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Time ‘duas caras’, 4-3-3 e pouca chance para Trincão: setorista detalha passagem de Sá Pinto pelo Braga

Anunciado como novo técnico do Vasco, o português Ricardo Sá Pinto é um desconhecido para grande parte dos torcedores vascaínos. Buscando responder algumas questões sobre o treinador, o Esporte News Mundo fez contato com o jornalista André Gonçalves, setorista do Sporting Braga pelo jornal “Record”, de Portugal. Ele revelou como o novo comandante costumava escalar a equipe em seu último trabalho.

— Durante a passagem pelo Braga, Sá Pinto montou a equipe num 4-3-3, com um médio-defensivo (volante) e dois médios interiores (volante que sai mais para o jogo). Estes dois envolviam-se muito no processo ofensivo.

Neste cenário, o elenco do Vasco se encaixa no que pensa o novo treinador, tendo em vista que o esquema tático é semelhante com o que foi proposto por Ramon Menezes. O jornalista ressaltou que o Braga crescia em momentos decisivos, porém vacilava em jogos considerados fáceis.

— Era uma equipe com tendência para dominar os jogos e com estofo para jogos importantes, mas o Braga de Sá Pinto acabou por ter duas caras. Uma face de sucesso, relacionada com o trajeto sensacional na Liga Europa, em que a equipe superou duas pré-eliminatórias (Brondby e Spartak Moscou) e ainda terminou na liderança do seu grupo, onde estavam Wolverhampton, Besiktas e Slovan Bratislava, quebrando até o recorde de invencibilidade de equipes portuguesas em competições européias. Mas havia também uma face de maior irregularidade, com a equipe perdendo alguns jogos do campeonato, por exemplo, contra Aves e Paços de Ferreira, que estavam na zona de rebaixamento, no início de dezembro 2019. Ele acabou por ser despedido na altura do Natal, curiosamente depois de uma vitória por 4 a 1 sobre o Paços de Ferreira, na Taça da Liga.

Ricardo Sá Pinto saiu do Braga com o time na 10ª posição no Campeonato Português, mas invicto e classificado na Liga Europa e vivo na Taça da Liga, competição que o clube se sagrou campeão ao fim da temporada. Sem o treinador, a equipe também melhorou na competição nacional, ficando em 3º lugar, atrás de Porto e Benfica.

Trato com a molecada

No Vasco, Ricardo Sá Pinto terá um elenco formado em sua maioria por jovens jogadores. Uma das suas principais missões será fazer com que Talles Magno evolua e volte a apresentar um bom futebol. No Braga, o treinador também conviveu com talentos da base, porém não conseguiu tirar o melhor desses atletas.

— O Braga tinha dois jogadores jovens que pretendia potencializar para tirar proveito a nível desportivo e financeiro. Eram o Bruno Xadas e o Trincão. Xadas fez dois jogos com ele e no mercado de janeiro (meio da temporada em Portugal) foi emprestado ao Marítimo, da ilha da Madeira. O Trincão fez 16 jogos com o Sá Pinto como treinador, apenas quatro como titular e um gol marcado. O Trincão teve a sua ‘explosão’ a partir de janeiro 2020, mês em que acabou por ser negociado para o Barcelona, já sem a presença de Sá Pinto – revelou André Gonçalves, jornalista do jornal “Record”.

De fato Trincão desabrochou após a saída do treinador. O atacante de 20 anos participou de 24 jogos, 19 como titular e marcou 8 gols. O bom desempenho aconteceu depois de ter sido vendido para o Barcelona, que pagou 31 milhões de euros pelo jogador, maior venda da história do Sporting Braga.

As poucas chances dadas por Ricardo Sá Pinto para Trincão renderam uma polêmica. No mês passado, o presidente do Braga, António Salvador, afirmou que o antigo treinador da equipe queria dispensar a joia, ideia que foi rechaçada pelo mandatário do clube. O técnico rebateu afirmando que era mentira do dirigente.

Apesar dos altos e baixos, André Gonçalves, setorista do Sporting Braga, acredita que Ricardo Sá Pinto possa dar certo sob o comando do Vasco.

— Sobre o período conturbado do Vasco não vou comentar, não estou a par do que se passa. Sobre o tempo para trabalhar, posso dizer que o Sá Pinto chegou ao Braga no início de julho 2019 e só teve cerca de um mês para preparar uma equipe que estava a ser preparada pelo Abel Ferreira, treinador que vinha do ano anterior, mas que foi vendido para o PAOK, da Grécia, faltando um mês para o time estrear na pré-eliminatória da Liga Europa. Essa solução foi o Sá Pinto, que cumpriu muito bem esse objetivo.

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