Por Dentro do Jogo

ANÁLISE: o ‘híbrido’ Leipzig é semifinalista da Champions

Confira a análise do jogo Red Bull Leipzig x Atlético de Madrid feita pelo colunista Rodrigo Coutinho

Publicado em

Foto: Uefa
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Um sistema híbrido em um automóvel permite funcionamento duplo ao motor. O Red Bull Leipzig chega pela primeira vez à semifinal de Uefa Champions League com uma equipe que funciona de formas bem distintas para defender e atacar. Você entenderá melhor nas linhas abaixo o funcionamento do ótimo coletivo montado pelo jovem técnico Julian Nagelsmann. Com apenas 33 anos, ele viu seus comandados dominarem o experiente Atlético de Madrid, que decepcionou com uma proposta reativa mal executada. Dani Olmo e Adams marcaram. João Félix descontou. Ganhou quem ”quis” mais!

Grupo jovem, talentoso e disciplinado taticamente. Equipe superou a saída de seu principal jogador. Foto: Uefa

Sem poder contar com Timo Werner, Julian Nagelsmann montou sua equipe de uma forma parecida com a que fez em algumas rodadas finais da Bundesliga. Um 3-5-1-1 no momento ofensivo, com Dani Olmo mais próximo de Poulsen no comando do ataque. E um 4-2-3-1 sem a bola, com Laimer se transformando em volante ao lado de Kampl. Sabitzer voltando pela direita, Klostermann e Angeliño defendendo como laterais. Diego Simeone escalou Herrera no meio, já que Thomas Partey, longe das melhores condições, iniciou no banco de reservas. Corrêa e Vrslajko foram os desfalques com Covid-19

Aqui o campo tático do início do jogo com o Red Bull em fase ofensiva. Laimer como um ala pela direita.
E aqui o campo tático com o Red Bull em fase defensiva. Laimer como volante. Klostermann e Angeliño como laterais. Sabitzer voltando aberto pela direita e Nkunku pela esquerda.

O desenvolvimento do jogo foi o aguardado por todos que já conhecem aquilo que Red Bull Leipzig e Atlético de Madrid têm de melhor. O time alemão mais tempo com a bola, atacando com uma ocupação de espaços bem posicional e a equipe espanhola bem fechada, tentando sair em contra-ataques. O detalhe é que ambas se anularam nos 45 minutos iniciais.

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Apenas quatro jogadas podem ser destacadas de parta a parte. Três deles em bolas paradas. Os zagueiros Halstenberg e Upamecano finalizaram com perigo após cobranças de escanteio do lado esquerdo. Savic devolveu na mesma moeda em batida de falta lateral por Renan Lodi. O brasileiro ainda serviu Carrasco dentro da área para uma ótima finalização do belga aos 12 minutos. Gulácsi fez boas intervenções nos dois lances.

O ”Atleti” fazia um forte bloqueio à frente de sua área. Ocupava o terço defensivo basicamente com oito jogadores e não dava possibilidades de finalização com a bola rolando. Ao mesmo tempo tentava sair em contra-ataques, mas era impedido por uma ótima transição defensiva do time de Leipzig. Pressionavam logo após a perda da bola, retomavam a posse ou faziam a falta.

O time de Simeone tentava acionar o seu forte lado esquerdo quando entrava em fase ofensiva. Liberava Renan Lodi e alinhava Saul aos zagueiros para usar o passe médio e longo visando a ultrapassagem do brasileiro ou a bola direta para Diego Costa aparar. Carrasco dava importante apoio por dentro, se associava com o camisa 12 pela esquerda. Koke variava pra uma faixa mais central para ganhar a ”segunda bola” e Llorente se projetava um pouco para a direita.

Saul alinhado aos zagueiros. Koke flutuando da direita pro meio e Llorente um pouco mais voltado ao lado direito.

Os comandados de Nagelsmann apresentavam uma interessante variação tática. Laimer, mais rápido que Sabitzer, se projetava como um ala pela direita, deixava o camisa 7 formando uma espécie de losango no meio com Kampl, Nkunku e Dani Olmo. Angeliño dava amplitude pela esquerda e o trio de zaga auxiliava na boa circulação de bola dos alemães. Upamecano se destacava com bons passes e conduções. Faltou mais capacidade de criação perto da área.

A ocupação de espaços do Red Bull no momento ofensivo bem detalhada. Reparem o losango no meio e Laimer dando amplitude como um ala pela direita.
Já no momento defensivo o time se posta com duas linhas de quatro e Laimer vira um volante

O início do 2º tempo não trouxe alteração no cenário até o Red Bull abrir o placar. O time circulou a bola com um pouco mais de velocidade perto da área, mexeu com a defesa do time de Madrid, e Sabitzer cruzou na medida para a cabeçada de Dani Olmo aos cinco minutos. Só aí Simeone resolveu soltar sua equipe. Sacou Herrera e colocou João Félix. Llorente foi recuado para o meio-campo.

O português entrou disposto a desfazer a imagem irregular que deixou no restante da temporada. Mudou completamente a cara do time. Passou a buscar a região de Renan Lodi e Carrasco, além de procurar o pivô de Diego Costa ao conduzir a bola pela intermediária. Em desses lances tabelou com o centroavante e foi derrubado por Klostermann dentro da área. Ele mesmo cobrou aos 25 minutos e empatou a partida.

O empate tirou o ímpeto dos alemães, que tentaram retomar as rédeas ocupando o campo de ataque, mas não conseguiram criar chances claras. O detalhe é que os colchoneros voltaram a adotar uma postura mais conservadora. Pareciam satisfeitos com a igualdade no placar. Mesmo sem repetir a organização ofensiva do início, o Leipzig acabou premiado pela maior disposição em buscar a vitória.

Sabitzer e Kampl disputam a bola com Carrasco. Foto: UEFA

Num raro contra-ataque da equipe, Sabitzer enfiou um passe magistral para Angeliño pela esquerda. Ele cruzou na entrada da área para Adams, que dominou com liberdade e bateu. A bola desviou em Savic e ”matou” o goleiro Oblak.

Consagrado com uma organização defensiva forte e uma equipe voltada aos contra-ataques, Diego Simeone mostrou mais uma vez que precisa desenvolver a sua equipe para contextos diferentes. Seja de uma forma geral ou momentos específicos dos jogos. Faltou coragem ao Atlético de Madrid, algo que sobrou ao Leipzig.

A ficha do jogo com os detalhes da partida e as notas dos jogadores
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