Erguido sobre as águas do Guaíba, o Beira-Rio completa 52 anos nesta terça-feira, dia 6 de abril de 2021. O estádio foi palco das maiores conquistas do Internacional — exceto, claro, o título Mundial no Japão. O Gigante, após a reforma, foi sede da Copa do Mundo do Brasil de 2014. Foram tantos momentos marcantes vividos na Avenida Padre Cacique, 891.
INAUGURAÇÃO E GLÓRIAS
A história começou a ser escrita em agosto de 1956. À época, o Internacional recebeu uma doação da Prefeitura de Porto Alegre, após projeto protocolado pelo vereador e ex-presidente colorado Ephraim Pinheiro Cabral: um terreno ainda imaginário – e talvez inimaginável – de 7,5 hectares, onde tudo era água. Porém, apenas três anos mais tarde, em 1959, que o sonho de construir o estádio começou a sair do papel. Um lugar que viria a se tornar o placo das grandes conquistas coloradas.
Quando a torcida colorada fala que o Gigante foi impulsionado por ela própria, não é figura de linguagem. Os colorados compraram e venderam rifas, doaram tijolos e viraram até cimento para financiar a obra. Até mesmo o ídolo Falcão ajudou na construção do Beira-Rio. “Nunca duvide de um povo que ergueu um gigante sobre as águas.”
A inauguração aconteceu no dia 6 de abril de 1969. De imediato, o nome estádio foi dado: José Pinheiro Borda, em homenagem ao presidente da Comissão de Obras falecido antes de ver seu sonho se tornar realidade. O primeiro jogo a ser disputado foi entre Internacional e Benfica do lendário Eusébio. Vitória colorada por 2 a 1. Gols de Claudiomiro e Gilson Porto para os gaúchos; Eusébio descontou para os portugueses.
A construção do Beira-Rio marcou o início de uma nova era do clube. A década de 70, além da conquista do octacampeonato gaúcho, até hoje inalcançável (1969 a 1976), ficou marcada pelo tricampeonato brasileiro (1975-1976-1979 invicto). O Inter, iluminado por Figueroa, Falcão, Carpegiani, entre outros, expandia seu domínio além do Rio Grande do Sul e se tornava dono do Brasil.
Os anos 80 foram marcados por “vacas magras”, com a conquista de quatro títulos gaúchos, além do Gre-Nal do Século, em 1989, que não sai da cabeça da torcida colorada. O Gigante da Beira-Rio só voltaria a ver um título nacional em 1992, quando o Colorado derrotou o Fluminense por 1 a 0 e conquistou a Copa do Brasil, a única da história do clube.
Anos mais tardes, em meados da década de 2000, o Beira-Rio mais uma vez voltou a ser palco de grandes conquistas. Dessa vez, fazendo jus ao nome do clube: Internacional. Em 2006, o estádio viu a primeira Libertadores colorada, após despachar o São Paulo na decisão. Foi o primeiro título de outros que viriam: bicampeonato da Libertadores (2010), bicampeonato da Recopa Sul-Americana (2007-2011) e campeão da Copa Sul-Americana (2011). Até mesmo o Mundial de Clubes, em 2006, que foi conquistado em Yokohama, no Japão, teve a festa da chegada no saudoso Estádio Gigante da Beira-Rio.
NOVO BEIRA-RIO E COPA DO MUNDO
Para receber a Copa do Mundo em 2014, o Beira-Rio precisou ser repaginado. No dia 19 de março de 2012, Giovanni Luigi, presidente do Inter à época, e seus pares enfim assinaram o contrato com a empresa Andrade Gutierrez para a remodelação do local que já havia sido o de tantas glórias do clube.
O Beira-Rio foi reinaugurado no dia 5 de abril de 2014 com o espetáculo “Os Protagonistas”, onde vários ídolos do clube estiveram presentes. No dia seguinte, o amistoso entre Internacional e Peñarol-URU marcou a reinauguração oficial do estádio para jogos: vitória colorada por 2 a 1, com dois gols de D’Alessandro.
O estádio foi palco de cinco jogos na Copa do Mundo de 2014: França (3 x 0) Honduras, Coreia do Sul (2 x 4) Árgélia, Nigéria (2 x 3) Argentina, Austrália (2 x 3) Holanda e Alemanha (2 x 1) Argélia.
Desde a remodelação do Gigante da Beira-Rio, o Internacional conquistou apenas dois Campeonatos Gaúchos, sendo o último em 2016, quando derrotou o Juventude na final. Nos duas últimas temporadas, porém, o estádio foi palco de dois títulos perdidos pelo clube: a Copa do Brasil, em 2019, para o Athletico-PR, e o Brasileirão, em fevereiro de 2021, ao não vencer o Corinthians.
Com a pandemia da Covid-19, o Beira-Rio não sabe o que é ter público há um ano e 29 dias. O torcedor Colorado não vê a hora de poder pisar na sua segunda casa outra vez: o Gigante da Beira-Rio, na Avenida Padre Cacique, 891.
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