Opinião

O futebol e a questão racial no Brasil: posição também exige ação

Divulgação/Internacional

Neste dia 20 de novembro, é celebrado o Dia da Consciência Negra em todo o Brasil. Em um país com 56,10% de sua população negra – de acordo com dados do IBGE – essa data deve ser usada para ações de conscientização sobre a questão racial no Brasil. No futebol, a história não é diferente. Clubes por todo o Brasil usaram as redes sociais para defender a igualdade racial e exaltar de alguma forma as contribuições do povo preto para a sociedade e os próprios clubes.

                 

O Internacional, por exemplo, lançou em suas redes um vídeo que conta a história de Porto Alegre do ponto de vista da população preta. Locais históricos de resistência de negros escravizados, como a Praça da Redenção e o Mercado Público, tiveram um pouco de sua história contada. Outros pontos da cidade que são importantes para a cultura do povo preto também foram destacados.

No entanto, o Dia da Consciência Negra não é nem digno de feriado em muitos lugares no Brasil, inclusive em Porto Alegre. Muitas vezes, parece que a nossa dor não conta, nossa voz não é ouvida e as nossas experiências não valem de nada. Não basta sermos minoria nas posições de liderança no mercado de trabalho e entre os representantes políticos no Legislativo. Ou sermos uma parte bem pequena da magistratura brasileira. Muitos querem nos manter completamente invisíveis com um discurso repleto de racismo.

Essa impressão é corroborada quando o vice-presidente do Brasil faz a afirmação absurda de que não existe racismo no Brasil. Apoiado no mito da democracia racial. Menos de 24 horas depois de um homem negro ser espancado até a morte em um supermercado da capital gaúcha por dois seguranças brancos. O dia amanheceu pesado. Não só pra mim mas também para muitos outros que sentem essa injustiça na pele de forma diária. Episódios como esse exaltam a importância de termos essa discussão em todos os meios possíveis, incluindo o futebol.

É imprescindível que grandes clubes como o Internacional demonstrem seu apoio a essa causa de forma online. Porém, esse tipo de mobilização não é suficiente. Eu torço para que mais pessoas pretas e pardas ocupem a alta hierarquia no futebol brasileiro, tanto nos clubes quanto na organização das competições. Torço para que mais jogadores negros usem suas plataformas para denunciar e reivindicar soluções para problemas que só a população negra vivencia. Essas são ações e mudanças que podem mudar efetivamente a realidade e as estruturas da nossa sociedade. O futebol pode ser um grande alicerce para desencadear efeitos ainda mais profundos em prol da igualdade racial no Brasil. Ao contrário do que muitos pregam, futebol e política podem e devem se misturar.

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