Coritiba
Amodeo vê trabalho desafiador em 100 dias de SAF e crava: ‘Último Brasileirão que o Coritiba briga para não cair’
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Recentemente uma das maiores mudanças da história do Coritiba completou 100 dias, a SAF comandada pela Treecorp vive uma experiência única neste período e promete ter vários capítulos até o fim do ano. Em entrevista exclusiva ao GE, Carlos Amodeo, CEO do Coxa, elogiou todas as mudanças feitas até aqui no clube, reconhece desafios e faz promessa perigosa.
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– Este será o último Campeonato Brasileiro que o Coritiba vai jogar para não cair para a Série B ou para se manter na Série A. Se a gente tiver que dar um passo para trás e trabalhar no ano que vem pela retomada na Série A, nós vamos trabalhar isso de forma consistente para transformar esse clube num clube sólido, forte e competitivo de modo que a gente não faça com que o torcedor passe mais por momentos como a gente está vivendo agora e como o torcedor vive ao longo dos últimos vários anos – promete.
Nesses 100 dias, a SAF promoveu diversas mudanças na diretoria do clube, comissão e principalmente no elenco do Coritiba. Para analisar de maneira completa, Amodeo comparou o Coxa com uma casa que trocou tudo em pouco tempo e agora precisa de resultados.
– Estamos refazendo as fundações, estamos trocando tubulação de água e esgoto, estamos revisando a instalação hidráulica e elétrica, pontos que muitas vezes não aparecem numa construção mas que são fundamentais para segurar a solidez da estrutura a longo prazo. É isso que estamos fazendo ao longo desses 100 dias, cientes da dificuldade que nós temos e da necessidade que nós temos de obter os resultados necessários nessas últimas 17 finais – disse Amodeo.
– A gente já implantou uma série de mudanças. Quando falamos especificamente do departamento de futebol, nós modificamos a estrutura da área de nutrição, modificamos a estrutura da área de performance e desempenho, criamos o centro de inteligência e análise desportiva, que engloba as áreas de scouting e análise de desempenho, fizemos uma série de modificações em termos de pessoas e profissionais. Tudo isso durante o transcurso da nossa principal competição e da mais difícil competição de Campeonato Brasileiro dos últimos 20 anos – conta o CEO.
Carlos Amodeo foi uma dessas mudanças promovidas pela SAF desde a sua chegada. O diretor chegou no clube em maio e tem um pouco mais de quatro meses de trabalho, junto com ele, Arthur Moraes, também foi outro contratado pela Treecorp que até aqui sofrem mais com críticas do que bons resultados.
– Tem sido muito desafiador nesse momento. Isso não serve nem um pouco de muleta ou desculpa para os resultados insatisfatórios que a gente vem obtendo, mas é fundamental que o torcedor do Coritiba entenda que esse processo é um processo de transformação de uma entidade centenária – reforça.
INVESTIMENTO
Um dos grandes questionamentos feitos pela torcida do Coritiba neste começo de SAF é o dinheiro investido no clube, que para a maioria não faz sentido em certos momentos porque certas coisas não funcionam da maneira que deveria ocorrer. Amodeo confirma que no contrato de 10 anos assinado, a SAF planeja gastar de 15 a 17% neste ano.
– A diretoria da associação fez, nos últimos anos, um trabalho muito consistente no sentido de estruturar o clube do ponto de vista jurídico e do ponto de vista de organização das dívidas do clube a partir da recuperação judicial. Essas questões asseguraram um ambiente bem mais consistente e seguro para que o investidor optasse por fazer o investimento no Coritiba. Mas também é importante dizer que o clube, no momento em que nós iniciamos a transição neste ano, o clube ainda enfrentava dificuldades financeiras bastante relevantes – lembra Amodeo.
– Nós tivemos que abrir mão de uma série de atletas que aqui estavam para abrir espaço na folha de salários e contratar uma série de outros atletas para que nós pudéssemos respeitar o montante mínimo investido e também não fazer um investimento tão significativamente maior do que aquilo que estava orçado – explica.
COMPROMISSO DE INVESTIMENTO
Outro tema muito comentado pela torcida do Coritiba era as obrigatoriedades da SAF em investir no clube, algo que estava em contrato, Amodeo confirmou que a Treecorp não está investindo mais do que o esperado. O motivo não existe fluxo de caixa e de investimentos estabelecidos para cada ano.
– Se nós temos uma folha mensal de 10 milhões de reais contando encargos e comissão técnica, multiplicado por 12 meses nós vamos já ter os 120 milhões consumidos ao longo do ano por conta dos pagamentos. Neste ano nós podemos assegurar que a folha salarial do clube, mais os encargos, mais os investimentos feitos no início do ano na contratação de atletas, já compunha um montante estimado para o ano em torno de 120 milhões – calcula.
PERIGO DO REBAIXAMENTO
Falando sobre as outras SAFs do Brasil, Amodeo usa o critério de que em clubes como Botafogo, Vasco e Cruzeiro, os investidores assumiram quando os times estavam na Série B e com isso tiveram mais tempo para organizar os projetos.
– Mas o investidor tinha consciência da situação econômica e financeira do clube, tinha a clareza com relação à necessidade dos investimentos que precisavam e que precisam ser feitos, e também das dificuldades que nós enfrentaríamos como de fato estamos enfrentando do ponto de vista esportivo numa competição tão dura como o Campeonato Brasileiro de 2023 – reconhece.
MUDANÇA DE MENTALIDADE
Vendo a situação complicada em que o Coritiba se encontra no Brasileirão, Amodeo e outros dirigentes estão tentando mudar a mentalidade do clube, que para muitos é um dos grandes problemas nos últimos anos.
– Nós vamos valorizar muito a mentalidade vencedora de todos os profissionais, não apenas dos atletas mas de todos os demais profissionais do clube, assim como vamos perseguir todos os dias a excelência dentro de tudo aquilo que a gente faz, e sempre em prol do conjunto, em prol da equipe, e não das individualidades. Aqui dentro do Coritiba não existe mais a figura do “eu”, existe a figura do “nós”, existe a figura do conjunto acima das individualidades – prega Amodeo.
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IMPRESSÕES DOS PRIMEIROS 100 DIAS
Amodeo confirmou que o que mais chamou a atenção da Treecorp nesses primeiros 100 dias foi o quanto todos estão sujeitos a crítica e julgamento por parte da torcida do Coritiba.
– Temos que separar o joio do trigo: a crítica que é consistente da crítica que é sem nenhum tipo de robustez ou embasamento. Essa questão de exposição e do quanto a gestão de um clube do futebol está sujeita à julgamento diário de todos os torcedores e de todos aqueles que se relacionam com o clube é o que mais chama atenção daqueles que não vivenciam há mais tempo o mercado do futebol – disse o CEO na entrevista.