Futebol Internacional
A Jornada do Herói: Unai Emery desafia a lógica com o azarão Villarreal
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Existe uma fórmula consagrada no cinema chamada “A jornada do herói” onde o protagonista percorre uma longa estrada até chegar a sua forma heroica, passando por frustrações, lições de vida e finalmente, o entendimento sobre a palavra “herói”. A maioria dos grandes heróis fictícios vivenciaram esse trajeto e Unai Emery talvez esteja sentindo um pouco sobre como é percorrer esse caminho.
Na terça-feira passada, ele viu junto a seus jogadores uma parte da história do Villarreal ser reescrita ao chegar nas semifinais da UEFA Champions League, eliminando o todo-poderoso Bayern de Munique, em plena Allianz Arena, no empate de 1×1 (2×1, no agregado para a equipe espanhola).
“Não vamos às semifinais para nos dizerem como somos bons, queremos jogar a final” disse o treinador em uma coletiva após a histórica classificação. Com um jogo cauteloso e pragmático, bem a feição do que são os times comandados por Emery, o Villarreal engoliu o ‘Rei da Bavária’ em sua casa, “um jogo perfeito na defesa” explicou o treinador sobre sua estratégia.
E por esse caminho, primeiro foi a Juventus, bicampeã europeia, depois o Bayern de Munique, hexacampeão, e agora irá encarar outro hexacampeão, o Liverpool, a quem ele já enfrentou algumas vezes na Premier League, mas se isso o amedronta? Nem um pouco, “Teremos uma semifinal onde tentaremos criar circunstâncias para as oportunidades. Não sei se o Liverpool conseguirá manter a liderança” afirmou.
A equipe que vem sendo destrinchada pelas mesas redondas europeias nessa semana mostra o porquê de o Villarreal ser o “time mais regular da Liga dos Campeões na última década” segundo o ‘El País’, “Esta equipe é digna do melhor Trappatoni” completou fazendo referência ao estilo do treinador italiano multicampeão pela Juventus ser parecido com de Emery.
Elogiado por Jürgen Klopp, e comparado a José Mourinho pelo Marca da Espanha, Unai colhe os frutos de uma trajetória vitoriosa em clubes de segundo escalão. Tetracampeão da Liga Europa, 3 vezes com o Sevilha (2013-14, 2014-15, 2015-16) e uma com o submarino amarelo (2020-21) ele se igualou ao treinador português em conseguir chegar as semifinais de uma Champions League com a mesma equipe após ganhar o segundo torneio mais importante do futebol europeu.
E se isso o faz acomodar? Ele não pensa nisso, “Agora temos mais trabalho” disse, enfatizando que a meta é a final, enquanto o ‘El Mundo’ afirma “Não se cansam de nadar contra a corrente”, Unai Emery se eterniza ao colocar um azarão entre as quatro melhores equipes da temporada europeia, “O futebol é sobre sentimentos, e nós representamos muita gente por trás disso. É fantástico. Tudo baseado na preparação, estou muito orgulhoso do projeto” completa.
Caminho espinhoso para ser “o melhor técnico do mundo”
“Em Paris, eu perdi a chance de me tornar o melhor técnico do mundo” exclamava Unai Emery em uma entrevista para a France Football após sair do Paris Saint-Germain, clube que comandou por duas temporadas turbulentas. Ele não se exime do fracasso no clube francês, que o fez ser questionado sobre sua competência, mesmo tendo três Liga Europa no currículo.
Emery dividiu o fracasso na França com os erros de arbitragem “No primeiro ano, contra o Barcelona, nós jogamos em um nível muito alto no primeiro jogo. Na volta, fomos eliminados porque o VAR não existia. No segundo ano, nos curvamos diante de um Real Madrid que ganhou três títulos seguidos e no primeiro jogo também tivemos erros de arbitragem” afirmou.
Mesmo com enorme facilidade na Ligue 1, o treinador colecionou atritos com a torcida e com Neymar, que chegara para se tornar o principal jogador do clube parisiense. Sem conseguir contornar o racha no elenco causado pela crise Neymar-Cavani, Unai foi demitido do PSG em 2018.
Pouco tempo depois assinou com o Arsenal.
O drama em clubes grandes continuou, nos Gunners, o problema foi com alguns jogadores do elenco, “O Arsenal era um clube em declive quando cheguei. Começamos a endireitar o clube, levamos a final da Liga Europa e a um 5º lugar no Campeonato inglês. Tínhamos ideia de continuar essa progressão, mas perdemos quatro líderes do elenco e algumas estrelas não tiveram atitudes corretas” lamentou.
Hoje no Villarreal, o treinador acertou nas indicações de transferências ao insistir na vinda do holandês, nascido na Nigéria, Danjuma, o ponta de 25 anos foi decisivo no primeiro jogo contra o Bayern. Agora, o comandante tenta fazer o que fez no Sevilla anteriormente; criar um time metódico e detalhista, com progressão e comprometimento tático.
O submarino amarelo enfrentará o Liverpool nos dias 27/4 e 3/5 na busca pela vaga na final, “O único jeito (de ganhar a Liga dos Campeões) é fazer jogo a jogo, aproveitando o trabalho sem pensar na final, sem pensar que vamos ganhar” disse o treinador à UEFA.