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Opinião: FIFA pune severamente a Rússia, mas ‘fecha os olhos’ para trabalhadores mortos no Catar

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Photo by Francois Nel/Getty Images

Em meio a todos os acontecimentos envolvendo a Ucrânia e a Rússia, a FIFA foi firme em criar diversas sanções contra o país russo, excluindo a seleção e os times das principais competições. Porém, quando as atenções são voltadas ao Catar, onde trabalhadores morreram nas obras da Copa do Mundo, a entidade não se posicionou como o esperado.

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A seleção russa foi expulsa das eliminatórias e não poderá jogar o mundial de seleções neste ano. Os clubes russos não poderão jogar as competições organizadas pela UEFA. Muitos jogadores russos estão saindo de seus clubes. Para muitos, a FIFA acertou em punir o país depois de começar os bombardeios e uma guerra na Ucrânia. Mesmo com essa decisão politicamente correta, outras esferas do futebol que precisaram de investimento, investigação e apoio da entidade não tiveram a mesma prioridade. Como foi o caso dos trabalhadores mortos no Catar.

Desde quando o Catar, em 2010, foi escolhido para ser sede da Copa do Mundo de 2022, muitas pessoas de outros países imigraram para o país em busca de uma oportunidade de trabalho, já que este evento tão gigantesco necessita de milhares de trabalhadores para fazer dar certo: obras, construção de estádios, complexos, áreas de entretenimento, estacionamento, prédios, estabelecimentos etc.

A cidade de Lusail: para atrair a população, uma nova cidade foi construída do zero, com a intenção de sediar a Copa. Anos antes de o país ser confirmado como sede, já haviam expectativas de conseguir este feito e, por isso, Lusail começou a ser construída (e modernizada após confirmação da FIFA). Em meio ao deserto, a nova cidade principal da Copa foi levantada, localizada a 20km da capital, Doha. Foram 40 mil trabalhadores participando da obra do estádio Lusail, que sediará a abertura e a final da Copa, com capacidade para 86 mil pessoas.

As mortes nas obras: o mistério começa a partir de 2010. Até o ano passado, em torno de 6.500 imigrantes de diversos países, como Paquistão, Índia e Sri Lanka, que foram para o país à trabalho, morreram nas obras, principalmente após as obras para a Copa começarem. O Catar negou ter participação direta nessas mortes, dizendo que foram mortes naturais. Apesar de grande parte não ter sido nem investigada. Os trabalhadores imigrantes na última década trabalhavam em situações totalmente precárias e sem nenhum apoio da entidade que organiza e é responsável pelo evento.

As causas naturais das mortes foram registradas em sua maioria como paradas cardíacas ou respiratórias. Mas podemos entender facilmente esta causa quando sabemos que a temperatura ultrapassa os 50ºC, já que o lugar é um deserto. Pesquisando mais à fundo, foram descobertas mortes também por suicídio. Segundo Steve Cockburn, chefe de Justiça Econômica e Social da Anistia Internacional: ‘quando homens relativamente jovens e saudáveis morrem subitamente após trabalharem longas horas no calor extremo, levanta sérias dúvidas sobre a segurança das condições de trabalho no Catar’.

Do meio de 2021 até agora, as condições de trabalho parecem ter melhorado, já que uma grande onda de críticas pressionaram a FIFA e o próprio governo do Catar. Mas essas condições melhoraram devido às proporções e possíveis consequências que essa situação levaria? A questão é que, apesar das corretas decisões da entidade em relação à Rússia, o mesmo não foi feito em um torneio que ela mesma organiza e, portanto, as decisões podem ter sido vistas com outros olhos, ou olhos fechados.

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