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Com meta de fazer mais de 100 gols após os 30 anos, Lucão do Break se diz no melhor momento da carreira
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Após terminar a temporada 2021 em grande estilo, o atacante Lucão do Break começou 2022 da melhor maneira possível. Autor de golaços e destaque no Guarani, o jogador nem sempre esteve em sua melhor fase. Nascido e criado em Planaltina-DF, o atleta precisou superar diversos desafios para alcançar o status que possui hoje. Em entrevista exclusiva para o Esporte News Mundo, Lucão abriu o coração, agradeceu seu tio pelo apoio no início de carreira e estipulou uma meta um tanto quanto ousada: “tenho um objetivo de fazer 100 gols depois dos 30 anos”.
Uma das principais dificuldades que o atual camisa 11 do Guarani encontrava e que foi solucionada pelo seu tio era a distância entre sua casa e os campos onde jogava: “Essa trajetória foi suada, conheço Brasília de ponta a ponta. Meu tio me incentivava e me levava nos treinos. Os lugares eram distantes. Eu morava em Planaltina e treinava em Brazlândia. Ele me apoiou e praticamente me criou, é um pai para mim. Se não fosse ele, eu tenho plena convicção que não estaria aqui hoje”.
A paixão pela bola começou cedo no coração do menino Lucas, e isso fez com que ele se dedicasse intensamente, desde criança, em fazer o que mais gosta: “Eu amo futebol desde pequeno, sou apaixonado. Tive uma infância muito ativa, brincava muito, mas o futebol era o que me prendia. Sempre queria estar jogando, todo final de semana, de manhã de tarde… Onde me chamavam, eu ia, joguei em tudo quanto é lugar. Quando eu era pequeno já me sentia um jogador, eu não me via em outra vida. Sabia que era muito difícil, mas estava disposto a passar pelo que fosse necessário para conseguir.”
Outra pedra no sapato do vice-artilheiro da Série B de 2018 era de conseguir ser aprovado em algum clube. Para isso, ele achava necessário mudar de cidade e ir par algum centro com mais possibilidades de atingir seu objetivo: “A maioria dos colegas saía para fazer teste, eu ficava em Brasília e as coisas não aconteciam para mim. Ficava com medo de não ter uma oportunidade. Na minha infância, por incrível que pareça, nunca pensei em desistir, pelo contrário. Tinha vontade de sair de Brasília e fazer teste em algum lugar, meu tio tentava de todas maneiras possíveis. Desde que saí da capital pela primeira vez, nunca mais voltei”.
Após ter conseguido o objetivo de se profissionalizar, as adversidades não pararam e ele não conseguia se firmar em nenhum clube: “Teve uma fase que fiquei bem triste. Tive um começo de carreira brilhante, mas caminhei sozinho e algumas vezes me perdi pela má assessoria que tinha na época. Tive uma carreira fora do país, depois voltei para o Brasil do zero. Comecei a rodar em alguns times e pensei em parar, não estava legal. Não estava chegando onde eu queria, mas na hora H eu não consegui desistir”.
No entanto, o fascínio pelo esporte mais popular do planeta mais uma vez foi determinante para que o centroavante do Bugre seguisse em frente: “Antes de ir para o Criciúma eu queria parar, mas pensei em fazer mais um campeonato à vera, da mesma forma que eu agia quando era adolescente. Foi me desgastando jogar em clubes pequenos e não receber. Pensei comigo em fazer de verdade e que se desse errado não teria culpado, se tiver serei eu. Em 2016 foquei muito, e em 2017 fui bem. Consegui voltar a me sentir como hoje, renovado. De ali em diante mentalizei isso. O amor que me move e me fez dar a virada”.
Outro personagem significativo nesta história é um amigo do jogador, dos tempos de adolescente, com quem ele mantém contato direto até hoje, e eles têm uma coisa importante em comum: “Tenho um colega que é um irmão para mim e participou de um processo na minha vida, o Bernardo. Ele também é um amante do futebol igual a mim. Ano passado estivemos junto antes de um jogo. Eu estava no banco na época, e sempre falamos que o futebol é dinâmico, alguns minutos de um jogo podem mudar sua história. Naquele dia eu fiz dois gols, mas um foi invalidado. O VAR deu um problema, justo na minha vez até isso acontece”, disse em tom de brincadeira.
Antes de engrenar no futebol brasileiro, o atacante candango teve uma breve passagem pelo futebol japonês em 2012, no Shonan Bellmare. O fã de hip hop recorda como foi a experiência de viver em um país onde se fala uma língua desconhecida: “Sempre tem histórias engraçadas. Como eu gosto da resenha, fiz muita amizade lá com alguns japoneses. Eu praticamente morava com eles, ia na casa dos caras e eles me ensinavam a falar. Assim como nós brasileiros gostamos de zoar, eles fazem o mesmo, me colocavam para falar besteira em japonês e eu não sabia o que era. Cheguei lá cru, não sabia falar nem inglês. Como eu gostava de estar brincando acabei começando a entender rápido, eles me passavam bastante trote”, relembra.
Lucão do Break é acostumado a fazer gols em estreias e em jogos importantes. Em 2017, pelo Criciúma, fez gol no Internacional de Porto Alegre. Pelo Guarani, balançou as redes em sua primeira partida, contra o Operário, e pela Série B 2021 também deixou sua marca contra Vasco e Botafogo. Além de ter feito o primeiro gol nesta temporada do alviverde, e contra o São Paulo. Ele explicou qual o segredo: “Graças a Deus eu tenho estrela nesses jogos de estreia, nos clubes onde passei sempre tive a felicidade de estrear com gols. Eu brinco que gosto desses jogos grandes, eu fico muito atento durante o jogo, vivo muito o momento e acredito muito. Esses jogos são decididos no detalhe, venho conseguindo estar aparecendo nesses jogos muito por causa disso. A gente trabalha a vida inteira pra jogar esses grandes jogos.”
O sobrinho do tio Tonho é um atleta acostumado a disputar a Série B do Brasileirão há algumas temporadas, e a expectativa é de levar o Guarani de volta à elite depois de 11 anos. Para isso, quer seguir balançando o barbante: “Esse ano venho com ambições. Quero fazer bastante gol ajudar o Guarani da melhor forma que eu sei fazer que é com gols e raça. Quero ter uma sequência não somente no Brasileirão mas desde agora, quando chegar no Campeonato Brasileiro vou estar bem para buscar a artilharia e consequentemente brigar pelo acesso. No ano passado foi por pouco. Não tive uma grande sequência mas na reta final tive um bom momento e quase conseguimos nosso sonho. Esse ano é o que mais estou motivado na carreira, venho tendo maturidade e sonhando muito. Hoje em dia tenho jogado e tido lucidez no jogo, algo de mim que nunca tirei na carreira. Ao ficar mais velho a gente consegue tomar melhores decisões.”
Ídolo e inspiração no futebol
Todo jogador tem seu ídolo de infância e sua inspiração, com o camisa 11 do Guarani não é diferente. Ele citou vários esportistas que o inspiram, e revelou que também homenageia um ex-craque do futebol mundial em suas comemorações: “Gosto muito do Ibrahimovic, me espelho bastante nele porque tenho muita mobilidade e elasticidade, consigo recuperar algumas bolas, também pelo Break, ele me traz isso. Eu brinco com meu empresário e a minha esposa, antes dos jogos eu falo que vou ser o Lukaku, aí no outro eu digo que sou o Ibra, Benzema… tenho falado também que sou o Vlahovic (atacante sérvio que se transferiu da Fiorentina para a Juventus). São caras que procuro estar olhando antes de jogar, vejo os vídeos de gols e das movimentações. O Ronaldo Fenômeno para mim não tem igual, é outro nível de jogador. E tem também o Didier Drogba, esse sou fã demais, faço também a comemoração dele, é o mito dos mitos para mim.”
O Guarani e Lucão do Break voltam a campo nesta quarta-feira (09), às 21:30 (de Brasília), contra o Botafogo-SP, no Brinco de Ouro. Com o empate contra o Santos na última rodada e a vitória da Inter de Limeira, o time campineiro caiu para a terceira colocação no grupo A e precisa voltar a vencer no campeonato.