Ceará

Geraldo prega respeito ao Fortaleza, mas declara: ‘Todos sabem que torço pelo Ceará’

Foto: Divulgação / Cearasc.com

Jogador aposentado, Geraldo defendeu Ceará e Fortaleza, as duas maiores forças e rivalidades do futebol cearense. Em entrevista ao perfil da torcida Ceará Chopp, o ex-meia pregou total respeito ao Tricolor do Pici, onde trabalhou em 2012, mas declarou ser torcedor do Alvinegro de Porangabuçu.

No mundo do futebol, o jogador muda rapidamente de papel, saindo de herói para vilão e vice-versa. Com Geraldo não foi muito diferente. Um dos protagonistas no “renascimento” do Ceará em 2009, quando foi um dos líderes do grupo que conquistou o acesso à Série A do Brasileirão, o ídolo passou a ser visto como um traidor quando foi jogar no rival Fortaleza.

“Agradeço de coração os três anos que passei (no Ceará). Tenho que levantar uma bola que o torcedor infelizmente fica lembrando de certas coisas, criticando. O atleta profissional ele vive entre o ódio e o amor. Respeito bastante o adversário, onde também trabalhei, mas todos sabem que eu torço pelo Ceará”, afirmou o ex-camisa 10 e capitão do Vovô.

Quando G10, como ficou apelidado, chegou ao Alvinegro em 2009, o clube estava na Série B havia 16 anos. Ao lado de jogadores que, assim como Geraldo, também deixaram sua marca, o elenco tirou o Ceará da zona de rebaixamento e levou ao acesso à elite do futebol brasileiro. Um dos líderes daquele grupo, o ex-meia citou exemplos de antigos companheiros seus que também são torcedores do Vovô e contou que se sentir honrado quando lembram positivamente de sua trajetória em Porangabuçu.

“Não sou torcedor declarado como o Michel, Boiadeiro e Fabrício. Sou profissional, mas como torcedor eu torço para o Ceará cada vez mais. Como (torci) quando ganhou a Copa do Nordeste, quando ganha Estadual, jogando Campeonato Brasileiro. Para mim, é o maior orgulho quando chego nas cidades e todo mundo fala ‘olha o Geraldo do Ceará, aquele que arrebentou com o Flamengo‘”, disse.

“Virando a casaca”

Fundamental na reconstrução do clube, Geraldo defendeu o Ceará com muita raça entre 2009 e o julho de 2011. No entanto, a queda de rendimento do então capitão e o pouco espaço no time titular foram motivos para que ele buscasse novos ares ao fim do Estadual daquele ano. O Vitória-BA foi sua casa até o fim de 2011.

Com o rebaixamento para à Série B, o Vovô iniciou 2012 fazendo mudanças na equipe e o retorno de Geraldo era visto como importante. Além do futebol, esperava-se que a presença de mais um líder no grupo iria ajudar para uma boa campanha. Mas o fim dessa novela não foi o esperado pelos torcedores. Entre negociações e ofertas que não agradavam ambas as partes, houve desgaste entre a então diretoria do Ceará e o jogador. Presidente do clube na época, Evandro Leitão chegou a revelar exigências feitas por Geraldo para voltar.

“O Geraldo nos procurou, pediu um apartamento de luva e, depois do Estadual, um cargo diretivo. Mas, o Ceará não é INSS“, declarou na época o ex-presidente do Ceará e atual presidente do Conselho Deliberativo do clube.

Na mesma semana, Geraldo fechou contrato com o Fortaleza com vínculo até o fim da temporada. As tranças dos seus cabelos que antes eram preta e branca passaram a ser em vermelho, azul e branco. O G10 passava a ser chamado de G38.

Alvo de muitas críticas, Geraldo foi bastante vaiado pela torcida alvinegra nos Clássicos-Reis daquele ano. No primeiro confronto contra o Vovô, ele saiu vencedor. No segundo foi derrotado. Já no terceiro, e o clássico mais importante entre os três, a partida acabou empatada por 1 a 1, mas o Vovô conquistou o bicampeonato Cearense.

Mesmo que muitos optem em crucificar sua escolha de ter ido jogar no maior rival, não se pode negar a importância de Geraldo para a história do clube pelo fez dentro de campo. Em 2009, liderou o time que fez uma campanha extraordinária na Série B, terminando na terceira posição e conquistando o acesso à Primeira Divisão. De sua chegada até seu adeus, em julho de 2011, o “G10” marcou 39 gols em 141 jogos, sendo 127 como titular, segundo dados de Mário Henriques. Bicampeão cearense, no currículo do ex-capitão também consta uma classificação para à Sul-Americana e a terceira melhor colocação na Copa do Brasil em 2011.

Já no Leão, a lista de grandes momentos é pequena. Quando foi anunciado em meio à tanta polêmica, o clube aproveitou o momento e passou a vender perucas com tranças nas cores do Tricolor do Pici. Na época, era de muita normalidade encontrar um torcedor leonino usando com orgulho o apetrecho sendo ou não dia de jogo do Fortaleza. Em campo, o “G38” foi autor de muitas assistências e balançou as redes 15 vezes em 45 partidas, segundo dados de Luca Laprovitera. No entanto, suas atuações diante do Ceará e Oeste, na final do Cearense e mata-mata da Série C de 2012, respectivamente, deixaram a imagem de um atleta que fracassou pelo clube em sua passagem.

Sabendo que torcedor é movido à paixão, Geraldo pediu perdão ao alvinegro que sentiu ofendido, mas afirmou que agiu como profissional. Em entrevista via live à página da torcida Ceará Chopp, o ex-jogador também aproveitou para citar exemplos de atletas cearenses que também defenderam Ceará e Fortaleza mesmo torcendo para o time rival.

“Peço desculpa a qualquer coisa que eu possa ter feito que magoou alguns. Não se sintam magoados, eu fui profissional. Eu sou profissional, mas sou torcedor do Ceará. Assim como o Clodoaldo jogou no Ceará e no Fortaleza e é torcedor do Fortaleza, como o Osvaldo que jogou nos dois e é torcedor do Fortaleza. Eu sou o Geraldo que jogou nos dois e sou torcedor do Ceará e quero que o Ceará esteja cada vez mais lá em cima”, finalizou.

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