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Salah é um dos maiores símbolos políticos da atualidade

Salah e Mané comemoram gol (Créditos: Reprodução/Instagram @mosalah)
(Créditos: Reprodução/Instagram @mosalah)

Passava um pouco das 21h em Madri quando a Terra parou naquele primeiro de junho de 2019. O Wanda Metropolitano fez um silêncio sepulcral. Pênalti para o Liverpool. O Egito, naqueles poucos segundos, voltara a ter o protagonista mais importante do planeta. Os Reds abriam o placar contra o Tottenham na final da Champions League. Mohamed Salah se ajoelha e agradece ao seu Deus, em um dos atos políticos mais importantes dos últimos anos.

Enquanto Salah corria para a bola, respirações em suspenso. No Egito ou na Líbia. Na Inglaterra ou no Brasil. Por uma fração irresponsável de segundo, nada mais importava. O pensamento era: “será que sai o gol?”. E se Pelé ficou tão conhecido por supostamente parar uma guerra na Nigéria, por que não Mohamed?

Centésimo na lista da Forbes de ‘Celebridades mais influentes do Mundo’ e um dos ’15 jogadores mais ricos do futebol atual’, Salah é uma ode à tolerância racial e religiosa. Desde que chegou à Liverpool, o craque ajudou a diminuir em mais de 50% os casos de islamofobia digital na cidade inglesa (estudo chefiado pela Universidade de Stanford¹). É comum ver relatos de pessoas que mantinham ódio pelo Islã mudarem de pensamento ao ver Salah² – seja jogando ou apenas sendo ele mesmo no dia a dia.

Em árabe, “Salah” refere-se às cinco orações diárias que muçulmanos devem realizar. Voltados para Meca, fazem suas preces e seus agradecimentos. Tal qual fez o egípcio naquela final de Champions League. O jogador, inclusive, cumpriu boa parte do Ramadã (ritual de jejum diário entre o pôr e o nascer do sol) antes desta final – e a do ano anterior, contra o Real Madrid. Só abriu mão da obrigação na fé quando entendeu que haveria perda em campo.

Não há uma pessoa em sã consciência que consiga se dizer um hater de Mohamed Salah. Em tempos nos quais o Ocidente trata o Islã como uma seita atrelada puramente ao Estado Islâmico (como se o Cristianismo fosse apenas a Klux Klux Klan), Salah prega união, tolerância e igualdade entre os povos.

Termino com a brilhante citação de Tom Goodyer no site ‘Football Paradise’³: “A cada gol de Salah, os conflitos que envolvem o Egito param por instantes. Jamais subestime o poder político de um personagem apolítico.”

  1. The Salah Effect – https://stanfordmag.org/contents/the-salah-effect
  2. How Mohamed Salah inspired me to become a Muslim – https://www.theguardian.com/football/2019/oct/03/mohamed-salah-inspired-me-become-muslim-liverpool-islam
  3. Mohamed Salah and The Political Power of the Apolitical Entertainer – https://www.footballparadise.com/mohamed-salah-and-the-political-power-of-the-apolitical-entertainer/
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