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#Maraca70ENM: Maracanazo é a única derrota do Brasil em torneios oficiais no Rio

O Maracanazo calou cerca de 200 mil torcedores que estavam no estádio aquele dia (Foto: expressodasilhas.cv)

O Estádio Jornalista Mario Filho, o Maracanã, é um dos estádios mais famosos do mundo. O estádio, que foi construído para a copa de 1950, tinha uma estrutura oval e a impressionante capacidade para receber cerca de 200 mil pessoas. Na época, o Maracanã era o maior estádio do mundo. Palco de grandes partidas, o templo do futebol se calou diante da maior tragédia da nossa seleção até então, o Maracanazo.

                 

A Copa do Mundo de 1950 teve 16 seleções classificadas, mas as seleções da Índia, Turquia e Escócia desistiram de participar. Assim, as equipes foram divididas em quatro grupos, tendo o grupo 4 ficando com apenas duas seleções: Uruguai e Bolívia.

Os primeiros colocados de cada grupo se classificaram para o quadrangular decisivo – Brasil, Uruguai, Espanha e Suécia. As duas seleções Sul-americanas venceram as européias e chegaram à final, disputada no Maracanã no dia 16 de junho de 1950.

O Maracanã abrigou oito jogos da competição. Nele, a Seleção Brasileira fez cinco de suas seis partidas, incluindo a fatídica final. A primeira partida oficial do estádio aconteceu no dia 24 de junho, com vitoria do Brasil sobre o México por 4 a 0.

CAMPANHA DA SELEÇÃO BRASILEIRA

A Seleção Brasileira fez uma grande campanha embalada pelo apoio da torcida, pela liderança e pelo elenco vitorioso. O Brasil tinha um estilo ofensivo que o fez terminar com as duas maiores goleadas do torneio – 7 a 1 na Suécia e 6 a 1 na Espanha, ambas na fase final da disputa. Além do artilheiro da competição, Ademir, que marcou nove gols.

Foram 4 vitórias, 1 empate e 1 derrota na competição.

A FINAL

Com a vitória sobre o Brasil a Seleção Uruguaia sagrou-se bicampeã Mundial (Foto: Fifa)

A partida contra o Uruguai já era dada como ganha antes mesmo de começar. Ao contrario da Seleção Brasileira, O Uruguai tinha encontrado dificuldades ao longo da competição, apesar de não ter perdido nenhuma partida. Somando este cenário com a ótima campanha do Brasil ficava obvio que a Seleção Brasileira estava preparada para vencer o Uruguai, facilmente, da mesma forma como tinha vencido a Espanha e a Suécia.

PRIMEIRO TEMPO SEM GOLS

O Brasil só precisava de um empate para garantir o título. Na partida que contou com o público recorde de 199.854 torcedores presentes, o Brasil começou com uma avalanche contra o defensivo time do Uruguai. Porém, diferente da Espanha e da Suécia, a linha defensiva do Uruguai conseguiu segurar os muitos ataques brasileiros.

O primeiro tempo acabou sem gols, o que não chegava a ser um problema para os torcedores presentes já que o empate já servia ao Brasil.

O SEGUNDO TEMPO

Com apenas dois minutos do segundo tempo, o Brasil fez explodir o Maracanã com um gol. Friaça chutou rasteiro, sem chances para Máspoli: 1 a 0. Mas, a partir dali, o sonho se tornaria pesadelo para os brasileiros.

O capitão Uruguaio Varela, deixou o jogo mais de um minuto parado pedindo impedimento no lance do gol brasileiro. Ao retornar a partida o Brasil diminui o ritmo e só foi voltar a chutar a gol 9 minutos depois.

O time do Uruguai cresceu na partida passando a levar mais perigo. Aos 21’ minutos, a equipe Celeste chegou ao empate. Schiaffino chutou alto, sem chances para Barbosa. Aquele gol mostrou a Seleção Uruguaia o caminho para a consagração. E foi pelo mesmo lado direito que, aos 34’ minutos, Ghiggia virou o placar para os uruguaios com um chute forte e rasteiro no canto deixado por Barbosa. O Brasil não teve forças para empatar e, aos 45’, o juiz inglês George Reader apitou o fim do jogo.

Com a vitória por 2 a 1 os Uruguaios tornaram-se campeões mundiais pela segunda vez se igualando a Itália.

Esta partida é considerada uma das maiores decepções da história do futebol brasileiro e ficou conhecida como Maracanazo.

APOSENTADORIA DA CAMISA BRANCA

Derrota para o Uruguai na final da Copa do Mundo de 1950 marcou negativamente o uniforme (Foto: Divulgação/CBF

A camisa branca usada naquela copa foi “aposentada” depois daquele jogo. A Confederação Brasileira de Desportos considerou o azar como motivo da derrota. Antes do Maracanaço, o uniforme titular brasileiro era composto de camisa branca com gola azul e calções brancos. Depois disso a CBD decidiu mudar a cor dos uniformes da seleção para o que é usado até hoje, camisa amarela com gola verde e calções azuis.

Até a derrota para o Uruguai em 1950, a seleção brasileira jogou, considerando apenas jogos de Copas do Mundo, 13 vezes com o uniforme branco. No total, alcançou sete vitórias, empatou duas partidas e saiu derrotado em quatro oportunidades. Com a camisa branca, o Brasil conquistou três títulos: os campeonatos sul-americanos de 1919, 1922 e 1949.

PAÍS DO FUTEBOL

Brasil se tornou a primeira seleção Tricampeã do Mundo após derrotar a Itália na Copa de 70 Foto: Reprodução

Após esse desastre, ganhamos a identidade de “país do futebol” e, com o inconfundível uniforme amarelo com detalhes verdes, calções azuis e meias brancas, a seleção brasileira levantou duas Copas seguidas em 1958 e 1962.

Em 1970, 20 anos depois do Maracanaço, Brasil e Uruguai se reencontraram novamente em Copas do Mundo, dessa vez na semifinal. Só que no México, foi o Brasil que mostrou talento para virar um 0 a 1 para 3 a 1 e caminhar rumo ao tricampeonato. Após vencer a Itália na final o Brasil se tornou tricampeão, o que lhe deu à posse definitiva da Taça Jules Rimet, a mesma “tomada à força” pelos uruguaios naquele 16 de julho de 1950.

Depois disso o Brasil ainda ganhou mais duas copas do Mundo  (1994 e 2002) se tornando a única seleção pentacampeã do Mundo.

CASTIGO URUGUAIO

Ninguém causa tanta dor a uma nação sem ter sérias conseqüências. Nunca mais a equipe uruguaia voltou a vencer uma Copa do Mundo e só teve bons momentos no mundial de 1954 e em 1970, quando caiu na semifinal em ambas às edições para Hungria e Brasil, respectivamente. Em 2010, 60 anos depois do Maracanazo, eis que a Celeste ressurgiu e alcançou uma incrível semifinal, mas foi derrotada pela Holanda.

Foi uma sucessão de fracas campanhas. Nos anos de 1978, 1982, 1994, 1998, 2006 a equipe Celeste não conseguiu sequer a classificação para a Copa. Em 1974 e 2002 foram eliminados na primeira fase. Em 1986, 1990 e 2014 caiu nas oitavas para México, Argentina e Colômbia respectivamente. E em  2018 foi eliminada pela França nas quartas de final por 2 a 0 sem Cavani e Suarez em campo.

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