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Tinga, ex-volante do Cruzeiro, revela angustia em ver o clube ‘perder o brilho’

Tinga Foto: Washington Alves/Lightpress/Divulgação Cruzeiro
Foto: Washington Alves/Lightpress/Divulgação Cruzeiro

O momento atual do Cruzeiro chama a atenção do Brasil, já que, para além da permanência na Série B do Campeonato Brasileiro desde a queda em 2019, recentemente os jogadores fizeram greve pelos atrasos salariais. E Tinga, ex-volante do clube, se posicionou sobre a atual situação. 

                 

Em sua coluna de opinião no UOL, o ex-jogador declarou ser angustiante ver o Cruzeiro perdendo o “seu brilho”. Tinga ainda disse ter sentido uma tristeza profunda ao saber da paralisação do atual elenco, apesar de apoiar e dar razão aos atletas. 

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– Me bateu uma tristeza profunda nesta semana ao saber do anúncio da greve que partiu do elenco do Cruzeiro por atraso no pagamento de salários – lógico, os jogadores têm este direito e os apoio. A postura foi mantida pelo time do sub-20 e vale ressaltar a hombridade destes jovens que, mesmo no início de carreira, são a única renda financeira de uma família. Meu lamento é pelo caos que o clube se encontra. Tenho apreço muito grande pelo clube, pois foi nele que passei o momento mais difícil da minha carreira: quando decidi me aposentar. Recebi todo o aporte necessário para fazer esta transição de ex-jogador para empresário que sou hoje. Sou grato à diretoria e jogadores cruzeirenses daquela época pela saúde mental que tenho hoje, de como proceder com o fato de não ser mais um atleta profissional (e não lamentar nem sentir saudades). Todos aceitaram bem a situação e respeitaram a minha decisão. Fico angustiado pela situação que o Cruzeiro se encontra. Até há alguns anos, todo grande jogador desejava defender este manto estrelado. Esta agremiação tinha sossego nos centros de treinamento que são referências e não deixam a desejar nada em relação às potências europeias e pagava tudo direitinho (na carteira), em dia.  

Tinga também relembrou sua passagem pelo Cruzeiro e declarou que, na época, não era possível prever a queda celeste. Além disso, se colocou como parte do grupo e revelou as dificuldades de uma gestão no futebol. 

– A minha conduta de manifestar apoio ao elenco cruzeirense também vale como se eu ainda participasse do grupo ou até mesmo seguisse atuando como diretor de futebol. Quando fui gerente de futebol na Toca e surgiam reclamações desta forma (salários ou bichos atrasados), sentia como se eu estivesse devendo para eles, ficava muito incomodado. Prefiro pagar todas as minhas contas antes e ver só depois o quanto restou para saber o que irei comer naquele mês. Nunca pretendi administrar o lado financeiro do clube, mas fazia de tudo para convencer o presidente ao buscar o que era melhor ao grupo. Seguindo esta linha de conduta, decidi encerrar a minha breve carreira de dirigente –, escreveu Tinga.

Por fim, o ex-volante do Cruzeiro opinou sobre a direção do presidente celeste, Sérgio Santos Rodrigues, e declarou a sua torcida para que o clube retorne aos momentos gloriosos. 

– Sem que soe como se fosse um ataque pessoal, visto que o conheço pessoalmente, parece até ironia que a greve eclodiu justamente quando o presidente Sérgio Santos Rodrigues estava em Portugal dando palestras no evento Global Football Management, que abordava os desafios da gestão moderna de futebol no Brasil. Me policio para evitar o máximo falar sobre gestão no futebol, principalmente porque, quando estamos lá dentro, me deparei com as dificuldades para colocar em prática tudo aquilo que desejava. O correto fica apenas no papel, e não na prática. Durante cerca de um ano como gerente de futebol, senti na pele os percalços e vi o início do processo de deterioração na relação diretoria/jogadores, pois as promessas começaram a não serem mais cumpridas. Transferência é fundamental em todas as minhas relações. Além de ser contraditório, vejo o fato de o Sérgio Santos Rodrigues palestrar sobre gestão no futebol brasileiro em meio à crise como desrespeito aos que estavam em Minas Gerais lutando por recolocar o Cruzeiro no topo. No futebol o que te defende é a verdade, então coloque na mesa a realidade e não seja leviano. Todos os clubes por onde passei peguei emprestado as suas grandezas no processo de construção da minha carreira e valorizo muito isso. Tenho gratidão tamanha pelo Cruzeiro. Sinto que recebi mais em troca do que eu ofereci. Fiz o máximo que podia dentro de campo, doei todas as minhas energias, mas a balança não ficou equilibrada, uma vez que não obtive alta performance devido às lesões e problemas físicos que enfrentei na reta final como profissional, talvez pela idade, pois estava com 37 anos. Apreensivo, mas com fé, torço que as estrelas que representam a constelação Cruzeiro do Sul, estampadas no escudo, voltem a guiar a Raposa e retomem o seu brilho. 

Tinga, atualmente com 43 anos, deu início a sua história no Cruzeiro em 2012, se despedindo do clube em 2015. Porém, em 2016 assumiu o cargo de gerente de futebol, o qual exerceu até outubro de 2017. Durante sua passagem como jogador, disputou 65 partidas com a camisa estrelada e marcou dois gols. Neste período, conquistou dois Campeonatos Brasileiros (2013 e 2014) e um Campeonato Mineiro (2014). 

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