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Uma final de Libertadores musical: Produtor revela como foi criar o projeto “Canto dos Estádios” que conta com as canções de Flamengo e Palmeiras 

Montagem Esporte News Mundo Fotos : Alexandre Vidal / Flamengo e César Greco/Agência Palmeiras

Faltam menos de dez dias para a final da Libertadores da América entre Flamengo e Palmeiras, no Uruguai, no Estádio Centenário, mas o duelo de dois dos principais times brasileiros dos últimos anos também acontece nas arquibancadas com os cantos de cada lado. Na última terça-feira, o governo uruguaio aumentou em 100 % a capacidade do Estádio para receber as torcidas. Se de um lado temos “Em dezembro de 81” como a principal canção da torcida do Flamengo, que embalou o bicampeonato da Libertadores em 2019, do outro lado o sucesso é “Eu Canto Eu Sou Palmeiras”, lançada pela torcida Alviverde paulista ano passado na conquista do seu segundo título da competição continental.

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Os cantos das torcidas serão um duelo à parte entre as equipes, para a sorte do DJ e produtor musical André Werneck (54) idealizador do projeto “Canto dos Estádios”, um braço do “Canto das Torcidas” que tem as principais canções dos times eternizadas. Para a reportagem do Esporte News Mundo ele revelou qual seria o seu sonho: 

– Seria espetacular ver as minhas minhas versões na final da Libertadores, mas ninguém entrou em contato comigo tanto da Disney quanto o SBT (detentoras dos direitos de transmissão), mas eu adoraria poder colocar as músicas lá dentro.

André Werneck, idealizador e dono do projeto Canto dos Estádios – Foto: Acervo Pessoal

Início

 O projeto começou em 2008, ainda com o nome de “Cantos das Torcidas”. E iniciou com a música que embalou a conquista do título carioca do Botafogo,  “E Ninguém Cala Esse Nosso Amor!”. 

– Eu sou botafoguense e estava no Estádio há uns 15 anos atrás quando a torcida do Botafogo começou a cantar: “E Ninguém Cala Esse Nosso Amor!” e corri para produzir e gravar a música. Descobri que era uma música adaptada do Futebo Clube do Porto (de Portugal), entrei em contato com quem fez a versão original e depois com o brasileiro que fez a adaptação. A onda de canções exaltando o amor ao clube cresceu e logo depois o Flamengo lançou uma em cima de “I Love Baby”, mas não conseguimos a  autorização. Contudo, logo em seguida veio a “Raça, Amor e Paixão”, também do Flamengo, inspirada no “Tema da Vitória” da Fórmula 1. Como naquele tempo eu trabalhava na Som Livre, a Globo licenciou a música e a gente conseguiu que o maestro Eduardo Souto Neto, que compôs a versão original para o automobilismo da emissora, gravasse. Eduardo ficou sócio do projeto, que saiu em CD pela Som Livre e ringtones que na época era um sucesso. Essa foi a etapa inicial do projeto chamada “Canto das Torcidas”, com mais de 20 músicas dos principais times do Brasil. 

Música gravada pelo cantor Buchecha se encaminha para atingir a marca de 1 milhão nos streams – Arte: Divulgação

O tempo foi passando e novos contos foram surgindo. Até que em 2019, o Flamengo montou um super time e a torcida começou a ecoar uma nova música na arquibancada, que acabou embalando todas as conquistas do time da Gávea, “Em dezembro de 81”. A letra desse canto, uma versão do Eric Barceleiro inspirada em “Primeiros erros” do Kiko Zambianchi, faz referência ao final do mundial de clubes conquistado pelo Flamengo sobre o Liverpool em 1981. No ano em que o clube carioca conquistou o bicampeonato da Copa Libertadores, quis o destino que os dois clubes voltassem a se enfrentar na final do Mundial de Clubes em 2019, mas, dessa vez, com vitória para os ingleses.

– Essa música foi a que explodiu na segunda fase do projeto, já que foi uma época que o time do Flamengo ganhou tudo. Com versão feita pelo Eric Barceleiro, inspirada em “Primeiros Erros” do Kiko Zambianchi. Depois que a gente conseguiu a autorização, lançamos em três versões: Ao vivo, com o grito da torcida no estádio; Funk e a gravação do Buchecha, torcedor ilustre e um dos artistas mais queridos do país. Com essa gravação passamos de 800 mil e caminha para atingir a marca de 1 milhão nos streams – o DJ continuou explicando os projetos que vieram em seguida  

– Logo em seguida vieram os novos cantos das torcidas do Vasco e Botafogo, que ganharam versões dos funkeiros MC G-15 e Danny, respectivamente.  

Em 2021, no Spotify, o projeto já foi ouvido por mais de 9.514 ouvintes mensais no canal e ao todo já passou de 3 milhões. Mas o “Canto dos Estadios” não ficou só com os times cariocas, cruzou o estado chegando na capital da terra da garoa. Em São Paulo, a torcida do Corinthians também teve seu canto oficial lançado, com uma versão gravada pelo MC Bola. No ano passado, o produtor eternizou em seu projeto o canto da torcida do Palmeiras que fazia referência ao sonho concretizado de conquistar o bicampeonato da Libertadores. Agora, coincidentemente, Flamengo e Palmeiras disputam a final da Libertadores, dia 27, em novembro, jogo único, com as principais músicas das torcidas gravadas no projeto.  

Confira outros trechos da entrevista

Esporte News Mundo – Como o projeto “Cantos da Torcida” surgiu  ?

André Werneck – Eu sou botafoguense e estava no Estádio há uns 15 anos atrás quando a torcida do Botafogo começou a cantar: “E Ninguém Cala Esse Nosso Amor!” e corri para produzir e gravar a música. Descobri que era uma música adaptada do Sport (de Portugal), entrei em contato com quem fez a versão original e depois com o brasileiro que fez a adaptação. A onde de canções exaltando o amor ao clube cresceu e logo depois o Flamengo lançou uma em cima de “I Love Baby”, mas não conseguimos a  autorização. Contudo, logo em seguida veio a “Raça”. Amor e Paixão”, também do Flamengo, inspirada no “Tema da Vitória “da Fórmula 1. Como naquele tempo eu trabalhava na Som Livre, a Globo licenciou a música e a gente conseguiu que o maestro Eduardo Souto Neto, que compôs a versão original para o automobilismo da emissora e ficou sócio do projeto que saiu em CD pela Som Livre e ringtones que na época era um sucesso. Essa foi a etapa inicial do projeto chamada “cantos da torcida”, com mais de 20 músicas dos principais times do Brasil. 

ENM – Quais são as dificuldades de se desenvolver um trabalho como esse ?

AW – Cara dá muito trabalho desenvolver um projeto como esse, porque tem que achar o cara que fez a versão, depois negociar com a editora original e isso demanda muito tempo. Por exemplo, eu nunca consegui gravar nada do Fluminense uma era uma versão de uma música grega, depois teve outra que foi uma música do RPM que teve uma briga da banda com o Paulo Ricardo de cantar e o Paulo só autoriza se ele cantar.

ENM – Quando o projeto ressurgiu ?

AW – Ressurgiu com o Corinthians em 2009 quando o time contratou o Ronaldo e a torcida fez a música “Um Bando de Loucos”, com o projeto passando a ser chamado “Cantos dos Estádios”. 

ENM – Como é feita a captação das músicas da torcida ?

AW – Eu vou no estádio e gravo com o meu celular e de lá eu mando para o estúdio do Paulo Jeveaux, meu sócio e que é ganhador de três Grammy, sendo dois latinos e um Grammy Awards. Ele joga o áudio no computador que é utilizado para fazer uma ambiência e em cima ele grava vozes de novo, instrumentos e baixa o volume do fundo para criar um ambiente. Isso é bem parecido com as outras versões que temos no projeto. Quando é funk ele coloca a base do funk e quanto tem um artista cantando ele usa a base que a gente produz e o artista só coloca a voz. A gente teve o Buchecha, cantando a música do Flamengo, o MC G15 gravando a do Botafogo, MC Bola gravando a do Corinthians, o Dani cantando a música do Vasco.

ENM – A música do Palmeiras não tem versão com o artista?
AW –
Infelizmente, não deu tempo de achar um cara que cante a versão do Alviverde e também teve a pandemia da Covid-19 e por isso ficou faltando o cantor do Palmeiras.

Ouça as músicas:

Reprodução
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