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As lições deixadas por Jorge Jesus no futebol brasileiro

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Foto: Alexandre Vidal / Flamengo
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O que tanto se especulou nos últimos 30 dias finalmente aconteceu: Jorge Jesus decidiu aceitar a proposta do Benfica e retornar a Portugal. Após 57 jogos, 43 vitórias, 10 empates e apenas 4 derrotas, a era Jesus chegou ao fim no Flamengo. O sucesso foi tanto, que o português deixa o clube com mais títulos (cinco) do que derrotas (quatro).

O Mister fez história no futebol brasileiro, em tão pouco tempo derrubou conceitos que os antiquados treinadores tupiniquins tanto defendiam, mostrou que o futebol pode (e deve) aliar jogo bonito com resultado e ofensividade. O Esporte News Mundo cita algumas lições deixadas pelo português.

Vantagem no placar não significa retranca

Quantas vezes não vimos essa cena no futebol brasileiro: Um determinado time vencendo e com 35, 40 minutos do segundo tempo, o treinador coloca um volante no lugar de um jogador de ataque para segurar o resultado? Ou mesmo sem mexer, a equipe passava mais da metade do segundo tempo jogando com os 11 atrás da linha da bola?

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Jorge Jesus não era adepto dessa tática, por diversas vezes o Mister estava vencendo as partidas e continuava jogando para frente, com ofensividade e sem tirar o pé do acelerador. Ok, o elenco do Flamengo tem muitos jogadores de nível, mas esse pensamento é um estilo de jogo e treinadores como Fernando Diniz já foram muito criticados por pensarem igual e tentarem fazer o mesmo com equipes menos qualificadas.

TIME RESERVA? POUPAR JOGADOR?

Jorge Jesus não era adepto da estratégia de escalar times reservas, a não ser claro, em casos de lesão/suspensão. Durante a sequência pesada de jogos do Brasileiro e Libertadores em 2019, Jesus ia até o limite com os 11 que considerava ideal. Diferente de treinadores como Renato Gaúcho, que em alguns jogos até mesmo se poupa, o Mister gosta de manter o time principal ativo.

Claro que não é uma decisão unicamente do treinador, a estratégia também passa por departamento médico, fisiologistas e grande parte da comissão, porém a idéia que o Mister gostava e de manter os jogadores ativos, como ele mesmo disse ano passado antes de um FlaxFlu: “Descansar? isso não existe. Vamos descansar nos dias que temos. Quinta, sexta, sábado. Domingo é pra correr”.

O abraço de despedida em Gabriel Barbosa

Foto: Alexandre Vidal/ Flamengo

O (baixo) nível técnico dos treinador brasileiros

Jorge Jesus não é do primeiro escalão dos treinadores europeus, talvez nem do segundo. Mesmo com os títulos ganhos em 2019, nunca chegou sequer a ser considerado uma opção entre os principais times do velho continente. Times como Barcelona, Real Madrid, Manchester City, Manchester United dificilmente o contratariam para um projeto.

E mesmo assim, Jorge Jesus atropelou os treinadores brasileiros. Foi campeão brasileiro com 90 pontos conquistados, 16 á frente do vice-campeão Santos (também treinado por um estrangeiro), das quatro derrotas que teve no comando do time rubro-negro, apenas uma foi para treinador brasileiro (Roger Machado). Emelec, Santos e Liverpool eram comandados por estrangeiros.

Quando enfrentou Renato Gaúcho, então melhor treinador brasileiro, pela semifinal da Libertadores, empatou o primeiro jogo por 1×1 e em seguida aplicou um inapelável 5×0. Além disso, venceu também os dois jogos pelo Campeonato Brasileiro: 3×1 e 1×0.

O Mister sendo jogado pro alto pelos jogadores na comemoração do título carioca

Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

Treinador durão também pode ser querido pelos jogadores

Criou-se um mito no futebol brasileiro do treinador “durão”, aqueles que dizem que “grita em vestiário”. Esse treinador quando é demitido, é imediatamente substituído por um de perfil oposto, geralmente nesse tempo, surgem notícias e matérias falando de “rachas” no elenco e no vestiário.

Jorge Jesus quebrou mais esse mito. Suas broncas homéricas em jogadores como Willian Arão se tornaram memes, seu jeito enérgico a beira do campo era comentado e visado em todo jogo e mesmo assim, o Mister era querido pelos jogadores. Atletas como Gabriel Barbosa, Gérson, e os capitães do elenco Diego Alves, Diego Ribas e Everton Ribeiro reconheciam e sabiam respeitar o jeito intempestivo do seu treinador.

O técnico português sabia impor a sua liderança e ao mesmo tempo trazer o elenco para perto dele, formar um time e uma equipe unida. Os jogadores enxergavam nele um comandante que era enérgico, mas que possuía o conhecimento de futebol que poderia guiá-los as grandes conquistas.

A passagem de Jorge Jesus pelo Brasil foi rápida, porém deixou muitas lições. Agora cabe ao Flamengo e ao futebol brasileiro mostrarem que aprenderam (ou não).

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