Futebol Internacional

Clubes da Ligue 1 enfrentam grave crise financeira após rompimento do contrato de TV

Divulgação / Lille OSC

A maioria dos clubes franceses estão enfrentando grave crise financeira após o rompimento do contrato de TV da Ligue 1, afirma a imprensa europeia.

O contratos assinados pela Mediapro (com valor anual de €780 milhões) e BeiN Sports (€330 milhões anuais) foram rompidos na última semana devido à falta de pagamento provocada pela crise financeira.

Quando os direitos foram vendidos à Mediapro em 2018, críticas e suspeitas surgiram pelo fato da empresa espanhola não ter oferecido garantias financeiras. Na época, o Campeonato Italiano também estava abandonando a empresa devido à este fato, classificado por Gaetano Miccichè, presidente da Serie A, como “inaceitável”.

A Mediapro cobrava €25 (cerca de R$80 por mês) para a assinatura do canal PPV Téléfoot, designado para transmitir 8 jogos por rodada da Ligue 1 e todos os jogos da Ligue 2. O canal também dividia com a RMC Sport os direitos da Champions e League e Europa League.

Em abril, a situação da Mediapro se agravou quando as competições foram paralisadas por conta da Covid-19 e a nota de crédito da empresa foi rebaixada. Ainda assim, a primeira parcela de €172mi foi paga aos clubes em agosto.

Entretanto, quando chegou o momento do pagamento da segunda parcela no final de outubro, a empresa espanhola acusou problemas financeiros e pediu para adiar o pagamento. Na época, o CEO da empresa, Jaume Roures, confessou que o impacto do coronavírus estava atrapalhando os negócios da empresa.

“É óbvio que a Covid está afetando muitos aspectos de nossa capacidade de explorar nossos direitos. Queremos renegociar o contrato para esta temporada. Não questionamos o projeto como ele é, mas os bares e restaurantes estão fechados e a publicidade está baixa”.

O jornal L’Équipe chegou a afirmar que a Mediapro requisitou um desconto de 25%. Inclusive, alguns presidentes de clube também afirmaram que uma das motivações de não ter encerrado a temporada 2019-20 no campo ocorreu para proteger a Mediapro na negociação dos novos contratos de TV.

Na última semana, ocorreu o desfecho da situação. O Téléfoot anunciou que as renegociações com os clubes falhou e estará encerrando suas transmissões em breve. A Mediapro pagou apenas 10% do que prometeu aos clubes nos últimos quatro meses.

Preocupação com a Mediapro era antiga

No início deste ano, os problemas já estavam começando a pairar na França quando o ex-presidente do Nice, Gauthier Ganaye, protestou abertamente contra o contrato que foi assinado com a Mediapro.

“O que me preocupa é: a liga tomou todas as garantias necessárias para garantir que a Mediapro pudesse realmente entregar e pagar o dinheiro que prometeu? Podemos acabar em uma situação séria de caixa para alguns clubes, então é por isso que eu realmente espero que a liga tenha todas as garantias e os executivos da liga tenham feito seu trabalho com muito zelo, para garantir que não haja problemas mais adiante, porque isso pode causar problemas enormes ao futebol francês.”

Na França, o Canal+ era o grande protagonista do futebol local, acumulando por muitos anos a exclusividade de transmissão das partidas da primeira divisão francesa. Também no início de 2020, o presidente da emissora, Maxime Saada, apontou os riscos que levaram à esta situação de agora.

“Estou desapontado por não termos mantido os direitos, mas o preço era completamente irracional. Era impossível para nós fazer esse tipo de loucura funcionar e acredito que seja impossível para qualquer ator do setor fazer esse tipo de loucura funcionar”.

E agora?

Antiga parceira, o Canal+ está sendo procurado pelos clubes e pela liga para uma rápida assinatura de contrato. Contudo, segundo informações da Get French Football News emissora está sendo muito dura nas negociações impondo diversas cláusulas, buscando contrato de longo prazo.

Essas fontes afirmaram que o Canal+ está oferecendo um contrato de apenas €700 milhões por temporada, um valor abaixo do que era pago antes da Mediapro. O presidente do Reims, Jean-Pierre Calliot, desabafou no início deste mês sobre esta situação.

Quando você não tem nenhum dinheiro com direitos de TV, ingressos ou hospitalidade, você terá que me explicar como devemos manter nosso negócio funcionando. Se a liga não conseguir um novo empréstimo, o que está longe de ser garantido neste momento, acho que em fevereiro ou março haverá muitos clubes que não poderão pagar seus jogadores e funcionários. Porque muitas vezes esquecemos que um clube de futebol não tem apenas 11 jogadores.”

Como foi ressaltado por Jean-Pierre Calliot, os clubes estão buscando o governo francês para tentar empréstimos. Porém, o ministro da educação e dos esportes, Jean-Michel Balnquer, disse que uma ajuda financeira neste momento para ajudar clubes de futebol com dinheiro público é “muito improvável”.

“Não podemos, na vida empresarial, correr riscos desse tipo e depois chamar o estado como um bombeiro com dinheiro público para de alguma forma cobrir os custos,”, disse o ministro.

Enquanto isso, os clubes franceses seguem atuando na Ligue 1 e Ligue 2 normalmente sem a presença do público, que chegou a voltar aos estádios no início da temporada, mas teve a liberação novamente proibida com a chamada “segunda onda” do coronavírus.

Resumo da Mediapro

A Mediapro é uma empresa de comunicações multimídia espanhol fundada em 1994 em Barcelona com diversos escritórios espalhados pelo mundo.

Na América do Sul, estabeleceu uma parceira com a Conmebol para gerar imagens de suas competições em contrato que passou a ser válido a partir de 2019.

No Brasil, chegou a manter contato com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para avaliar a compra do canal FOX Sports Brasil, enquanto o mesmo esteve em processo de venda.

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