Por Dentro do Jogo
Diego Souza mais uma vez foi o ‘9’ que o Grêmio precisou
Diego Souza foi primordial para a vitória gremista na estreia contra o Fluminense pelo Brasileirão. Confira a análise completa do jogo feita pelo colunista Rodrigo Coutinho
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O Grêmio venceu o Fluminense por 1×0 em seu primeiro jogo após a saída de Everton. A vitória fez o Imortal estrear com o pé direito no Campeonato Brasileiro. Apesar de não ter criado tantas chances, o time apresentou volume ofensivo no 1º tempo, boa transição defensiva, e teve em Diego Souza um nome muito importante para furar o bloqueio feito pelo tricolor carioca. Já são nove gols em 13 jogos na temporada e um desempenho de centroavante que fez falta ao time nos últimos dois anos.
Renato Gaúcho não teve Jean Pyerre e Matheus Henrique, dois titulares importantes de seu meio-campo. Lucas Silva e o jovem Isaque foram os substitutos. Victor Ferraz seguiu fora na lateral-direita e Orejuela formou mais uma vez. No Fluminense, Odair Hellmann não pôde contar com Matheus Ferraz e Hudson. Luccas Claro e Yuri foram os escolhidos.
Sem Jean Pyerre, o Grêmio perdeu mais um jogador de articulação no centro do campo. Muitas vezes o camisa 21 recua na linha dos volantes e auxilia no momento de construção das jogadas. Isaque não tem essa característica. É um jogador mais voltado ao terço final, a atacar a área como fez no gol marcado por Diego Souza. Alisson então foi importante!
O ponta pela direita seguiu fazendo as flutuações para o centro que caracterizam o modelo de jogo gremista. Desta vez, porém, mais voltado a auxiliar Lucas Silva e Maicon. Como tem muita mobilidade, também chegava nas proximidades da área e carregou a bola na origem do gol da vitória.
O problema para o Grêmio no 1º tempo foi transformar o domínio territorial e o bom ritmo de circulação da bola no ataque em chances claras. O Fluminense defendeu bem a sua área na maioria dos lances, mas faltou um pouco mais de jogadas trabalhadas perto da área. Algo mais coletivo e menos aleatório.
A importância de Diego Souza entra neste ponto. Constantemente acionado em pivôs e na bola cruzada, incomodou demais a defesa do time carioca. Se impôs fisicamente e resolveu o problema para o Grêmio. No 2º tempo, numa realidade de contra-ataque, encaixou bons passes para Isaque e Pepê.
Pepê cresceu na 2ª etapa. Com mais espaço para correr, quase fez dois belos gols da entrada da área. No 1º tempo, com menos espaço, tomou algumas decisões erradas. Cortêz, Maicon, Orejuela, Darlan e Thaciano também fizeram um bom jogo. Lucas Silva foi mais discreto.
A parte defensiva do Tricolor funcionou muito bem. As transições foram rápidas, impedindo contra-ataques do Fluminense muitas vezes e, quando recuou o bloco de marcação no 2º tempo, manteve a intensidade de seus encaixes e sofreu muito pouco. Geromel e Kannemann estiveram dentro do alto nível que costumam apresentar.
Fluminense letárgico ofensivamente
A proposta do Tricolor carioca era reagir aos ataques gremistas com contragolpes. O problema foi conseguir realizar os desarmes numa faixa do campo que lhe possibilitasse essa estratégia. Geralmente desarmava muito perto de sua meta, e sofria com a boa transição defensiva do Grêmio. demorava a tirar a bola da zona da pressão e acionar Marcos Paulo ou Evanilson em profundidade.
Por mais que tenha finalizado com perigo duas vezes, Nenê acrescenta pouco nesse tipo de realidade. Não tem intensidade pra marcar e nem velocidade para contra-ataques. Odair precisa pensar numa solução em ocasiões desta natureza para o camisa 77. Mesmo assim, o Fluminense até foi eficiente dentro da sua proposta no 1º tempo.
Evanilson perdeu uma boa chance aos 21′ e Dodi tinha finalizado com perigo um pouco antes. O time conseguia defender bem a área até o gol de Diego Souza, não dava tantas chances assim ao Grêmio. Na 2ª etapa chegou a assustar com Michel Araújo no último minuto e com Nenê nos segundos iniciais, mas ficou bem nítida a dificuldade para construir jogadas contra defesas mais postadas.
O Grêmio recuou para explorar contra-ataques, se fechou na defesa, e a lentidão do time das Laranjeiras foi um tormento para seu torcedor. Por mais que Odair tenha colocado Michel Araujo, Fred e Wellington Silva para melhorar a capacidade ofensiva, faltou naturalidade nas movimentações, desenvoltura, velocidade de raciocínio e um padrão mais bem definido para atacar.
O nível de enfrentamento com o Grêmio não será a realidade do Fluminense na classificação do Brasileirão. A saída de Gilberto, a péssima fase de Egídio, a má forma física de Fred, além de alguns outros detalhes, atrapalham neste princípio de competição, mas será necessário Odair Hellmann fazer o time evoluir quando precisar propor o jogo.