carreira, quem sabe a gente fazer um estágio dentro do clube, enfim, muitas situações que podem surgir. Mas o Coritiba é realmente muito grande, um clube que caiu para a Série B, sim, mas caiu de pé, não passou vergonha. Às vezes, são escolhas mal feitas, ação de alguma comissão técnica.

E na sua opinião, quais foram essas escolhas mal feitas para a temporada passada?

No meu modo de ver, de maneira nenhuma o [Eduardo] Barroca poderia ter saído. O Barroca caiu com algumas rodadas, ele saiu e tinha uma ideia de jogo totalmente montada, tinha o jogo na mão, mas a gente sabe que o futebol brasileiro… ele é muito imediatista, ele quer o agora, e se não acontecer, já mandam embora e já vem outro. Então eu acho que este foi o grande erro do Coritiba em 2020, porque o Barroca é um cara extremamente qualificado, é um profissional que quem o conhece sabe do trabalho dele, e quem acompanha o dia a dia do Coritiba sabe que ele tinha o clube na mão e os jogadores o respeitavam. Os jogadores estavam entendendo a ideia de futebol dele, mas são escolhas, e essas escolhas muitas vezes levam o clube aonde acontece isso que aconteceu.

No meu modo de ver, de maneira nenhuma o [Eduardo] Barroca poderia ter saído.

Como era o extracampo no Coritiba durante a temporada 2020? Como ficava o clima no vestiário?

Todo clube que passa por problemas dentro do campo, no sentido de resultado, [isso] acaba afetando fora dele. Não tem jeito. Porque hoje, com as mídias sociais, o torcedor cobra muito. Mesmo não estando no estádio, o torcedor faz muita pressão, e a gente sabe que tem conselheiros também, que acompanham o dia a dia do clube, que entendem de futebol, os quais muitas vezes querem resultados imediatos e acabam, muitas vezes, querendo o bem, mas atrapalhando. Então o Coritiba passou por isso. O clima era de cobrança e resultado imediato, que não veio.

O clima era de cobrança e resultado imediato, que não veio.

Mas eu tenho certeza que, com os atletas que permaneceram: o Rafinha, Wilson, Nathan Ribeiro, caras que são líderes realmente. Tenho certeza que o Coritiba tem tudo para voltar, e me parece que a nova diretoria é muito comprometida, assim como era o Samir, a gente tem que reconhecer. Eu, particularmente, tenho bons contatos com o Samir. Porque a gente teve problemas com resultados, mas o Samir sempre buscou ser um presidente presente, que mesmo diante das dificuldades, não se escondia, como eu já tive a oportunidade e o desprazer de ver, como aconteceu no Paraná, infelizmente. O Samir, mesmo com todos os problemas de resultado, mantinha os salários em dia, ao contrário do Paraná Clube, que defendi depois. Volto a falar: Infelizmente, o Paraná não conseguiu fazer isso, e manter os salários em dia.

E o que levou à sua saída do Coritiba?

Eu saí do Coritiba porque fui mandado embora, que fique bem claro: não foi porque eu quis. Infelizmente, o Jorginho, com quem eu tive o desprazer de trabalhar, espero nunca mais trabalhar com ele e isso eu devo falar aqui, porque deve girar essa matéria por aí no Brasil: o Jorginho não foi um cara leal. Foi desumano. A minha esposa estava grávida, e tínhamos acabado de descobrir que ela estava grávida. Existia o Covid… sabendo que seria muito difícil eu me empregar depois, pela minha idade, nós sabemos como é. E, infelizmente, o Jorginho. Foi ele quem ceifou minha passagem pelo Coritiba. Somente ele e mais ninguém. Os jogadores tentaram reverter, algumas pessoas da comissão técnica, que depois acabaram saindo, é o caso do Mozart, meu amigo particular também, tentou reverter. Mas o Jorginho pontuou que não queria mais que eu permanecesse, volto a frisar.

Infelizmente, o Jorginho. Foi ele quem ceifou minha passagem pelo Coritiba. Somente ele e mais ninguém.

Eu penso que eu não seria o titular do clube, mas eu poderia de muitas maneiras estar ajudando o clube, assim como ajudei na série B, porque joguei poucos jogos em 2019, mas eu fui importante no processo como um todo, me senti realmente importante. Então respeito a camisa do clube, assim como fiz durante toda minha carreira, procurei sempre dar o melhor, jogando ou não, quis dar sempre minha contribuição. Mas, especificamente do Coritiba, eu não queria sair, e foi especificamente uma pessoa que fez com que eu saísse.

Como foi esse momento? O que passou pela tua cabeça?

A decisão me pegou de surpresa. Até me emociono. Me pegou de surpresa, realmente, eu estava jantando numa noite, depois do jogo com o Atlético Mineiro, e o Paulo Pelaipe me ligou falando que queria conversar comigo. Iria ter um jogo de meio de semana contra o Goiás, na quarta-feira, que o jogo ficou em 3 a 3, e o Pelaipe me ligou dizendo que queria falar comigo no outro dia, que não era para eu ir para o CT, era para ir ao Couto Pereira, porque ele queria conversar comigo lá.

No Couto, ele me passou que foi uma decisão de uma única pessoa, que foi o Jorginho, e até indaguei o que tinha acontecido, se eu fiz alguma coisa errada… enfim, porque durante minha carreira eu tenho uma carreira limpa, então daqui a pouco, o futebol é uma terra de fofoqueiros, infelizmente, daqui a pouco tem aquele disse que me disse, e eu sou homem, tenho que tratar olho no olho, e acabou que o Pelaipe disse “não, o Jorginho não quer trabalhar contigo”. Simples assim. Então virei as costas e disse “tudo bem, meu empresário vai cuidar da situação da rescisão”.

O Pelaipe disse “não, o Jorginho não quer trabalhar contigo”. Simples assim.

Fui no CT pegar as minhas coisas, e indaguei o Jorginho, infelizmente ele usou argumentos do qual eu até… me… eu prefiro não falar, porque eu não concordei e acabou que eu falei aquilo que eu precisava falar para ele. Porque trabalhei com treinadores de altíssimo gabarito e de pessoas também, então eu precisava falar aquilo que eu sentia dele. O clima ficou tenso. E espero nunca mais trabalhar com ele. Depois… é, foi isso que aconteceu: acabaram fazendo a minha rescisão e acabei saindo do clube. Uma pena, porque eu gostava muito de lá, não queria sair.

Uma pena, porque eu gostava muito de lá, não queria sair.

E como você vê o Coritiba hoje? Voltaria pro Coxa mesmo depois disso tudo?

Sem dúvida nenhuma. É um clube que me agrada demais.

Sem dúvida nenhuma. É um clube que me agrada demais. E eu torço muito pelo Coritiba, pelo Paraná Clube também, porque conheci do rapaz que corta grama até o presidente dos dois clubes. Então, principalmente essas pessoas, esses funcionários que recebem menos, eles precisam que o clube ande, precisam que o clube tenha um resultado. Então minha torcida total por esses dois clubes(…). O Coritiba tem pessoas espetaculares, como já disse, grandes profissionais. Espero que o clube possa voltar com méritos esse ano para a Série A. E quem sabe, depois que eu me aposentar dos gramados, eu não volte pra lá pra fazer um estágio, ou como auxiliar técnico, enfim. Eu adoraria voltar.


Rafael Lima foi liberado do contrato com o Paraná Clube após o fim da temporada 2020/2021. No momento, está sem clube e treina com preparadores físicos em Florianópolis. Confira também a primeira parte da entrevista, sobre a carreira do jogador e sua passagem pelo Paraná Clube. Para ficar por dentro do mercado da bola e de tudo o que acontece no futebol brasileiro, siga o Esporte News Mundo no TwitterInstagram e Facebook.

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