Internacional
Contra o Belgrano, Inter abre peregrinação que o fará percorrer até 16 mil km
Sem as estruturas do Beira-Rio e CT Parque Gigante, Colorado terá o deslocamento e as viagens como um dos seus principais adversários no retorno ao futebol.
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O Internacional volta a disputar uma partida nesta terça-feira (28) diante do Belgrano, às 21h30, pela Copa Sul-Americana. Os gaúchos receberão o time argentino na Arena Barueri, a 72 km de Itu, onde a equipe realiza intertemporada em um resort. O duelo marca o retorno do time gaúcho ao futebol 30 dias após a realização de sua última partida no empate por 1 a 1 contra o Atlético-GO, pelo Campeonato Brasileiro.
De lá para cá, os comandados de Eduardo Coudet enfrentaram um verdadeiro drama com as fortes chuvas e enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul e a capital Porto Alegre. O aeroporto Salgado Filho foi tomado pela água e segue inoperante, sem previsão de reabertura, os voos estão sendo deslocados para Canoas.
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Não bastasse isso, as dependências do clube foram atingidas e tanto o estádio Beira-Rio como o CT Parque Gigante sofreram danos estruturais que impedem com que os atletas possam treinar e mandar suas partidas. Por conta do cenário apoteótico na capital gaúcha, o Inter viverá uma verdadeira peregrinação nos seus próximos duelos, onde atuará em seis locais diferentes, percorrendo, em 20 dias, cerca de 14.938 km no cenário mais otimista e a depender da logística que os dirigentes optarem em fazer após partida na Bolívia.
Após encarar os argentinos, o Colorado vai voltar para o hotel, local onde o clube ficará até o próximo dia 31. De lá, o time gaúcho vai se deslocar 55 km até Campinas e pegará um voo para enfrentar o Cuiabá no dia seguinte, na Arena Pantanal, pelo Brasileiro. Três dias depois, o Colorado duela com o Real Tomayapo, em Tarija.
No entanto, antes do confronto pela Sul-Americana, a equipe retornará ao resort em São Paulo, resultando em um novo deslocamento de 1.440 km entre a capital do Mato Grosso e Campinas, antes de, enfim, partir para a Bolívia. A distância do interior de São Paulo ao interior boliviano é de 2.262 km. A partir daí não há indefinição sobre a logística da equipe. A comissão técnica avalia se permanecerá em Itu ou se retornará para o Rio Grande do Sul.
Caso optem pela segunda opção, o Centro de Treinamentos Morada dos Quero-Queros, utilizado pelas categorias de base, será sede do time enquanto o Parque Gigante passa por reformas. Desta forma, a equipe sairia de Alvorada para se deslocar até a Serra, superando uma distância de 156 km. Em Caxias do Sul, o Inter receberá o Delfín pela Sul-Americana.
Em seguida, retornará para se preparar para o confronto com o São Paulo, que ocorrerá no dia 13 de junho, no Heriberto Hülse, em Criciúma, 273 km da base colorada. O time pode optar por fazer parte desse trajeto de avião. Neste caso, sairia da Base Aérea em Canoas com destino ao aeroporto de Jaguaruna, a 306 km de Criciúma, restando 48 km para completar o percurso de ônibus até a cidade..
No dia 16 de junho, o Inter encara o Vitória, no Barradão, em Salvador. Percurso que vai representar o maior deslocamento dessa sequência, uma viagem de 3.116 km a partir da região metropolitana de Porto Alegre. Caso optem por prolongar a estadia em Itu após o duelo na Bolívia, a distância total a ser percorrida irá aumentar para 16.022 km.
Segundo Flávia Magalhães, médica do esporte, especialista em gestão de saúde e performance de atletas, que atua com futebol há mais de 20 anos, o número de viagens excessivas pode ser prejudicial para o grupo de jogadores e afetar o rendimento dentro de campo. “Todos os fatores dessa rotina impactam nas questões hormonais (períodos sono-vigília). Horários de voos, muitas vezes nas madrugadas, com saídas sem descanso de sono devido, alimentação, hidratação e descanso”, observou. “Isso gera impacto na performance, com fadiga precoce, maior necessidade de ajustes ao relógio biológico individual, alterações no processo recuperativo, que é tão fundamental nos esportes de alto rendimento, e, pode levar a um maior risco de lesões”, completou.
Rodrigo Oliveira, professor da Universidade Federal do Ceará e especialista em fisioterapia esportiva e atividade física pela Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (SONAFE), também prevê consequências físicas em virtude do roteiro prolongado de viagens: “Uma sequência de jogos impõe uma dificuldade de recuperar plenamente os atletas. A rotina de duelos fora dos seus domínios, muitas vezes, impacta em processos como a qualidade do sono, alimentação, entre outros fatores, o que desgasta os jogadores ainda mais e aumenta o risco de lesão muscular e queda da performance. Por isso, a fisioterapia esportiva, com todos os recursos que dispõe, acaba tornando-se fundamental para acelerar esse processo de reabilitação e evitar perdas nas equipes”, analisa.