Flamengo

Rodrigo Muniz e Matheuzinho mostram que a base do Flamengo pode ser mais do que só uma solução financeira

Matheuzinho e Rodrigo Muniz na partida contra o Resende (Foto: Marcelo Cortes/Flamengo)
Fotos: Marcelo Cortes/Flamengo

POR MATHEUS COSTA

O Flamengo não teve grandes dificuldades para vencer de forma dominante o Resende por 4 a 1 pela quarta rodada do Campeonato Carioca. Na estreia de alguns atletas do time profissional, como Pedro, Vitinho e Renê, foram dois jovens das categorias de base que chamaram a atenção com grandes atuações: Rodrigo Muniz e Matheuzinho. Os dois, que foram os principais atletas da partida, foram além para provar que o clube pode mudar sua visão sobre as categorias de base.

Titular durante os quatro jogos do Campeonato Carioca enquanto o Flamengo usa jogadores da base e prepara seu time principal para o restante da temporada, Rodrigo Muniz mostrou serviço e balançou as redes em quatro oportunidades, incluindo dois gols contra o Resende. Emprestado para o Coritiba no fim da última temporada, o jovem centroavante, que brilhou nas categorias de base em 2020, deve receber uma renovação contratual nos próximos dias para ser recompensado pela grande fase.

Quem também se destacou bastante durante a partida foi o jovem lateral direito Matheuzinho. Anotando uma assistência, o atleta de 20 anos se mostrou bastante seguro na posição, tanto ofensivamente como defensivamente. Ao apoiar, apareceu sempre bem e mostrou uma alta porcentagem de passes e cruzamentos certos. A performance chamou atenção e rendeu inúmeros elogios ao atleta, que mostra ser uma boa opção para a posição que conta com Mauricio Isla e João Lucas.

Ao longo dos últimos anos, o Flamengo, em grande parte, enxerga sua categoria de base como um alívio financeiro e uma forma de aumentar o caixa. Todas as reveleções de alto nível que surgiram da Gávea foram negociadas antes de entregar um retorno técnico ao rubro-negro, que acaba sendo um velho costume do futebol brasileiro em si. Jorge, Léo Duarte, Jean Lucas, Felipe Vizeu, Vinicius Junior, Lucas Paquetá, Reinier e agora Natan deixaram o clube relativamente cedo e não tiveram tempo de contribuir dentro de campo para a conquista de grandes títulos.

Com a filosofia de contratar jogadores de renome no mercado, o Flamengo conseguiu obter resultados incríveis nos dois últimos anos, mas em alguns momentos teve dificuldade com a profundidade do elenco em alguns contextos escpecíficos de lesões. Ou então, fez alguns investimentos de alto gabarito que acabaram não entregando o esperado dentro de campo., algo que, sim, faz parte do jogo. Afinal, não se pode prever que toda contratação vá entregar o retorno esperado.

Na temporada de 2020-21, Rogério Ceni vem dando oportunidade para alguns jogadores criados no clube, como João Gomes e Pepê. Outros, como Ramon, pedem passagem por mais oportunidades no time principal, já que sempre entregam boas atuações quando são acionados. Esta é a mesma situação de Rodrigo Muniz e Matheuzinho, que provam um ponto: a categoria de base do Flamengo pode entregar resultados no profissional que alguns investimentos de alto custo entregam.

Rogério Ceni tem a filosofia de utilizar jovens jogadores. Inclusive, esse foi um dos grandes motivos de sua demissão no Cruzeiro, quando quis afastar os medalhões do elenco que terminou rebaixado e quis usar jovens jogadores das categorias de base. Grande parte do sucesso de Ceni no Fortaleza se deve da boa utilização de jogadores da base e da reformulação do sistema de categorias de base do clube cearense como um todo.

O Flamengo possui uma das categorias de base de maior sucesso no Brasil e revela com frequência bons jogadores. Com a dificuldade de fazer investimentos durante a pandemia por conta do orçamento mais enxuto pela diminuição de renda, o rubro-negro passa a olha com mais carinho para suas canteiras para resolver pequenos problemas do elenco. Isso, inclusive, pode mudar uma chave: trabalhar as jovens revelações com mais paciência podem aumentar a hegemônia rubro-negra no cenário nacional ao invés de vendê-las nas primeiras oportunidades.

Previsto em orçamento, o Flamengo terá que vender alguns jogadores para cumprir a meta estipulada de 160 milhões em vendas para fechar o caixa no ano de 2021. Natan já foi negociado por empréstimo com obrigação de compra com o Red Bull Bragantino, Hugo Souza negocia com o Ajax e mais alguns nomes devem ser negociados. No entanto, a intenção é utilizar jovens ao invés de fazer investimentos em outros atletas, pois a expectativa com jogadores como Rodrigo Muniz e Matheuzinho é alta para um retorno técnico. Caso os resultados apareceram, o clube deveria, sim, repensar a forma como vem lidando com suas maiores promessas nos últimos anos.

Clique para comentar

Comente esta reportagem

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

As últimas

Para o Topo