Seleção Brasileira

‘É alegria para quem sofre tanto preconceito’, diz Formiga sobre libertação das jogadoras brasileiras

'É alegria para quem sofre tanto preconceito', diz Formiga sobre libertação das jogadoras brasileiras
Foto: Sam Robles/CBF

A jogadora mais experiente do elenco da Seleção Brasileira Feminina, Formiga, concedeu entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (23). Aos jornalistas, a atleta falou sobre diversos assuntos interessantes, como a fase de Marta, a sensação de ser a última Olimpíada que disputa e objetivos ao fim da carreira, além de, claro, falar sobre o próximo jogo contra a Holanda.

Porém, o maior comentário de Formiga foi sobre a pauta LGBTQIA+, que está tendo uma forte representatividade com as jogadoras brasileiras do futebol feminino. A própria entrevistada teve a sua esposa, Erica Jesus, falando ao vivo em rede nacional. Cristiane também fez comentários na televisão com o filho Bento no colo e com a companheira Ana Paula ao lado. Além disso, a camisa 10, Marta, deu uma entrevista explicando que a comemoração do gol foi para a noiva dela.

— Como somos exemplo e espelho para muitas pessoas, acho que não só no futebol, a gente representa milhões de pessoas. Acho bacana a gente se posicionar, continuar quebrando esse preconceito e essas barreiras, sair do armário realmente. Eu particularmente não vejo nenhum problema e fiquei feliz em saber que minha esposa esteve falando na TV e que a Marta também se posicionou. Mundialmente, ela é a maior representante do futebol brasileiro, a Cristiane com o seu filhão Bento, é uma maravilha. Acho que, dessa forma, a gente vai conquistando o respeito das pessoas, porque eu acho que esse nosso lado fora do campo, as pessoas precisam saber e respeitar, o respeito é tudo. Então, não é só respeitar por ser atleta e pelo profissional, mas também por ser humano. Então, temos o nosso lado, as pessoas têm que saber. Fico feliz por elas e espero que outras atletas também possam se posicionar, porque dessa forma, juntas vamos conquistar o respeito do mundo e acabar com esse preconceito.

Falando mais especificamente da Marta, que se casou com a também jogadora Toni Deion Pressley, Formiga comemorou a sua leveza neste momento atual e que a liberdade da camisa 10 da Seleção Brasileira é uma conquista para quem sofre preconceito.

— Eu fico feliz em ver ela tão livre, isso só ajuda a gente aqui na seleção. Ela poder se libertar e fazer o que ela gosta só traz alegria, acredito ser um momento mágico para ela e para nós, na verdade, que sofre tanto preconceito, sempre somos julgadas até mesmo quando não saímos do armário. Eu também vejo que ela está com essa leveza toda e fico super contente com isso, acredito que ela, dessa forma, só tende a acrescentar para o futebol feminino não só no Brasil, como mundialmente. Sabemos da importância dela no esporte e ela estando assim, acho que encoraja muitas pessoas também a sair do armário e poder sentir essa liberdade. Ela aqui dentro dos bastidores sempre foi assim, que bom que ela está transmitindo essa alegria e essa leveza à tantas pessoas.

Para ficar informado sobre tudo que acontece com a Seleção Feminina nas Olimpíadas, siga o Esporte News Mundo no TwitterFacebook e Instagram.

Últimas Olimpíadas

Aos seus 43 anos, Formiga já declarou que esta será a sua última Olimpíada como jogadora de futebol. A atleta disse que espera ser lembrada como uma referência no esporte e revelou a sua vontade de ser treinadora e até gestora depois de sua aposentadoria.

— A primeira coisa que eu penso é que com 43 anos, estou jogando a minha sétima Olimpíada, no nível que estou, às vezes algumas pessoas achem que isso é coisa anormal, que um ser humano jamais teria a capacidade de atingir. Então, acho que as pessoas vão lembrar da minha idade, de estar jogando em alto nível em uma Olimpíada, a mais velha a atuar. Sempre falei que o meu desejo após o futebol é ser treinadora, fazer os cursos e, caso sobrar um espaço, com dedicação, vou para o lado da gestão também. O que eu não posso é ficar longe do futebol.

Esta já é a sétima Olimpíada disputada por Formiga. Apesar de ser tricampeã dos jogos Pan-Americanos, a jogadora nunca conquistou a medalha de ouro da competição que hoje é disputada na China e a meia confessou que em sua última participação, quer ser campeã e levar o título para o Brasil.

— O que eu não quero ver aqui é sair daqui sem medalha, sem dúvidas quero dar uma medalha para o Brasil, a de ouro. Nesse momento estou mais madura, um pouco mais paciente com algumas situações para ajudar o grupo a tomar as decisões corretas dentro de campo. Acho que, por ser a minha última e eu ter vivido tantas, eu consigo ajudar a equipe para que possamos avançar fase a fase.

'É alegria para quem sofre tanto preconceito', diz Formiga sobre libertação das jogadoras brasileiras
Foto: Sam Robles/CBF

Próximo jogo

Após a goleada por 5 a 0 na estreia das Olimpíadas contra a China, o Brasil enfrenta a vice-campeã mundial Holanda neste sábado (24), às 8h (Horário de Brasília). Formiga disse que o grupo é maduro para conter a euforia da vitória elástica no último jogo e se preparar para o próximo confronto.

Conter a euforia manter a concentração contra a vice-campeã mundial
— Eu fico até um pouco aliviada na questão de ser líder, experiente e poder conter essa euforia de um 5 a 0, porque as meninas, de certa forma, já têm a sua experiência, elas sabem que demos apenas o primeiro passo, pulamos apenas um degrau e temos muitas pedreiras pela frente ainda. Uma potência como a Holanda, todas sabem que não vai ser fácil, então, o que passou, passou, agora é ter foco total na Holanda, que a gente possa fazer um excelente jogo e conseguir a segunda vitória para dar mais confiança ainda o nosso grupo.

Como uma das peças mais importantes do meio de campo, Formiga terá a missão de parar o forte ataque holandês e realizar transições rápidas para tentar surpreender a defesa adversária. A jogadora brasileira considera a defesa holandesa lenta e disse que o Brasil pode fazer um trabalho tático, junto da comissão técnica, para vencer a Holanda.

Como conter a Holanda
— A gente sabe dessa potência do meio de campo para frente da Holanda, o que a Pia sempre pede para a gente é para ter essa compactação e é o que nós vamos fazer. Fugimos um pouco no jogo contra a China e nesse jogo contra a Holanda será totalmente diferente e a gente precisa estar realmente bem compactadas e a comunicação será um fator que vai nos ajudar bastante, de goleira para zagueira, para o meio de campo e dali para as atacantes. E aproveitar que a zaga delas não é tão rápida e a gente explorar o contra-ataque, se a gente conseguir roubar essa bola e já fazer essa transição direta no ataque, com a bola no chão, a gente leva vantagem. A qualidade do meio de campo delas é impressionante, mas eu acredito fazer um trabalho em conjunto, a linha de quatro no meio de campo vai nos ajudar bastante para que a gente não sofra tanto lá atrás.

Clique para comentar

Comente esta reportagem

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

As últimas

Para o Topo