“Vamos Cruzeiro, vamos com raça”. Enfim, o cântico da torcida do Cruzeiro voltou a ecoar no Mineirão após quase um ano e meio de ausência dos estádios em razão da pandemia de Covid-19. E, seja entoando gritos de incentivo ou cantando a letra da música celeste que clama pelo acesso à Série A, a presença do público nas arquibancadas fez a diferença, o que, de fato, foi sentido pelos jogadores, que agradeceram pela oportunidade de poder contar com a torcida em campo.
Não à toa, nos bastidores da vitória dessa sexta-feira (20), diante do Confiança, por 1 a 0, logo ao fim da partida, os jogadores correram rumo aos seus torcedores, agradeceram a presença e cantaram junto com os cruzeirenses. Marcelo Moreno, autor do gol da vitória azul e branca, foi um dos que vibrou, e muito, com o torcedor. Para além da comemoração estrelada, a partida foi marcada pela liderança de experientes atletas antes do apito inicial.
Do início ao fim da preparação, Rafael Sobis, Eduardo Brock, Fábio e Rômulo, por exemplo, fizeram questão de pedir a palavra e deixar um recado para os colegas.
– Concentração. Bora! Vamos encaminhar a segunda vitória. A gente sabe qual é o ponto forte do nosso rival, ele vem para jogar no contra-ataque. Não tem contra-ataque, sem pressa para fazer gol, faz os ‘caras correr’ —, disse Sobis aos companheiros.
Depois, foi a vez de Belleti falar: “Aqui é a nossa casa, mas vamos se impor também jogando bola. Toca, aparece, movimenta”, pediu. Eduardo Brock, em seguida, lembrou que o fator torcida ia fazer muito barulho, dificultando um pouco mais a comunicação, e falou: “dá uma olhada sempre. Bora!”. Rômulo também pediu ritmo. Por fim, o “professor”, como é chamado o técnico da Raposa, Vanderlei Luxemburgo, com a palavra, expressou o que queria do elenco: humildade e personalidade.
– Tem uma frase que é muito importante: humildade com personalidade. Humildade de reconhecer o adversário e personalidade de jogar acima dele para ganhar o jogo com equilíbrio, mas com personalidade de quem joga no Cruzeiro. A humildade sozinha, os ‘cara’ caga na cabeça, ninguém respeita. Com humildade e personalidade é difícil de bater. Eu quero ver o time hoje equilibrado, são dez jogos em casa. É importantíssimo nós jogarmos para a vitória, e convencermos. A intensidade é nossa, não pode ficar vulnerável nem por um cara$%#, tem que jogar sério, em cima deles e não deixar eles gostarem do jogo. Prevenido, eficiente, sem medo, com responsabilidade e acreditar no potencial de cada um. Temos que começar com 11 e acabar com 11. Não podemos ter jogador expulso.
Fábio, já no caminho para o gramado, aproveitou para reforçar o pedido de Luxemburgo, e destacar que não importava como, mas a vitória tinha que vir.
– Bora, rapaziada. O ambiente está bom, tem que continuar assim. O único objetivo nosso é ganhar o jogo, não interessa como vai ser, vai ter que ter sacrifício, mas vai valer a pena. Não vale a pena? Quando acaba o jogo, está todo mundo cansado, mas estamos levando os três pontos. Em casa não pode ser diferente. Dá tudo que a gente vai vencer. Atento para ninguém ser expulso. Tem que ser 11 –, destacou o ídolo celeste.
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Brock também voltou a falar e deu dica de como o elenco tinha que entrar em campo: “Estamos atrás dessa sequência faz tempo, está na nossa mão. Não entra moroso, que vamos nos fu$#@ igual nos outros jogos. Entra fu$#@%”, disse.
Funcionou. Teve gol e vitória celeste trajando a nova camisa do clube, a verde. Os atletas no banco de reservas tensos já não viam a hora do apito do árbitro soar pelo estádio para apontar o fim de jogo. Os jovens da base então… Matheus Pereira, que foi substituído no decorrer da partida, estava confiante: ‘Mais três, vamos nessa por#$’. Thiago também estava animado, gritando e cantando junto com a torcida: ‘É Cruzeiro!’. E assim que a partida acabou, todos comemoraram juntos.
Confira os relatos após a vitória:
Eduardo Brock, zagueiro: “Um presente para a torcida que veio e para a que está em casa. Conseguimos a segunda vitória que é importante para somar os pontos para a competição, mostrar que estamos na briga. E parabenizar a torcida.”
Marcelo Moreno, atacante: “O mais importante de tudo é conquistar os três pontos, que é importante para o Cruzeiro. A gente joga como se fosse uma final todos os jogos. A dedicação de todo mundo está fazendo muita diferença. Acho que se eu pudesse destacar falaria que o grupo está bem, está sabendo jogar a Série B e temos ainda o segundo turno para somar pontos. E sempre bom (fazer gol). Estou acostumado a fazer gol com a torcida do Cruzeiro aqui. E estou feliz em poder contribuir com meus companheiros que deixaram tudo em campo. O gol foi uma premiação do esforço que todo mundo deixou dentro de campo.”
Ramon, zagueiro: “Jogo difícil. Jogar com um time que veio com a proposta de uma bola no erro nosso é sempre difícil. Mas, a gente soube ter calma, paciência, fazer o que o professor Luxemburgo pediu, jogar a bola para um lado e para o outro que uma hora a bola ia entrar. E, graças a Deus, tivemos o pênalti ali e pudemos fazer o gol.”
Marco Antônio, meia: “Feliz demais. A gente sabia que era importantíssimo começar o segundo turno com o pé direito. Agradecer a confiança da comissão técnica por poder voltar a estar jogando e ajudando. Temos um time forte para se manter vivo para conseguir o acesso.”
Ao fim, Luxemburgo parabenizou o elenco e disse que foi um resultado da “perseverança” e destacou os dois jogos do clube sem sofrer gols. Ele ainda afirmou que a união do grupo é importante: “Todo mundo abraçadinho, ombro a ombro e junto para não deixar espaço para nada de fora entrar e atrapalhar.”
Confira a íntegra dos bastidores da vitória do Cruzeiro:
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