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Opinião: Parte da torcida desaprendeu a amar o São Paulo

Rubens Chiri/São Paulo FC

É verdade, talvez e muito provavelmente, esse não seja um fenômeno exclusivo do São Paulo. Exemplos não faltam de equipes que, em situações recentes até muito melhores que a do tricolor, viram o caos reinar entre alguns de seus torcedores. Cobranças infundadas e aquela aura de crise pairando por resultados sem importância real viraram rotina em alguns nichos do futebol brasileiro.

Só que esse texto e essa área do site foram feitos para falar do São Paulo e é sobre o tricolor que precisamos conversar.

É senso comum que o amor e o ódio são sentimentos próximos, cientificamente falando, ativam as mesmas áreas do nosso cérebro. Será que isso confunde tanto, que parte da torcida do São Paulo só consegue demonstrar seu amor através do seu sentimento próximo, porém contrário?

Como em um relacionamento desgastado, alguns torcedores não conseguem mais enxergar beleza em nada que faça o seu clube amado. E não é só culpa desse torcedor, quando você passa quase uma década sofrendo e reclamando, como acreditar ou lidar com a possibilidade da conquista acontecer? Alguns são-paulinos estão há tanto tempo tão imersos na crise, que mesmo quando colocam o rosto para fora da água, seguem sem conseguir respirar.

E repito, não é pra culpar. Você realmente desaprende, se acostuma com uma dinâmica tóxica, em que o outro sempre vai te decepcionar no momento crucial, então ao menor sinal dessa desilusão, você o joga pra baixo antes que ele faça isso com você. Isso infelizmente vale para o time e para todos os seus atletas, onde alguns também são alvos de críticas pesadas independente do que desempenhem em campo.

Só que como em qualquer relação com esse adjetivo, nessa também não há quem saia ganhando. O torcedor perde a chance de apreciar bons momentos, de ter esperança e a capacidade de enxergar a longo prazo, enxergar o todo da situação. O time perde a paz, perde o carinho, perde a atmosfera, pois seu torcedor perdeu a paciência faz muito tempo. Como numa relação pessoal que ainda não se curou, esse torcedor não está necessariamente bravo com o que aconteceu agora, ele ainda está remoendo o que aconteceu no passado e precisa de uma desculpa atual para despejar seu ressentimento e sua mágoa.

É por isso que para alguns nada é bom o bastante, tudo tem um lado ruim que é exaltado e já que a palavra pegou, é priorizado. Verdade seja dita, se alguém priorizou algo nessa história toda, foi esse torcedor que está reclamando, que no momento prioriza o sofrimento e qualquer coisa que exista para ser criticada. Ele está há tanto tempo em crise, que é só dessa forma que ele consegue enxergar essa relação.

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O São Paulo não priorizou a Libertadores ou o Paulista, ele priorizou o seu planejamento, as metas traçadas e claro, todas as competições que disputa. Quando a classificação no Paulista se tornou garantida, o time reserva jogou contra o Guarani e até o clássico contra o Corinthians, que se tornou motivo para reclamar. Quando a classificação na Libertadores se tornou bem encaminhada (hoje o São Paulo só precisa que o Rentistas não vença os dois jogos) e o Paulista decisivo, o movimento foi o inverso. O São Paulo repetiu uma escalação com menos de 48h entre as partidas, como resultado, goleou Ferroviária e Mirassol, sem perder nenhum jogador por lesão e chegou na final do estadual, com o seu time titular bem fisicamente, apesar da maratona.

Quinta (20) o São Paulo tem uma disputa de título contra o rival e o mesmo torcedor que reclamou quando São Paulo não venceu o Corinthians e disse que clássico é mais importante do que título, adjetivando de patética a campanha que somou 14 jogos de invencibilidade e não perdeu clássicos na temporada, agora reclama que perdeu pra time argentino no Morumbi e esse tabú, somado ao primeiro lugar no grupo, são mais importantes que uma decisão de Paulistão em um clássico.

A única coerência que existe nisso tudo, é que esse torcedor vai reclamar independente do que aconteça, talvez até reencontrar o São Paulo ultra dominante de 2005 a 2008, se é que isso é possível. Porém, de novo, não é culpa dele, ele desaprendeu a demonstrar amor pelo clube, talvez por esses anos todos sofrendo e se iludindo, hoje só sabe se manifestar através do descontentamento.

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