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Gustavo Nepote abre o jogo sobre chegada ao Brasil, São Paulo e relação com Zetti

Fotos: Arquivo Pessoal

Gabriella Brizotti e João Victor Carneiro

                 

Ao falarmos de São Paulo, sempre nos vem à cabeça o nome de Rogério Ceni. Um dos maiores arqueiros brasileiros e que ficou mundialmente reconhecido pela sua habilidade de marcar gols, além das excelentes defesas. Antes de Ceni, outros grandes nomes também defenderam a meta Tricolor, como por exemplo, Zetti, Waldir Peres e Poy. Atualmente a função de defender o gol do São Paulo, está com Tiago Volpi! O atleta de 30 anos, está no Tricolor desde 2019 e vem chamando a atenção por algumas de suas atuações. 

Atualmente, o plantel de goleiros da equipe paulista, está sendo treinado pelo argentino Gustavo Nepote, experiente na função e que desembarcou no Brasil juntamente da comissão técnica de Hernán Crespo. 

Na bagagem, Nepote trouxe o título da Copa Sul-Americana com o Defensa y Justicia em 2020 e também a oportunidade de ter trabalhado em clubes como Banfield, Patronato, Quilmes e Sarmiento, todos do futebol argentino.

Em entrevista exclusiva ao Esporte News Mundo, Gustavo Nepote falou sobre a saudade de casa, preparação de goleiros no Brasil e na Argentina e também como ele enxerga o futebol. 

Gustavo Nepote

Chegada ao Brasil 

Era 16 de fevereiro de 2021, quando Hernán Crespo e toda sua comissão desembarcaram no Brasil. Por serem profissionais todos argentinos, muitos não vieram acompanhados de suas famílias e isso para Nepote é um dos fatores mais complicados:

– Eu estou sozinho aqui no Brasil, toda minha família não está aqui. Tenho três filhos e eles estão na Argentina. O que mais custa é deixar os afetos. Eu e o Hernan somos os que estamos mais sozinhos aqui e nos custa muito. Ainda não consegui ver meus filhos. Meus companheiros de comissão estão com suas famílias e eu não. Sinto falta desses afetos – contou o treinador. 

Uma das principais missões dessa comissão técnica, era auxiliar o São Paulo a sair de uma fila de títulos que já durava 9 anos. Quando os recém-chegados desembarcaram no Brasil, a situação era ainda mais complicada: O Tricolor havia perdido um título praticamente ganho do Campeonato Brasileiro, além de ser eliminado na semifinal da Copa do Brasil. A fase não era fácil, entretanto, Nepote sabia da grandeza do São Paulo:

– Eu me senti um privilegiado de poder vir a desenvolver meu trabalho, com goleiros tão importantes como os que eu encontrei aqui. Volpi, Perri, Thiago Couto, Arthur… Goleiros com uma disciplina e um treinamento muito alto. Eu senti isso, privilégio, satisfação, orgulho de poder vir a São Paulo.

E claro, além dos problemas em campo e fora de campo, os membros da comissão técnica de Hernán Crespo tiveram que lidar com a pandemia de Covid-19 e estar distante da família.

– A princípio não foi nada fácil. Viemos em 15 de fevereiro, plena pandemia, tudo muito fechado. Ficamos no hotel. Foi um pouco difícil, sem treino. Depois quando começamos a treinar foi ficando tudo mais fácil, mas ótimo e depois quando começou o calendário, o torneio, mais fácil. Falar mais ou menos (o Português) foi o que mais nos custou, mas hoje tenho o Volpi que trabalhou no México e fala espanhol, então facilita tudo. Eu estou sozinho aqui no Brasil, toda minha família está no Brasil. Tenho três filhos e eles estão na Argentina. O que mais custa é deixar os afetos.

O jogo

Desde que Crespo assumiu, foi notável o pedido dele para que os goleiros sempre joguem com os pés. Atualmente, o São Paulo utiliza a saída curta com passes que partem desde o goleiro. A medida foi um pouco flexibilizada após a saída de Fernando Diniz, porém ainda faz parte do roteiro dos jogos do Tricolor.

– Hoje estamos com um goleiro muito moderno em todos os aspectos e nós como treinadores temos que nos acostumar com o goleiro moderno que requer muito trabalho com os pés, juntamente com a defesa. Na minha comissão técnica nós necessitamos que o goleiro jogue muito com os pés. Então cabe a nós treinadores dar ferramentas para que o goleiro tenha as duas coisas, mas principalmente o jogo com os pés, porque em uma partida, o goleiro, eu acredito que jogue mais com os pés do que com as mãos. Mas precisa estar preparado para defender as bolas que chegam – explicou Nepote.

Atualmente o titular do São Paulo é Thiago Volpi. Considerado o melhor goleiro do time após Ceni, o arqueiro tem como um dos principais atributos a saída de bola.

– Eu não conhecia o Volpi, mas estava informado de suas características e também dos goleiros brasileiros. Sempre estava vendo e tratando de se informar. Mas eu não sabia como era nos treinos, no dia a dia e isso fui descobrindo aos poucos. Me encontrei com um goleiro de alto nível, com uma disciplina enorme, com um goleiro que sabe o que quer quando entra no campo de jogo. É um goleiro que todos os dias me chama a atenção. Está sempre em um alto nível. 

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Relação com o Zetti

Nepote trabalha com a equipe principal, enquanto que o diretor de goleiros da base, é Zetti. Multicampeão com o São Paulo e também com a Seleção Brasileira, o diretor é uma inspiração para diversos arqueiros que venham aparecer no Tricolor.

Gustavo Nepote não deixou de demonstrar o carinho e a admiração que tem pelo ex-goleiro:

–  Ele (Zetti) veio com alguns goleiros da base, nós conversamos. Para mim é uma honra e eu nunca pude chegar nem perto do que o Zetti conquistou como goleiro. Quando eu vi, fiquei arrepiado. Eu sou o treinador do plantel e tenho orgulho e satisfação de poder falar com ele. Ficamos de nos encontrar mais vezes para conversar e seguir falando do trabalho dos goleiros da base e profissionais.

Brasil x Argentina

São algumas as diferenças que percebemos ao analisar o futebol brasileiro e o argentino, seja no estilo ou até mesmo na formação de jogo. Um dos maiores clássicos do mundo no âmbito de seleções, é protagonizado por Brasil x Argentina. Inclusive, foram essas as seleções que disputaram a final da Copa América, na qual a seleção albiceleste se consagrou campeã com gol de Di Maria. 

Morando no Brasil, Gustavo precisa lidar com a paixão e patriotismo pelo seu país e também com o respeito e o carinho pelo país que o recebeu:

– Eu falo pessoalmente o que eu penso. Quando estamos na Argentina, eu sou um grande admirador do futebol brasileiro. Vejo muito talento no jogador brasileiro e na Argentina cada vez que enfrentamos o futebol brasileiro sabemos que esse talento pode fazer a diferença, por tudo isso que o brasileiro traz do berço, da essência futebolística. Isso acho que é a principal diferença do futebol argentino. Argentina tem, talvez o que nós vemos e podemos compartilhar no dia a dia que é um pouco a atitude, a garra, o temperamento, talvez isso seja o que nós queremos compartilhar e unir. Unir o talento com a atitude para poder chegar mais acima. É a maior diferença que eu acredito. Não significa que o brasileiro não tenha atitude, mas é uma grande diferença – finalizou.

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