Por Dentro do Jogo
ANÁLISE: Barça cresce com reedição do 4-3-1-2 e De Jong no meio, mas é pouco ‘para o Bayern’
O colunista Rodrigo Coutinho detalha o que aconteceu dentro de campo entre Barcelona x Napoli, jogo que definiu uma vaga na quartas de final da Uefa Champions League
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Não é exatamente uma novidade. Quique Setién já havia utilizado o 4-3-1-2 em jogos recentes do Barcelona. Em algumas partidas foi bem sucedido, em outras nem tanto, mas neste sábado, diante do Napoli, no Camp Nou, a aproximação entre os jogadores pelo centro, a maior liberdade dada a Griezmann, e o bom jogo feito por De Jong(não era titular desde meados de junho), foram determinantes para a vitória por 3×1 e a vaga garantida nas quartas de final da Champions League. Messi foi decisivo novamente. Contra o Bayern, porém, os ”culés” precisarão jogar muito mais.
Sem Busquets e Vidal, Quique Setién montou seu meio-campo com Rakitic mais recuado, Sergi Roberto e De Jong mais adiantados e Griezmann por trás de Messi e Suárez. Um 4-3-1-2. No Napoli, Insigne foi confirmado no ataque e a equipe não teve nenhuma grande novidade. O mesmo 4-3-3 montado por Gennaro Gattuso da maioria dos jogos.
O Napoli começou mostrando que não ficaria acuado aguardando os ataques do Barcelona. Com apenas um minuto acertou a trave em finalização de Mertens, após boa jogada de Insigne e Zielinski pela esquerda. Os comandados de Gattuso abriam bastante os seus pontas, tinham os meias circulando ativamente pela intermediária, laterais participativos na circulação da bola e se aproximando da linha de fundo. Um modelo de ataque mais posicional.
O time da casa demorou cerca de dez minutos para começar a imprimir a sua posse no campo de ataque. Semedo e Alba geravam amplitude ao time. Messi flutuava entre o lado direito e o meio, buscando a aproximação com Suárez e Griezmann na faixa central. Rakitic, De Jong e Sergi Roberto davam suporte à dupla de zaga na saída de bola e iam progredindo no campo a medida que o time se aproximava da área.
Menos mal que Lenglet atropelou Demme em escanteio cobrado por Rakitic da esquerda e abriu o placar aos nove minutos. O bloqueio do volante no zagueiro francês foi ”mole”, sem a contundência necessária, algo que foi repetido por toda a equipe do Napoli em boa parte da 1ª etapa. A equipe se posicionava em um 4-1-4-1 na fase defensiva, mas pressionava pouco a bola. Deixava o Barça trocar passes e acionar as boas movimentações de Alba pela esquerda.
Semedo pela direita, Messi carregando a bola pro meio, Suárez recebendo no pivô, e Griezmann com mais liberdade pelo meio também davam trabalho. Outro nome que merece destaque no meio-campo é De Jong. O holandês deu velocidade e verticalidade na circulação da bola. Sergi Roberto acrescentou mobilidade no setor.
Messi ampliou aos 24′. Fez o que quis entre Mario Rui e Insigne, caiu, levantou, e marcou em linda finalização no canto direito de Ospina. O camisa 10 ainda marcaria o terceiro aos 30′, mas dominou com a mão um lindo passe de De Jong e o gol foi bem anulado. Um pouco depois ele pressionou Koulibaly na saída de bola e sofreu pênalti. Suárez bateu e marcou o terceiro.
Faltava agressividade ao Napoli com a bola. A equipe encaixava boas trocas de passe. Chegou a ter mais a posse em comparação aos blaugranas, mas perto da área não apresentava contundência. Nas tentativas de passe em profundidade para os pontas ou Mertens, a linha defensiva dos catalães fazia um bom trabalho deixando-os em impedimento.
No finalzinho do 1º tempo, enfim os italianos marcaram. Rakitic cometeu pênalti em Mertens e Insigne diminuiu, deslocando Ter Stegen. O Napoli seguiu com sua postura corajosa no 2º tempo. Não havia alternativas. Era preciso buscar mais dois gols para se classificar. Insigne assustou de cabeça logo aos sete minutos.
O Barça reduziu seu ímpeto com a bola. Trocava passes com o intuito de tirar a velocidade do jogo e administrar a vantagem. De quebra, tinha um bom posicionamento defensivo e mais energia para pressionar a bola em comparação a jogos recentes. Por isso, não sofria tanto na defesa.
Gattuso tentou aumentar a força ofensiva de sua equipe ao colocar Lozano no lugar de Zielinski. O Napoli passou ao 4-4-2 e o mexicano quase marcou de cabeça aos 25 minutos, aproveitando um cruzamento de Insigne. Milik também foi a campo e chegou a marcar um gol bem anulado de cabeça aos 35′.
O time italiano terminou a partida com mais posse de bola e finalizações que o Barcelona, mas poderia ter sido mais preciso e eficiente com a posse, e intenso sem a bola. Mesmo assim mostrou um ótimo trabalho coletivo.