Campeonato Mineiro
Campeonato Mineiro é marcado por casos de Justiça nas três divisões em 2022
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A temporada em Minas Gerais foi marcada por um recorde de clubes participantes nos três escalões do Campeonato Mineiro, com um total de 47 times. As disputas dentro das quatro linhas nos mostraram novas histórias sendo escritas, como novos clubes que irão estrear na quarta divisão nacional, retorno de equipes tradicionais à elite do Estadual, e outros com modelos de clube-empresa que estão em ascensão.
Não bastou somente o resultado em campo para que as histórias acabassem, as diversas interpretações sobre o regulamento das competições e possíveis irregularidades levaram as disputas para outro cenário e prolongaram as “festividades” dos acessos aos tribunais.
Com as divergências protagonizadas, em todos os julgamentos realizados com relação à possíveis “interferências” nos resultados, aqueles que buscaram a justiça sempre saíram derrotados, os tribunais deram razão para as interpretações levantadas pela FMF – Federação Mineira de Futebol e prevalecendo os resultados.
Confira detalhes sobre cada caso:
Módulo I: Villa Nova x Democrata/GV
A classificação para o Campeonato Brasileiro Série D é definida aos três melhores clubes do Campeonato Mineiro que estão fora das séries A, B e C, ou seja, sem nenhuma garantia de divisão nacional no ano seguinte à edição do Estadual. Tradicionalmente, a decisão já era definida na Primeira fase pela posição final dos clubes, pelo menos até a criação do Troféu Inconfidência (torneio aos clubes que ficaram do 5º até o 8º lugar).
O Villa Nova havia finalizado a fase classificatória do Campeonato Mineiro na 6ª colocação, ficando como o terceiro melhor sem divisão em 2023. O clube chegou a celebrar a volta para a Série D após garantir este cenário contra a Patrocinense na penúltima rodada. Caldense e Athletic já haviam garantido a vaga para o Brasileiro como semifinalistas do campeonato.
Na disputa do Troféu Inconfidência, o Leão do Bonfim foi eliminado para o Democrata-GV, que também estava sem divisão no ano seguinte, e logo após a eliminação, surgiu a notícia, por parte da Federação Mineira, que a Pantera de Governador Valadares havia garantido a vaga na Série D. A justificativa se baseia pela equipe ter conquistado a posição, como o terceiro colocado sem divisão, por ser finalista da taça, iniciando assim a divergência entre os clubes, e a briga do Villa contra a Federação Mineira.
O Leão contestou que o regulamento não estava claro de que o Troféu Inconfidência interferia na classificação final do Campeonato Mineiro, principalmente na definição dos indicados para a Série D, que seriam definidos no final da fase classificatória do Mineiro. E, assim, o Villa conseguiu suspender a tabela final homologada pela FMF no Tribunal de Justiça de Minas Gerais – TJD/MG até que se julgasse a procedência da interpretação.
Mesmo com a Procuradoria-geral apresentando um relatório favorável, o Villa foi derrotado na primeira instância e recorreu ao STJD no Rio de Janeiro. Essa ação da equipe de Nova Lima ocasionou em mais uma perda nos tribunais, o que não mudou na classificação do Democrata, que disputará a quarta divisão nacional pela primeira vez.
Módulo II: Betim x Ipatinga
O acesso à elite do Mineiro foi decidido na última rodada da fase Hexagonal Final por três equipes. O Ipatinga retornou ao Módulo I após anos de tentativas junto ao Democrata de Sete Lagoas, enquanto o Betim Futebol, clube “recém-nascido” no profissional, ficou de fora do G2 por um ponto somente.
Com a permanência por mais um ano no Módulo II, os Gladiadores da região metropolitana fizeram denúncia por duas vezes aos tribunais contra o Ipatinga para tentar o acesso após o fim do torneio.
A primeira acusou o Tigre de terem inscrito jogadores irregularmente, com falta de assinaturas da carteira de trabalho no vínculo dos atletas, mas o TJD/MG não acatou a denúncia por “ser competência de outro órgão”. Em seguida, o Betim voltou a apresentar novas acusações de irregularidade dos atletas, dizendo que o Ipatinga teria falsificado as assinaturas de todos os jogadores na carteira, sendo esta acolhida na justiça desportiva e dando início às apurações.
Os membros do Pleno formaram maioria favorável ao Tigre, não reconhecendo as acusações apresentadas e reforçando que, mesmo que a análise seja de responsabilidade da Comissão Nacional de Resoluções Desportivas (CRND), não está previsto a punição desejada.
Não foi a primeira vez que o Betim tentou contestar uma classificação, o outro caso também ocorreu no Módulo II de 2021. Na ocasião, o time acusou a FMF de não aplicar devidamente a punição por atraso nos pagamentos das taxas de arbitragem pelos participantes, contestando possível vaga para a Quadrangular Final, mas a ocorrência não teve andamento.
Segunda Divisão: Valeriodoce x Itabirito
A mais recente ocorreu na Segundona Mineira, correspondente à terceira divisão. A competição concede duas vagas para o Módulo II aos clubes finalistas da fase mata-mata (precisamente ao Campeão e Vice), mas um cenário na competição poderia dar o acesso a um clube sem necessariamente chegar a grande final, e que acabou ocorrendo com o desenrolar da disputa.
O Coimbra Sports de Contagem, mesmo com o rebaixamento do Módulo II para a Segundona em 2022, decidiu colocar um Time “B” na disputa logo em seguida para última divisão. No entanto, o regulamento não prevê acesso a equipe que já tivesse disputado alguma das divisões acima no ano e ingressado com um time alternativo, o que repassaria a vaga ao terceiro Colocado.
Antes mesmo do Itabirito, clube recém fundado com o modelo de SAF, enfrentar o Coimbra B na semifinal e ser eliminado pela Águia, a Federação Mineira concretizou o acesso ao Itabirito, por ter tido a melhor campanha dentre os semifinalistas na fase de grupos. Ou seja, com garantia do terceiro lugar e independente do ocorrido nas duas chaves, que também contaria com o duelo entre Valeriodoce x North.
O tradicional Valeriodoce acabou perdendo o acesso para o North, mas questionou sobre a definição da terceira posição e reivindicou no TJD/MG em mais um processo de interpretação.
Para o Valerio, o Artigo 8 do regulamento não deixa claro que a classificação da primeira fase seria considerada em todas as fases, mas somente para definição de confrontos, e o clube “teria terminado à frente do Itabirito na classificação das semifinais”.
Por unanimidade, o Tribunal entendeu a classificação final como válida considerando a primeira fase, mantendo assim, o acesso do gato da Grande BH. O Valeriodoce poderá recorrer ao STJD, mas os custos são altos e o clube ainda avalia a possibilidade.