Flamengo

Volante ex-Flamengo se forma em medicina e irá atuar na linha de frente contra o coronavírus

Tostão, Sócrates e agora… Márcio Guerreiro. O ex-volante do Flamengo é mais um a trilhar um caminho pouco desbravado, de jogador profissional a médico. O carioca de 39 anos, que deixa de vez no passado a ‘armadura’ para assumir o papel de ‘doutor’, até recordava ser o novo companheiro de profissão do falecido ídolo do Corinthians. Mas foi surpreendido com lembrança de que o campeão mundial em 1970, e lenda Cruzeiro, também seguiu a mesma trajetória.

“Verdade, verdade! Tirando esses dois, eu não me recordo mais de nenhum. Fico feliz de fazer parte desse grupo seleto. Vai ficar legal isso aí!”, disse, às gargalhadas, orgulhoso da história que, provavelmente, várias de suas rodas de amigos vão ouvir.

As risadas, no entanto, logo dão lugar ao semblante de responsabilidade. Márcio faz parte da leva de estudantes de Medicina que se formariam no meio do ano, mas tiveram suas formaturas antecipadas para ajudar no combate à pandemia de coronavírus no Brasil. 

“O pessoal que está se formando agora vai para a linha de frente, para tentar ajudar da melhor maneira. Sabemos que ainda não foi lançada nenhuma vacina. Temos alguns medicamentos que estão sendo estudados, que tem uma eficácia boa, mas sem comprovação. E nós, recém-formados, temos que estar prontos para combater esse vírus e ajudar a população”, disse Márcio, que aguarda para saber se atuará no Hospital Geral de Nova Iguaçu ou na estrutura de campanha, atualmente em montagem pela prefeitura do município. 

Ali, na zona metropolitana do Rio de Janeiro, Márcio Guerreiro começou no Nova Iguaçu FC, em 2000. Foi destaque da Portuguesa-RJ, em 2004, antes de chegar ao Flamengo no ano seguinte. Ainda rodou por várias equipes, entre elas Ponte Preta, Criciúma e Guarani, até retornar ao time que o revelou e pendurar as chuteiras relativamente cedo, aos 32 anos, em 2013. O motivo da aposentadoria foi também o guia para a nova profissão. 

“Eu estava sofrendo muito com lesões articulares. Eu tinha feito uma operação no joelho e estava sentido muito o peso dessas lesões. Já não estava mais sendo prazeroso jogar, por isso optei por encerrar a carreira até precocemente”, conta o Márcio, que em conversa com o Esporte News Mundo, relata os passos que levaram à troca da camisa de jogo pelo jaleco: 

“Por ter operado o joelho e por ter tido algumas lesões no tornozelo, sempre fui muito curioso. Queria saber o porque daquilo acontecer. Via os médicos e fisioterapeutas fazerem o tratamento e sempre perguntava muito. E minha esposa já era médica. A maioria dos jogadores, quando encerram a carreira, criam uma lacuna, porque só sabem jogar futebol e pronto, né? Mas a minha esposa me incentivou, voltei a estudar em 2014, e logo me identifiquei com a medicina”.  

Mensagem de agradecimento de Márcio pela formatura (Foto: Acervo Pessoal)

O agora Dr. Márcio Luís Marques Guimarães graduou pela UNIG (Universidade Iguaçu) e aguarda o recebimento de seu número do CRM (Conselho Regional de Medicina), necessário para a prática médica. O ex-atleta profissional, que já montou uma clínica particular no bairro de Comendador Soares para atuar como clínico geral, pretende se especializar em ortopedia. Apesar do passado como atleta e da intenção em seguir carreira em uma área requisitada pelo esporte, ele não pretende retornar ao universo do futebol. 

“Hoje, eu diria que não. Mas a gente não sabe, às vezes aparece uma proposta muito boa, de um clube muito bom, e a gente acaba indo. Mas hoje, isso não passa pela minha cabeça. Pretendo atender em hospital e clínica”, contou ao ENM.

PASSADO NO FUTEBOL E EXPERIÊNCIA NO FLAMENGO

Márcio chegou ao Rubro-negro em um momento atribulado. Somente no primeiro semestre de 2005, por conta das más campanhas na Taça Guanabara e na Copa do Brasil, foram quatro treinadores: Júlio César Leal, Cuca, Andrade (interino) e Celso Roth. Apesar da falta de oportunidades em meio às constantes mudanças na equipe, o agora médico recorda com carinho a chance de atuar com a camisa rubro-negra ao lado de um elenco estrelado:

“Foi uma época muito boa, apesar de ter recebido poucas chances. Tinha Zinho, Júnior Baiano, Ibson, Dimba, Marcos Denner, Fellype Gabriel […] Infelizmente, com as trocas de treinador, fica muito difícil. Mas foi uma experiência muito grande. Era meu sonho de criança poder atuar pelo Flamengo, e quando tive a oportunidade, não pensei duas vezes. Apesar de não ter tido tanto êxito, foi um momento de aprendizado muito grande”, celebra Márcio, que ainda recorda os duelos contra um certo atacante:

“Ao longo da minha carreira, tive vários adversários muito bons. Hoje a competitividade é maior, mas antigamente, os meias e o atacantes se sobressaiam muito mais. Eu peguei o Diego Tardelli numa fase muito boa. Eu lembro que foi um dos caras que era muito difícil marcar. O enfrentei na época de Atlético-MG e caramba!

E da carreira no futebol profissional é possível tirar algo proveitoso para a prática da medicina? Márcio garante que um fator aproxima bastante os dois universos.

“No futebol, você vive com uma pressão diária, e na medicina não é diferente. Você está lidando com vidas, é uma responsabilidade muito grande. Muitas vezes, a vida do paciente está nas suas mãos, então você lida com pressão o tempo todo também. Então, nesse ponto, são duas profissões parecidas. Com certeza, o passado como jogador pode me ajudar nisso”, aposta.

Foto: Acervo Pessoal

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