Exclusivo
Cem mil camisas vendidas, repercussão internacional e amor pelo Atlético-MG: um papo com o criador do Manto da Massa
— Continua depois da publicidade —
A campanha Manto da Massa do Atlético-MG foi um sucesso. A blusa escolhida foi a de Flávio Markiewicz. Em uma semana foram vendidas 100 mil unidades e foram arrecadados R$ 19,3 milhões. Em entrevista exclusiva ao Esporte News Mundo, o criador do Manto contou como foi todo o processo, desde o projeto da camisa até quando descobriu que havia sido o grande campeão (veja mais trechos da entrevista acima).
Atleticano desde pequeno, o designer e ilustrador diz que herdou a paixão pelo Galo do avô polonês, que veio para Belo Horizonte depois da Segunda Guerra Mundial, e se apaixonou pelo Atlético.
“Ele foi um grande torcedor do Galo até falecer em 2010, mas passou essa paixão para o meu pai, para o meu tio e eles transferiram pra mim. É uma coisa mesmo que vem de família. Eu desde criança frequento o estádio, vou ao Mineirão, ao Independência, então é uma coisa que está na minha vida há muitos anos.”
Se engana quem pensa que a ideia de criar um uniforme para o Atlético surgiu com a campanha. Essa já era uma vontade de Flávio, que pensava em desenhar uma blusa mesmo que fosse como projeto pessoal, mas não deixava de lado o sonho de ver o time do coração vestindo algo criado por ele.
“Eu ficava na expectativa porque já tinha visto outros clubes que fizeram campanhas similares, de chamar torcedores para contribuir com o desenvolvimento do uniforme e eu ficava com essa esperança. Quando eu vi o anúncio do concurso eu falei ‘chegou a hora mesmo, vou fazer de tudo, usar toda a expertise que eu tenho para construir um manto bem bonito e quem sabe realizar esse sonho’”, relembra ao ENM.
O projeto
Como já era uma vontade antiga, Flávio conta que tinha várias ideias de como queria que a blusa fosse. Mas foi a torcida atleticana a grande inspiração para a nova camisa. Por isso, o designer investiu em detalhes que pudessem transmitir todo a paixão que ele sente pelo Atlético.
“A primeira ideia foi a de usar o contorno do escudo do Atlético nas costas da camisa. Eu sempre achei o escudo bonito e, se você observar, se você tira o miolo e fica só a silhueta ele ainda é um escudo muito reconhecido, ainda mais falando em um âmbito nacional. Se você pegar e colocar ele em preto e branco só, todo mundo sabe que é do Galo. Eu quis aproveitar isso porque sei que é uma forma tão bonita, e eu sou suspeito para falar porque sou atleticano, mas eu achava que era pouco utilizado no design geral do clube, então eu tentei puxar isso.”
“Minha grande inspiração foi a torcida e que me fez tomar a grande decisão se eu ia ousar um pouco mais na camisa ou se ia manter as linhas mais tradicionais. Como eu queria que fosse a representação da massa do Galo, eu decidi manter as listras do clube, porque, pra mim, é um elemento fundamental da nossa identidade”, completou.
Votação
Há quem reclame de grupos da família, mas, no caso de Flávio, foram esses grupos e a repercussão nas redes sociais que o ajudaram a ser campeão, já que o Manto foi escolhido através de voto popular. Ao todo, o projeto teve 1.500 camisas escolhidas e dessas, 13 foram finalistas. Por isso foi preciso muita correria e dedicação para ser o voto da massa atleticana.
“Tem gente que fala que grupo de família às vezes é um tanto de mensagem e tal e dessa vez não posso reclamar de grupo de família nenhum. Porque todo mundo falou ‘vamos ajudar, vamos espalhar sim’. Sempre tem um tio que tem vários grupos de futebol ou que falam só do Galo, aí ele já ia lá e mandava, aí uma coisa ia puxando a outra e acabou espalhando”
Repercussão
Alguns dias depois da notícia de que ganhou a campanha e 100 mil Mantos depois, Flávio conta que ainda não tem dimensão do que o projeto foi e ainda é.
“Eu estou tentando fazer a ficha cair, mas é muito legal. Eu ainda não consigo descrever. É uma mistura de um tanto de sentimento, muita emoção, é uma felicidade enorme. Ao mesmo tempo também foi um sentimento de dever cumprido e de um sonho realizado, mas esse sonho ainda está em andamento e eu só vou ter mesmo a real dimensão do que foi quando o Manto tiver pronto, quando as pessoas estiverem usando nas ruas, nos estádios. Aí eu acho que essa emoção vai triplicar, quadriplicar, vai ser uma maluquice.”
O presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara, disse que quer que Flávio acompanhe todo o processo de fabricação da nossa blusa do Galo, já que teve toda a ideia. O designer disse que o processo já começou e que está otimista com o que viu, apesar de não poder dar spoilers.
“A Le Coq (empresa responsável pelo material esportivo do Atlético) tem uma fabricante, uma representante dos produtos dela aqui no Brasil. Eu já tive um primeiro contato com eles, nós conversamos para ver o que era possível ser mantido, todos os detalhes mais fiéis e, se houvesse algo que não fosse possível produzir 100%, o que a gente poderia fazer para manter o mais fiel possível ao projeto. Até o momento está sendo bem bacana, eu tenho recebido algumas atualizações deles, algumas fotos, mas ainda sem muita evolução no quesito ainda não vi ela montada, mas já vi peças.”
Apesar do futebol brasileiro estar paralisado e ainda não ter previsão de volta, Flávio espera em breve ver o jogadores do time que tanto ama usando a camisa que sonhou e ver as arquibancadas cheias do seu projeto.
“Vou querer ir, abraçar o povo que tiver usando a camisa, vou querer ir conversar com todo mundo. Pra mim, ver uma pessoa usando a camisa vai ser um reconhecimento gigantesco de que aquela pessoa gostou do meu trabalho, então o mínimo é poder ir lá, trocar uma ideia com ela e agradecer, porque é uma camisa que eu coloquei alma quando eu estava produzindo e eu fico feliz demais que foi tão correspondido. Vai ser alegria, emoção. Provavelmente eu vou chorar muito, vou descobrir isso daqui alguns meses.”