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Venda do nome da Arena é apenas um fator na crise financeira do Corinthians

Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Muito veiculado nos últimos dias no Corinthians, o naming rights, direito de exploração do nome, da Arena é um processo muito mais difícil do que parece. O presidente do clube, Andrés Sanchez, negou que tenha vendido tal direito do estádio, mesmo com, segundo ele, “diversos interessados”. As negociações para a venda do naming rights não são recentes, mas tomaram destaque no começo da semana.

Ex-jogador e atual comentarista, Neto afirmou, em seus programas de televisão e rádio, que o Corinthians teria vendido o direito por R$400 milhões. Entretanto, além da desmentira do executivo corintiano, especialistas também têm punho firme e acreditam que, no atual modelo do clube, é um projeto praticamente impossível.

Reformulação política é necessária no clube

O especialista em gestão esportiva e sócio da Sports Value, Amir Somoggi, é contra a possibilidade da venda do naming rights da Arena. Destaca, também, que em ano eleitoral e na atual conjuntura política do clube, é algo totalmente inviável. “Você acha que o Andrés Sánchez, com o clube quebrado, com R$177 milhões de prejuízo, R$900 milhões em dívidas, 60% no aumento de dívidas, vai vender naming rights?”, pontua.

“[A venda de naming rights] seria uma mentira deslavada, como todas que surgiram na imprensa, até o dia em que esse estádio foi criado. Não existe [a venda de] naming rights no modelo atual”, diz Sommogi.

Segundo o diretor de operações da Cheil Brasil, Evandro Guimarães, a crise financeira do Corinthians vai além de uma possibilidade de venda do naming rights. “O déficit anual do clube no ano passado foi de, aproximadamente, R$200 milhões”, relembra. Para ele, o que o Corinthians precisa fazer é buscar um processo melhor de gestão antes de se preocupar com esses direitos de seu estádio.

Para Sommogi, é preciso esperar por uma nova eleição para entrar no mérito da venda do naming rights. “Tem que esperar um novo gestor, uma definição na negociação das dívidas”, opina. Suas críticas ao atual modelo são duras: “Ninguém sério, em sã consciência, vai ter coragem de dizer que existe a possibilidade de um naming rights na atualidade”.

Perda de credibilidade corintiana

Evandro acredita que o futebol brasileiro como um todo tem perdido credibilidade em seu produto. Mais do que isso, a situação do Timão, e especificamente da Arena Corinthians, é mais delicada. “Ainda mais com toda essa relação com a Lava Jato e os sócios no fundo da Arena… Nenhuma marca gostaria de estar ligada com um estádio que, supostamente, teria sua imagem arranhada”, afirma. Para ele, essa crise de credibilidade seguramente prejudica a venda do direito de exploração do nome da casa corintiana.

“Esse estádio está arrebentado, ele não tem credibilidade, nunca vai ser pago. Nunca uma marca verdadeira, com honestidade e transparência, vai querer patrocinar um clube desse”, afirma Sommogi.

Para o sócio da Sports Value, os clubes têm dificuldade em conseguir patrocínios justamente por não ter credibilidade. “Por que o Corinthians não consegue naming rights? Porque ele é o pior clube do Brasil em termos de credibilidade hoje”, salienta o especialista.

E as contas seguem não batendo…

Para Evandro, formar e vender jogadores é uma saída, mas, comparado a outros clubes, o Corinthians tem investido pouco. “O clube poderia formar muitos jogadores. Ao invés disso, contratou, no ano passado, 100 atletas, incluindo o time sub-23, que não foram utilizados e muitos deles foram emprestados”, completa. Ele também critica a organização financeira do Corinthians: “Se o clube tem receita de R$480 milhões, não faz sentido gastar R$680 milhões e ter prejuízo de R$200 milhões”.

Dessa forma, a venda do naming rights é apenas um ponto dentro da grande crise corintiana. Para os especialistas, em ano de eleição, o clube deve se preocupar, primeiro, em arcar com as suas dívidas.

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