São Paulo

Ceni é o principal culpado? Confira alguns fatores que explicam o momento do São Paulo

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Foto: Paulo Pinto / saopaulofc
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Desde a eliminação no Paulistão para o finalista Água Santa, nas quartas de final, no dia 13 de março, o São Paulo está sem jogar e foca na preparação para os demais campeonatos que tem pela frente. Porém, o ambiente no clube não é dos melhores, principalmente após a cobrança ríspida do técnico Rogério Ceni no atacante Marcos Paulo, por postagens nas redes sociais do atacante que foram entendidas como críticas ao treinador.

A situação caiu como uma bomba nos bastidores e alguns líderes do elenco levaram esse sentimento de insatisfação para a diretoria, pois se incomodaram com a conduta de Ceni. O técnico tem total respaldo na cúpula do São Paulo e, por enquanto, não corre risco de demissão. Mas grande parte da torcida são-paulina o considera como principal responsável pelos maus resultados do time desde o ano passado.

Rogério Ceni retornou ao Tricolor para sua segunda passagem como técnico em outubro de 2021. Desde então, são 47 vitórias, 27 empates e 28 derrotas. Com ele, o São Paulo se salvou do rebaixamento na penúltima rodada do Brasileirão no mesmo ano e chegou às finais do Paulistão e da Sul-Americana em 2022, perdendo para Palmeiras e Independiente Del Valle (EQU), respectivamente.

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Além das frustrações em momentos decisivos e o histórico de desentendimento com jogadores, existem outros fatores que ajudam a entender porque Ceni não tem no comando técnico o mesmo sucesso que teve como goleiro no clube onde é considerado o maior ídolo. Confira alguns deles na sequência:

Muitas lesões: Em 2022, jogadores considerados titulares e importantes se lesionaram e ficaram um longo tempo longe dos gramados, como o zagueiro Arboleda e o volante Gabriel Neves, o que forçou mudanças no esquema tático em momentos chave das competições. Considerando apenas este início de 2023, foram 22 atletas com lesões ou dores. Peças fundamentais como Galoppo, Calleri, Arboleda, Ferraresi, Igor Vinícius, Welington e David não escaparam das contusões e alguns deles correm risco de não jogarem mais na temporada. Por falta de opções, muitos atletas atuaram fora da posição habitual, como Galoppo mais adiantado e Luciano mais recuado, e alguns talentos da base jogaram entre os profissionais pela primeira vez, como o jovem Nathan, que voltou de empréstimo do Coritiba às pressas para assumir a lateral-direita, pois todos os outros atletas da função estavam lesionados.

Departamento Médico defasado: Durante décadas, o São Paulo foi a principal referência no Brasil em tratamento de lesões, com um Departamento Médico completo e invejável. Porém, nos últimos anos, o número de contusões aumentou exponencialmente e, quase sempre, o tratamento convencional não resolve e pode até agravar o problema, como nos casos de Luan e Diego Costa, que voltaram a jogar e se lesionaram novamente, precisando de cirurgia e um longo tempo de recuperação. Para mudar esse cenário, o São Paulo lançou recentemente o Reffis Plus (um centro de recuperação modernizado) e anunciou mudanças no setor, como a demissão do médico Tadeu Moreno e a promoção do Doutor André Sanchez para coordenador médico de transição.

Crise financeira: Os gastos feitos por gestões anteriores deixaram o São Paulo com uma dívida que gira em torno dos R$ 600 milhões, o que impossibilita os atuais mandatários de cometerem loucuras financeiras. A maior parte da arrecadação das vendas de produtos, ingressos para jogos, programa Sócio-Torcedor e outras mais é usada para diminuir esse valor, impedindo grandes investimentos na melhoria da infraestrutura e em jogadores que se destacam nos grandes times do futebol nacional ou internacional. A situação é tão complexa que um atleta como Wellington Rato, que custou R$ 5 milhões, está sendo pago de forma parcelada, sendo que já houve um atraso no pagamento. Os demais reforços chegaram por empréstimo ou por valores mais acessíveis.

Impaciência do Torcedor: Nos últimos anos, o torcedor são-paulino viveu momentos difíceis com eliminações vexatórias, crises políticas e financeiras, perdas de títulos na reta final dos campeonatos e trocas constantes de comissão técnica. Quase sempre, o culpado escolhido pela torcida e até pela diretoria nos piores momentos era o treinador. Desde 2013, foram 19 técnicos diferentes, contando interinos. Rogério Ceni é o mais longevo desde Muricy Ramalho (2013 – 2015). Além disso, alguns jogadores do time atual também se tornaram alvo de fortes críticas, como Rodrigo Nestor, que chegou a discutir com um torcedor na saída para o intervalo do jogo contra o Água Santa. Esse clima de pressão constante e cobrança por resultados imediatos, mesmo diante do cenário de crise interna que o São Paulo vive hoje, também traz instabilidade no trabalho do treinador, dos jogadores e da diretoria.

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