UEFA Champions League

Parceria entre Neymar e Mbappe, o brilho de Vinícius Jr, Foden e a dinâmica do City e o trabalho sem bola do Porto. Confira detalhes da semana de Champions.

DIVULGAÇÃO / UEFA

Nesse meio de semana, tivemos a realização dos jogos de ida das quartas de final da Liga dos Campeões e alguns pontos chamaram bastante atenção em meio aos diversos acontecimentos durante os 90 minutos das partidas. Entre eles, decidimos destacar um ponto de destaque em cada uma das quatro partidas disputadas, sendo eles: a parceria entre Neymar e Mbappe, o brilho de Vinícius Jr, Foden e a dinâmica do City e o trabalho sem bola do Porto.

PHIL FODEN E A DINÂMICA DO MANCHESTER CITY

Em Manchester, City e Dortmund tiveram os primeiros 90 minutos de um embate que gerava muita expectativa, pelo nível coletivo que a equipe treinada por Pep Guardiola tem demonstrado na temporada, contra um fenômeno goleador como é o Haaland, que precisaria ser o catalizador de jogo do BvB para oferecer uma maior chance aos alemães. A partida se desenrolou conforme o esperado, com o City tendo o controle da posse de bola e dominando as ações, construindo assim sua vitória por 2 a 1. Contudo, para além da presença do Haaland – fundamental segurando jogo no pivô e participando do gol marcado por Reus – o Dortmund teve uma boa atuação, defendendo em 4-5-1, optando por não pressionar alto a saída de jogo do City e obrigando a equipe inglesa a colocar seus mecanismos ofensivos para jogo.

Como ponto de partida, podemos dizer que o City atua no 4-3-3, contudo esse desenho é apenas a referencia inicial para os jogadores e a variação com a bola foi diferente, trazendo Cancelo da lateral esquerda para o centro do campo, segurando Walker como terceiro zagueiro pela direita e liberando Gundogan e De Bruyne para se posicionarem próximos a Bernardo Silva, que trabalhou como um falso 9. Foden abria o campo pela esquerda e Mahrez fazia o mesmo pela direita. Dessa maneira, no momento com a bola, o desenho do City se assemelha ao 3-2-5. Mas isso não é o importante.

O importante é observar como o time vai realizar os movimentos e como a equipe adversária vai tentar bloquear as tentativas ofensivas. O Dortmund optou por povoar o meio campo, deixando Haaland isolado no ataque e trabalhando com uma segunda linha com 5 jogadores. Dessa maneira, o time treinado por Terzic diminuía o impacto da qualidade de passe de Cancelo e Rodri, desconectando Gundogan e De Bruyne do jogo e forçando as tabelas pelo lado do campo. Só que ai esteve o maior problema para o sistema defensivo alemão na partida: Phil Foden pelo lado esquerdo.

Se não estava funcionando criar por dentro logo de cara, as conduções estavam bem vigiadas, o City apostou em fixar os laterais do Borussia, utilizando seus pontas e dessa maneira abrir espaço para as infiltrações dos seus meias. Mahrez trabalhou em cima de Guerreiro pela direita e Foden bateu de frente com Morey pela esquerda. E o jovem inglês foi quem conseguiu oferecer uma dinâmica diferente ao volume ofensivo do Manchester City, através da sua qualidade técnica e capacidade de jogo em geral. Foden tem um primeiro toque muito refinado, já dominando a bola de maneira que facilite a jogada seguinte e soma a isso uma capacidade incomum de trocar de direção enquanto está na corrida. Através de seus movimentos, o City criou muitos problemas ao sistema defensivo rival e a equipe de Pep Guardiola leva uma importante vantagem para a partida de volta.

O BRILHO DE VINÍCIUS JR

Na Espanha, Real Madrid e Liverpool protagonizaram o primeiro encontro entre as equipes após a polemica decisão da Liga dos Campeões disputada em Kiev, na temporada 2017/2018. Com muitos desfalques de lado a lado, existia uma curiosidade muito grande por saber como seria a abordagem tática das duas equipes. O que o campo nos mostrou foram duas equipes com o mesmo sistema de jogo, o 4-3-3, mas com ideias, execução e posturas bem diferentes. Enquanto o Real Madrid conseguia sair jogando com fluidez, tinha bastante intensidade nas movimentações e demonstrava uma postura muito sólida na busca pelo resultado, o Liverpool parecia relutante quanto ao que pretendia dentro do gramado, oferecendo muito espaço para Modric e Kroos organizarem o jogo do rival e sofrendo para encaixar as transições, fosse com sua dupla de laterais ou buscando o passe mais longo para Jota ou Salah.

Contudo, o grande ponto que quero destaca no duelo foi a participação de Vinícius Jr, que dessa vez sai com todos os méritos e o devido reconhecimento, por ter marcado dois gols muito importantes e ter sua primeira grande noite europeia, mas na real desempenhou o mesmo que já fez inúmeras vezes desde que chegou ao Real Madrid, mesmo tão jovem: foi a válvula de escape para as transições merengues.

Vinícius tem uma velocidade incomum e quando consegue colocara a bola na frente com campo para correr, transforma o trabalho defensivo uma missão das mais complicada para qualquer equipe. Desde os primeiros minutos de jogo, o time treinado por Zidane aproveitou-se do espaço oferecido pelo Liverpool para acionar o ponta brasileiro em velocidade pelo lado esquerdo, propiciando a ele o embate de 1 x 1 e deixando o Real mais próximo do gol. Em menos de 25 minutos, Vini criou um lance de possível pênalti em Modric, levou perigo a meta de Alisson com um desvio de cabeça e completou o lançamento espetacular de Kroos para abrir o placar.

No segundo tempo, mostrou oportunismo para marcar pela segunda vez e devolver a vantagem de 3 a 1 ao Real Madrid e em todo o restante do tempo que ficou em campo, sempre causou tormento ao sistema defensivo rival, principalmente para Alexander-Arnold, que estava visivelmente nervoso e acabou até recebendo o cartão amarelo.

Uma noite de muito brilho para o brasileiro, que tem apenas 20 anos de idade e segue entregando muito toda vez que o Real Madrid mais precisa. Vinícius pode melhorar a finalização e ele sabe disso. Pode evoluir em espaço reduzido e ele sabe disso. Mas o jogador formado no Flamengo tem um atributo muito raro e muito valioso: a mentalidade. Vini é daqueles que nunca desiste, que nunca para de tentar, mesmo quando o jogo não encaixa e a situação parece sem saída. Você pode treinar atributos técnicos e evoluir atributos físicos, mas esse tipo de personalidade não é possível ser ensinada, é inata ao jogador. Vinícius é especial.

O TRABALHO SEM BOLA DO PORTO

Chelsea e Porto disputaram toda a eliminatória em Sevilla, mas o gol fora está mantido e no primeiro jogo – com mando do Porto – o Chelsea conquistou uma grande vitória por 2 a 0, encaminhando sua classificação. Contudo, apesar do grande resultado e a vaga próxima, o Chelsea não teve uma noite fácil diante do atual campeão de Portugal. Assim como fez contra a Juventus, o Porto realizou um grande trabalho sem bola, complicando muito a circulação de bola dos ingleses.

O Chelsea se organiza no 3-4-2-1 no momento com a bola, fazendo a saída com Jorginho e Kovacic, subindo pelos flancos com James e Chiwell, deixando Mount, Werner e Havertz livres para trocarem de posição, causando confusão ao sistema defensivo adversário. Diante de um grande desafio, Sérgio Conceição organizou sua equipe no 4-4-2, mas com atribuições específicas. Tecatito Corona – o homem aberto pela direita na segunda linha do Porto – funcionava quase como um segundo lateral no momento sem a bola, recuando para acompanhar Chiwell de perto, dessa maneira, Manafá – que era de fato o lateral direito – se posicionava mais próximo a dupla de zaga, passando a sensação de uma primeira linha com 5 defensores. Já no lado esquerdo, Otávio – em teoria o meia aberto na segunda linha – não repetia o padrão de jogo de Corona, deixando o lateral esquerdo Zaidu responsável por escolher quando sair para acompanhar o ala direito do Chelsea e trabalhando como um homem a mais pelo centro do campo, ajudando a vigiar a saída para jogo de Jorginho e Kovacic.

Desta maneira, o desenho do jogo ficava assim: o Chelsea tinha a bola na maior parte do tempo e buscava somar passes em dos flancos do campo, para depois inverter o lado da jogada e acelerar em busca da finalização. Já o Porto, alternava entre um posicionamento com Corona próximo a primeira linha de defesa pela direita e liberava Otávio para ajudar Marega e Luis Diaz – a dupla de ataque do Porto – a tirarem o conforto da saída do Chelsea para o ataque. E funcionou bem. O Porto conseguiu limitar de maneira eficiente a criação dos azuis de Londres, protegendo a entrada da área, dominando a segunda bola e conseguindo muitos desarmes. Faltou a equipe de Sérgio Conceição transformar esses roubos em contra-ataques efetivos e os portugueses acabaram pagando caro por isso, com a qualidade técnica do Chelsea falando mais alto e os gols marcados por Mount e Chiwell deixando a equipe treinada por Thomas Tuchel bem perto da semifinal da Liga dos Campeões.

PARCERIA ENTRE NEYMAR E MBAPPE

Final da ultima edição da Champions, Bayern e PSG era sem dúvidas o confronto mais aguardado desta fase da competição. E com desfalques importantes de lado a lado, o que vimos em Munique foi um Bayern com enorme volume ofensivo, finalizando 31 vezes na partida, mas que outra vez demonstrou muitos problemas em sua transição defensiva e acabou pagando por isso, frente a grandeza de Keylor Navas – o grande nome da partida – e a parceria entre Neymar e Mbappe.

O Bayern mandou sempre na partida, direcionando as ações, controlando o centro do campo e jogando bem quando tinha a bola. Já o PSG, sofria muito pelas ausências de Verratti e Paredes, não conseguindo estabelecer posses de bola mais longas e vendo seu meio-campo ser engolido pelos alemães. Contudo, quem tem Neymar em campo tem sempre uma vantagem competitiva e logo cedo o brasileiro fez a diferença, roubando uma bola de Kimmich, tabelando com Di Maria e rolando para Mbappe vencer Neuer, abrindo o placar. Depois, o camisa 10 encontrou um passe maravilhoso – com a perna esquerda – após jogada de bola parada, deixando Marquinhos na boa para aumentar a vantagem.

O jogo continuou o seu rumo, o Bayern amassou o PSG e chegou ao empate, mesmo com Navas fazendo todo o possível para evitar os gols marcados por Choupo-Moting e Muller. E a virada parecia questão de tempo, mas como falei sobre Neymar, quem tem Mbappe tem sempre uma vantagem competitiva e a capacidade do craque francês em se livrar da marcação e partir em velocidade fez diferença quando ele recebeu de Di Maria, criou o espaço para a finalização e bateu no contra-pé de Neuer, devolvendo a liderança do placar aos parisienses.

O futebol é bastante complexo, sendo complicado para quem não assistiu a partida e pega apenas os números, entender como o PSG saiu com a vitória. Contudo, a qualidade individual será sempre um fator decisivo dentro das quatro linhas e com a conexão entre Neymar e Mbappe, o PSG terá sempre uma chance de sobreviver nas partidas, ainda que o desempenho coletivo seja ruim.

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