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10 anos sem Sócrates: Magrão marcou mais do que apenas o Corinthians

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Sócrates, após marcar contra o São Paulo, com seu gesto icônico em referência aos Panteras Negras. (Foto: Reprodução)
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Neste dia 4 de dezembro se completam 10 anos da morte de Sócrates. Ex-jogador do Corinthians, Botafogo-SP, Santos, Flamengo, e da Seleção, o Doutor foi responsável por marcar gerações de torcedores, inclusive das que nunca o viram jogar ao vivo, mas cresceram ouvindo as histórias de seus pais, tios, avós.

Dono de um calcanhar primoroso e uma calma só comparável à sua inteligência, o Doutor, nascido em Belém do Pará e crescido em Ribeirão Preto, despontou no Botafogo-SP. Lá, ele era o arco, e o atacante Geraldão, que depois foi dupla no Corinthians, era sua flecha. Virou profissional em 1973, e chamava atenção desde garoto.

Chegou no Corinthians em 1978, após uma malandragem do então presidente Vicente Matheus, para driblar o São Paulo, que também queria o craque. Ligou para o tricolor falando em um interesse no então zagueiro tricolor, Chicão, e marcou com os dirigentes tricolores. Vicente Matheus mandou Isidório almoçar com os dirigentes tricolores, enquanto pegava a estrada até Ribeirão, e fechava com aquele que se tornaria um dos maiores ídolos da história do Corinthians e do futebol brasileiro.

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No Corinthians, Sócrates rapidamente ganhou a fiel. Por sua inteligência e categoria, marcados pelo toque apurado de calcanhar, que ele dizia ser uma artimanha, para escapar da sua dificuldade física de girar o corpo com grande velocidade.

Mas, rapidamente Magrão mostrou que sua idolatria não era só dentro de campo. Fora, ele encarnava o sentimento da massa não somente Corinthianas, mas brasileira, revoltada com a Ditadura Militar.

Seus três títulos paulistas pelo Timão, os de 1979, 1982 e 1983, tem peso ainda maior por serem, os dois últimos, conquistados durante a Democracia Corinthiana. Foi com sua veemência em não se calar, que ele, junto de Casagrande, Wladimir e outros, fizeram do Corinthians uma equipe nacional, a partir da ligação com o desejo do fim da Ditadura encarnado pelo time na época. Tradição que foi parte da fundação da Gaviões da Fiel, e que é preservada pela torcida até hoje.

Magrão não só entendeu o espírito do Corinthians, mas foi quem melhor definiu o clube que foi sua casa de 1978 a 1984. “O Corinthians é muito mais do que um clube de futebol (…) O Corinthians é uma voz, uma força, uma forma de expressão que sua população tem. Num país em que os mais fracos, social, política e economicamente, não tem voz nunca, neste caso tem. Através do Corinthians eles conseguem se manifestar. Quer dizer, a torcida corinthiana utiliza seu clube, seu time, sua expressão fisica, como forma de contestação de tudo aquilo que não lhes é dado de direito”.

SELEÇÃO BRASILEIRA

Pela seleção, Magrão jogou as copas de 1982, e 1986. Em 82, com dois gols fundamentais, um na vitória de virada por 2×1 contra a URSS, e o primeiro gol do Brasil na derrota para a Itália, no jogo que tirou o Brasil da Copa.

A frustração para a geração que esperava aquela taça ficou. Mas até hoje ficou também a sensação de ter sido a seleção que não levou um caneco, mas que mais merecia, e uma das melhores e de futebol mais bem jogado da história do esporte.

Em 1986, viveu a decepção da seleção, que caiu nos pênaltis para a França, nas quartas. Para muitos até injustamente, foi descascado por Saldanha numa transmissão ao vivo da final.

O FIM

Sócrates sofreu, no final da vida, com as internações por conta da cirrose. Problema assumido, a bebida lhe causou muita dor no fim de sua vida. Depois de muitas internações, a última foi no dia 3 de dezembro de 2011. Na madrugada do dia 4, não resistiu, e faleceu.

O dia, fez dele ídolo e profeta. “Quero morrer num domingo, com o Corinthians Campeão”, disse Magrão. E foi com um empate em 0x0 contra o Palmeiras que o Corinthians ergueu seu quinto campeonato Brasileiro. A homenagem, no dia do jogo, foi de 40 mil Corinthianos e todos os jogadores e comissão alvinegros com seus punhos erguidos, o gesto dos Panteras Negros, que Magrão eternizava em seus gols.

Sócrates deixou um legado de um olhar ao futebol não somente ao torcedor do Corinthians, e à cultura da torcida Corinthiana, mas a todos e todas que olham o futebol como espelho de nossa sociedade, com todas as suas contradições, e que anseiam por mudanças. Sócrates deixou um legado ao futebol brasileiro.

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