Atlético-MG

Jogadores do Atlético-MG na época da ditadura militar, atacante Reinaldo e goleiro Marzukiewicz foram monitorados por ‘serviço de espionagem’

Pedro Souza/Atlético-MG

Defendendo as cores do Atlético na década de 70 – período da ditadura militar no Brasil – o atacante Reinaldo e o goleiro Marzukiewicz, chamaram a atenção do SNI – Serviço Nacional de Informações, sistema que espionava os cidadãos que iam contra à ditadura.

De acordo com relatórios obtidos pelo site Jornalistas Livres, com acesso ao Arquivo Nacional, os relatórios dos espiões monitoravam de perto a situação dos dois jogadores. Em um deles, datado de 20 de abril de 1978, Reinaldo foi pautado em decorrência de uma entrevista cedida ao jornal “Movimento”.

No corpo documento, cinco tópicos foram relatados. A chamada do jornal que dizia: “Reinaldo, o goleador do Atlético, bom de bola, é o artilheiro do Campeonato Nacional, e bom de cuca, diz que o povo sabe votar e defende a Constituinte”. Já no ponto dois, é enfatizado uma fala dita pelo atleta.

– Sempre que tenho tempo, leio jornais diários, a revista Veja, assim como os jornais movimento e De Fato, mantendo ainda o costume de ler a crônica diária de Carlos Drumond de Andrade. Atualmente, estou lendo o livro Cartas da Prisão, de Frei Beto (…) Pelé não tem opinião própria, pois no futebol é muito difícil preservar a personalidade. (…) Eles fizeram o povo se afastar da política, mas é claro que o povo tem maturidade para votar. Isso já foi demonstrado diversas vezes no passado e não é possível que quem já votou uma vez vá ficar imaturo depois de velho. Está na hora de aproximar todo mundo das decisões políticas. O povo tem sua opinião e essa opinião deve ser respeitada.

Os outros pontos abordados seguiam a mesma linhagem, com manchetes ligando Reinaldo a opiniões políticas e exemplificando com algumas falas ditas pelo atleta em entrevistas ao longo dos meses. Vale destacar, que o jornal “Movimento”, teve o conteúdo censurado por um tempo.

As posições de Reinaldo quase custaram a ida à Seleção, no entanto, o atacante alegou que a entrevista o ajudou a assegurar a vaga com a amarelinha. Na época, o presidente da então CDB (Confederação Brasileira de Desportos) queria corta-lo alegando problemas físicos, visto que o jogador já era visto com olhos tortos por comemoras os gols com o punho cerrado para cima.

Marzukiewicz

Já no caso do goleiro uruguaio, os espiões o mantinham sobre “observação” devido a uma possível ligação do jogador com o grupo Tupamaros, pioneiro na guerrilha urbana na América Latina e no Caribe. De acordo com o documento de junho de 1973, a imprensa então, havia divulgado esse possível envolvimento.

Naquela época, o Uruguai também passava por uma ditadura militar e por isso, o consulado brasileiro no país foi acionado, mas nada foi feito. Marzukiewicz seguiu no Atlético até 1974.

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