Outro lado

Após viralizar, Daniel ‘Fala Fino’ conta como foi a primeira viagem de avião: ‘Fiquei emocionado, me senti importante’

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O brilho nos olhos do atacante Daniel, do Volta Redonda, minutos antes de sua primeira viagem de avião, ganhou as redes sociais no último sábado. No vídeo divulgado no perfil oficial do Voltaço no Twitter, o ‘Fala Fino’, como é conhecido no futebol, não conseguiu esconder o misto de ansiedade e emoção enquanto aguardava em frente a um dos portões do Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, para embarcar na aeronave que levaria ele e os companheiros a Porto Alegre, para o jogo contra o São José – pela Série C do Campeonato Brasileiro.

– Eu fiquei muito feliz, né? Foi a primeira vez que eu andei (de avião). Com a delegação de futebol, fiquei feliz mais ainda. Todo mundo me olhando, olhando para os jogadores. Me senti importante! E também fiquei meio nervoso, bateu um frio na barriga. Aí lá em cima, o ouvido ficou tipo dando uma, uma zunida, tipo um “zzz” (som de zumbido). Doeu um pouquinho. Fiquei emocionado, fiquei muito feliz – contou o jogador de 25 anos ao Esporte News Mundo.

A primeira viagem de avião, no entanto, não se trata apenas do voo, mas de toda a cerimônia. Até as torneiras dos banheiros do Aeroporto do Galeão foram novidade para Daniel, que como de costume, arrancou gargalhadas dos companheiros.

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– Eu botei a mão assim, achando que a água caía se botasse a mão, pelo sensor, do lado. Os moleques me filmaram, fiquei sem graça – disse com bom humor.

Dentro da aeronave, sofreu com mais brincadeiras, claro. Não fez grandes pedidos ao serviço de bordo. Pegou “só uma água e um biscotinho na saída”, conta. Permaneceu tranquilo até o pouso:

– O avião vem em velocidade, né? Quando bate no chão dá aquela tremedeira. Aí fiquei como? Fiquei um pouco com medo, mas graças a Deus deu tudo certo.

Ainda no sábado, o Volta Redonda fez o reconhecimento do gramado sintético do Estádio Francisco Noveletto. No domingo, venceu o São José por 2 a 0, com dois gols de Saulo Mineiro. Com o resultado, o Voltaço manteve a invencibilidade, chegou à terceira vitória em quatro jogos, e abriu distância na liderança do Grupo B, com 10 pontos. Daniel ‘Fala Fino’ entrou faltando poucos minutos, mas foi destaque na comemoração após o jogo, no hotel onde a equipe ficou hospedada.

Com a vitória fora de casa e passado o nervosismo da primeira vez, o retorno do jogador ao Rio de Janeiro, também de avião, foi sem grandes emoções.

– A volta eu fiquei mais tranquilo, porque não foi a primeira vez, né? Fiquei já tranquilo. Já não deu mais o frio da barriga direito, só mais para subir e para descer que dá um nervosismo – descreveu o jogador, que agora já experiente nos ares, fez um balanço da experiência:

“É muito bom andar de avião, só dá um nervosismo mesmo, um frio na barriga. Mas quando o avião sobe é tranquilo, você lá de cima vê as coisas em baixo, o mar, as casas. Você fica muito feliz.”

Daniel “Fala Fino”

LUXO PARA POUCOS

A emoção de Daniel, que tanto repercutiu é, na verdade, o retrato da maior parte dos jogadores de futebol do Brasil. As constantes viagens fretadas por diversas regiões do país são rotina de uma classe privilegiada, das primeiras divisões, aonde a minoria dos atletas profissionais consegue chegar.

O futebol brasileiro é composto por 360.291 atletas, entre amadores e profissionais registrados e entre jogadores em atividade ou não. Deste total, 88 mil são profissionais, o que corresponde a 24,4% do montante, e 11,6 mil (3,2%) tiveram contratos ativos na temporada 2019. Destes, 55% ganham até 1 mil reais, e 33% de 1.001 a 5 mil reais. Os dados foram levantados pela auditoria Ernst & Young (EY), encomendados pela CBF.

E apesar da simples realidade de Daniel , morador do complexo de favelas do Caju, o jogador, depois do último fim de semana, já saltou à frente da maioria dos brasileiros quando o assunto é viagens aéreas. Associação Brasileira das Operadoras de Viagens (Braztoa), cerca de 83% dos brasileiros nunca viajaram de avião, ou viajaram apenas uma vez.

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