Automobilismo

Análise: Sebastian Vettel se aposenta da F1, mas entra para a história

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Divulgação/F1
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Nos novos tempos do automobilismo, há quem diga que nomes como Niki Lauda, Ayrton Senna, Alain Prost e Michael Schumacher são incomparáveis – e são. Cada um marcou a Fórmula 1 à sua maneira, mas é impossível não reconhecer a influência dos “novos” nomes do esporte, que já estão de entrada para o hall das lendas.

Após anunciar a aposentadoria na semana entre o GP da França e o da Hungria, Sebastian Vettel deixa as pistas mas segue na história e no coração dos apaixonados por automobilismo. Tetracampeão consecutivo, ainda o piloto mais novo a vencer um Grande Prêmio e a conquistar um Campeonato Mundial, presente em 122 pódios e dono de 53 vitórias – os números do piloto alemão não mentem, mas são pouco para se falar de uma figura tão importante e tão humana.

Assim como foi dito no vídeo em que anuncia a aposentadoria, Sebastian Vettel é muito mais do que um piloto de Fórmula 1. Se aproveitando de seus privilégios da melhor forma possível, e ao lado de Lewis Hamilton, o alemão se tornou um dos maiores ativistas da história de um esporte tão elitista e isento.

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No último GP da Hungria, Vettel apareceu trajado com acessórios marcados pelas cores do arco-íris, uma ação simples mas marcante, em protesto à aprovação de leis anti-LGBTQIA+ no país. No capacete também personalizado com as cores da bandeira, o piloto trazia a frase “mudar o mundo de gole em gole”, parte de uma ação em parceria com a patrocinadora BWT – empresa austríaca do ramo de filtros de água – pela diminuição do uso de embalagens plásticas e pelo acesso de todas as pessoas a água de qualidade.

Ações em defesa da comunidade LGBTQIA+ também aconteceram em outros países com leis contra a homossexualidade. Ainda, o piloto defende que as corridas continuem acontecendo nestes países “Nós poderíamos nos negar a correr lá – mas e aí? Se não corrermos não temos o poder para fazer a diferença. Correndo nestes países e defendendo o que é importante de forma educada, mas firme, nós podemos ter um impacto positivo. Valores e princípios não podem ser parados por fronteiras”, afirmou em entrevista à revista gay Attitude.

Pela diversidade no esporte, o alemão foi o responsável por promover uma corrida de kart para mulheres na Arábia Saudita, país onde elas eram proibidas de dirigir até 2018. Durante o GP de Jedá, Vettel correu com um capacete com a inscrição “#Race4Women” – Corra pelas mulheres, em português.

Com a intensificação do movimento Black Lives Matter, Vettel foi um dos primeiros pilotos a apoiar o movimento publicamente – e a se ajoelhar durante o protesto. Ainda, como presidente da associação dos pilotos, o alemão foi um dos responsáveis por cobrar a organização de protestos antirracistas antes das corridas.

Em sua defesa pela sustentabilidade, Vettel reconhece a hipocrisia em correr na F1, que está longe de ser um esporte sustentável. Mesmo assim, o piloto mudou seu estilo de vida e continua dando seu recado dentro e fora das pistas. Um dos projetos recentes é o BioBienenApfel, de proteção às abelhas, do qual o alemão é embaixador.

Além de sua defesa por aqueles que estão além do paddock, Vettel também se tornou um fiel defensor dos pilotos. Em apoio ao protesto de Lewis Hamilton pela proibição imposta pela Federação Internacional do Automobilismo (FIA) sobre uso de jóias de pilotos, o alemão surgiu pelo paddock vestindo uma cueca por cima do macacão.

Completando 15 anos na Fórmula 1, é fato que os feitos de Vettel definitivamente não cabem em um simples texto. Em seu anúncio, o alemão afirmou que as marcas que deixou na pista “vão permanecer até que o tempo as leve embora”, mas ouso dizer que não há tempo que apague esse talento singular e esse amor pela humanidade.

De volta às palavras do piloto alemão mais uma vez, “ainda há uma corrida para vencer”, onde quer que seja. Sebastian Vettel encerra sua carreira em seu 300º Grande Prêmio, em Abu Dhabi, em novembro.

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